A cidade pode até ser pujante e um celeiro de
desenvolvimento em que tudo que nela se cria se prospera. 86 anos de história
reverenciados pelos munícipes como símbolo de progresso e de cidade
hospitaleira. O hino de Araripina (peço licença aos seus autores) assim como o
nosso hino nacional, tem lá os seus encantos pueris, majestosos e fantasiosos.
“Pode ver então surgir um mundo novo” – em um dos seus versos fiz um paralelo
com o do hino nacional”- “Deitado eternamente em berço esplêndido”- e pude
então constatar que essa Araripina nova, que surge na esperança de um mundo
novo, não faz jus a uma nação araripinense vítima constantemente dos descasos
com seus filhos, fruto da política centralizadora, da gana de políticos
interesseiros e corruptos. Falta a todos nós desta amada terra, entender que a
mediocridade e o abandono dos seus filhos quando mais necessita de colo e de
braços para se proteger, não tem relação alguma com o verso que diz: “Quando
precisares de defesa, de justiça, de paz e liberdade” terás o filho para
defender.
Não estou aqui a criticar a composição que tem em sua
essência a vontade e o desejo de vislumbrar uma terra em que se valoriza a
cultura, os seus jardins, as suas minas e o seu povo, e que com tantos
devaneios, acredita num lugar bendito e aconchegante para todos, mas que no
conforto das suas desigualdades tem se transformado num mundo real num berço
onde só se balançam uma parte ínfima e privilegiada da nossa sociedade.
Viva o seu verde, destruído pelo desmatamento de um
desenvolvimento urbano sem projeto que torne o nosso município mais
sustentável. Ainda se levanta a bandeira falsa do ambientalismo hipócrita.
E o que queremos preservar como história? Os políticos que
morrerão para enaltecer as suas biografias? As fotos antigas (que são poucas) e
que os nossos jovens dessa geração contemporânea não se interessa em pesquisar?
Araripina cresce, se expande e morre ao mesmo tempo
encarcerada pelo crescimento desordenado, pelo aumento da violência, pela falta
de políticos decentes e com o pensamento voltado para construir uma cidade onde
todos possam usufruir do seu progresso. Araripina se divide entre aqueles que
estão no poder e aqueles que ficam submissos ao poder. Aqueles que
historicamente sempre se beneficiaram das vantagens do poder e por conseguinte
mantém suas gerações futuras sobre o controle da política, e aqueles que sempre
são os servis depositadores de votos.
Parabéns Araripina, terra em que nasci e ainda vou
continuar sonhando com a realização de toda essa magia detalhada em cada verso
do seu hino.
Eu quero mais educação e saúde para os meus filhos e os
filhos dos meus filhos, para que possam competir em pé de igualdade, quem sabe disputando
um cargo máximo no município, com esperança de que o poder do dinheiro, da
desonestidade, da maldade e da mentira, sejam vencidos pela honestidade e pela
verdade. Aí sim, poderemos transformar esses versos idílicos em algo concreto
para Araripina.
Araripina: 86 anos de história e de sonhos.
Blog do Paixão