Em uma manhã de agosto de 1973, dois assaltantes invadiram um banco em Estocolmo, Suécia. Após a chegada da polícia, resultando em uma considerável troca de tiros, tal dupla transformou em reféns, por seis dias, quatro pessoas que ali se encontravam.
Ao contrário do que se poderia imaginar, quando os policiais iniciaram suas estratégias visando à libertação dos reféns, esses recusaram ajuda, usaram seus próprios corpos como escudos para proteger os criminosos e, bem, o episódio ficou conhecido por Síndrome de Estocolmo - é a reação que leva pessoas mantidas presas a emular seus malfeitores e de oprimido passa a demonstrar admiração pelo seu opressor.
Estamos vivendo sobre o efeito dessa síndrome em Araripina. Não se faz, não se constrói, não se discute, não se deixa falar e a cada dia adeptos anestesiados por esse sentimento são sequestrados psicologicamente para serem fiéis e escudeiros de um governo atrasado mais que tem usado a mídia como meio de encantar a população. Tem conseguido...
O que chamamos de jovens lideranças políticas, são fracos, desprovidos de raciocínio intelectual e sem discernimento para um propósito que pode transformar a sua geração sem precisar refestelar-se nas trincheiras do poder, como se dissesse eu desisto: o imã do poder foi mais forte.
Como são presas dóceis, são iludidos facilmente e sem precisar gastar um bom português, não precisa amendrontá-los, basta manobrá-los com as ofertas e vantagens que logo eles virão com o pretexto: “fiz isso por acreditar nesse governo” (já ouvi isso antes) e eles se tornarão escravos e capachos do efeito da síndrome epidêmica.
Pobre deste país, se depender desse tipo de líder. Está lascado.
Não se discute democraticamente as condições caóticas da nossa cidade porque pessoas acreditam que temos um governo sério, nas mãos de um administrador de visão, que tem o pensamento voltado para o povo, bom homem e bem educado. Desses o Brasil está cheio.
De repente me veio à mente outro homem que tinha as mesmas credenciais e era admirado por todo empresariado e empreendedor. Virou capa das revistas de publicações nacionais e internacionais, foi imitado, admirado e espelhado. Eike Batista então o oitavo homem mais rico do mundo segundo a Revista Forbes, o idealista, o empresário de sucesso, virou uma farsa e levou todo o seu império de ações fictícias a bancarrota, mas antes tinha enganado o povo brasileiro com a ajuda de alguns políticos trambiqueiros deste país.
Parafraseando uma ilustre mandatária: “Quem pensa diferente ou quem critica o governo municipal é contra Araripina” – essa é a máxima para vender ao distinto eleitor uma administração de faz-de-contas.
Se acreditarmos no novo com as mesmas práticas da velha política, a síndrome nos consumiu e podemos considerar o diagnóstico como grave. Se acreditarmos no novo porque não temos a coragem de enfrentar o velho é porque acreditamos que tudo já está perdido e precisamos parar de enfrentar os nossos dominadores e se contaminar de vez com o vírus da epidemia.
Estamos todos retraídos, encurralados e propensos a ser vitimados por uma gestão midiática que na prática não tem garantido os serviços mais básicos à população, mas que tem um exército de prontidão para garantir a sua defesa sistêmica com um marketing jamais visto na história política de Araripina.
Pessoas antes consideradas idôneas, assina declaração atestando que o município desenvolve, tem seguido o rumo de um novo tempo (que porra de tempo é esse?) e defende a lisura de um governo que precisa prestar contas ao seu povo.
Precisam antes de falar besteiras, andar pelas ruas da cidade, precisam de medicamentos para diabetes, PA, medicamentos controlados, assistência médica como preconizado pelo Sistema Único de Saúde, merenda escolar de qualidade, de profissionais preparados, de respeito e garanto a vocês que se gabam de tanta coisa que não passam de invencionices, que essas essencialidades não são realidades vistas nesse município. Basta adoecer final de semana (ou qualquer outro dia) para enfrentar o martírio, uma via-crúscis para só assim acreditar que tudo que hoje se divulga é desmentido pela realidade que os araripinenses teimam em não enxergar.
Como somos reféns, mas não tolos sintomáticos desta praga de Estocolmo, ainda estamos aqui garantido por antídoto que não nos faz seres contaminados, fazendo frente a esse exército que tenta vender ilusões, não sei até quando.
"Os brasileiros são caipiras, desconhecem o outro lado, e, quando conhecem, encantam-se".
Fernando Henrique Cardoso
Blog do Paixão