Faz 25 anos que o último revolucionário se foi. Pegou o seu trem das 7 e partiu. Mas as suas ideias, seu sonhos ficaram para sempre.
Raul dizia: “sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que
se sonho juntos, é realidade”. Raul
despertava amor e ódio ao mesmo tempo, era um homem a frente do seu tempo, e
não tinha meias verdades e sempre ia
fundo, quando um assunto lhe despertava a curiosidade.
Era um estudioso da alma humana,
por ser humano demais. Pessoa simples, de gestos e atitudes simples.
Raul moleque maravilhoso, o
artista, o cantor, o pensador, o maluco beleza, o homem esposo, pai de família,
que buscava a sua verdade na inquietude de um coração, que vivia sempre em
ebulição.
Nos palcos ele cantava em inglês – How Could I Knlow – (Como eu Poderia
Saber) – 1973.
- Você tem seu lápis, sua guitarra,
seu amplificador, procurando, esses mentirosos, frouxos, você vai por fogo no
mundo, como Nero fez sem Roma.
Já passou muito tempo, desde que o Último Revolucionário se foi.
Já passou muito tempo, desde que o Último Revolucionário se foi.
Quem sabe você será o próximo a
entrar para a história?
Em 1974, foi preso e torturado pelo
DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). Baseada nos escritos de Aleiste
Crouley e foi curtir um exílio nos Estados Unidos. O LP Gita se tornou um
grande sucesso de vendas e Raul retornou ao Brasil, se transformando e se
metamorfoseando, no Maluco Beleza que o Brasil passou a admirar, até os dias de
hoje.
O revolucionário que cantava, minha
guitarra é a arma na mão, faz o que tu queres, pois é tudo da lei...
E cantava sempre o seu hino: “Viva, viva a sociedade alternativa”. O
tempo passa e o seu recado continua sempre atual, Raul foi um visionário
genial, maluquez e lucidez, faziam parte do mesmo caldeirão de possibilidades. O
cara era uma verdadeira metamorfose ambulante, que dizia e desdizia ao mesmo
tempo, mas sempre perseguindo os caminhos da sabedoria.
Raul foi a mosca na sopa dos
generais da ditadura e cantava “dentadura
postiça” (entrelinhas “ditadura
postiça), que vai cair, vai descer.
E a ditadura continua maquiada na
educação, na saúde, na cultura, na vida real, etc.
Raul sempre dizia: “Sou da geração
do pós-guerra, sou homem que vive as suas verdades...
E falava sempre: que o mel é doce,
isso é coisa que me nego afirmar, mas que parece doce, eu afirmo plenamente. E afirmava:
”Mamãe não quero ser prefeito, pode ser
que seja eleito e eles podem querer me assassinar... mentir sozinho eu sou
capaz e que entrar pra história é com vocês”.
Mas Raul entrou para a história da
música brasileira, se tornou o pai do rock brasileiro. Reclamou, fez barulho,
tirou onda, apanhou dos militares, deu a volta por cima e cantou: “Tente, levante sua mão sedenta e recomece a
andar, não pense que a cabeça aguenta, se você parar, tente outra vez”.
Raul era como Fênix, sempre
renascia das cinzas, com a teimosia brava de guerreiro, afirmava que a solução
era alugar o Brasil...ninguém suportava mais, Ali Babá e os 40 ladrões, nós não
vamos pagar nada?
E dizia: “Pena eu não ser burro, não sofria tanto”.
E Raul sofria com as mazelas de um
país, que não saia do lugar e ainda não sai e vai ser sempre de terceira.
E cantava: “quero ser o homem que sou, dizendo a verdade, somente a verdade...”.
Perseguido pela censura ele
reclama: “senhora dona persona, não tire
mais um filho de mim...” - (Isso se referindo as músicas) eu não peço que
me sigam, o homem passa e as músicas ficam.
E por fim já debilitado, por tanta
luta inglória, Raul cantou em “Carpinteiro
do Universo” – o meu egoísmo é tão egoísta, que o auge do meu egoísmo, é
querer ajudar.
E gritou:, oh! Seu moço do disco
voador, me leve com você, aonde você for, porque eu devia estar contente, mas
confesso abestalhado, que eu estou decepcionado, passando fome de tudo, aqui na
cidade maravilhosa e morrendo de tédio, de solidão e incompreensão...
E por fim cantou: “Eu vou embora
apostando em vocês, meu testamento, deixo minha lucidez, vocês vão ter um mundo
melhor que o meu”. E partiu deixando a certeza que o homem deve lutar, pelos
seus sonhos, para poder ter paz...
Raul Seixas foi incompreendido, por ser verdadeiro e não esconder
suas verdades. Na música - Metrô Linha 743 – disse: “O prato mais caro, do melhor banquete, é o que se come, cabeça de gente
que pensa, e os canibais de cabeça, descobrem aqueles que pensam, porque quem
pensa, pensa melhor parado”.
E assim se foi o franco atirador,
que usava as palavras como arma, contra o monstro SIST, como ele dizia.
Raul era o verdadeiro calcanhar de Aquiles,
que incomodava. Raul até respirando já incomodava, tal era a sua verve
criativa.
Por isso o Brasil ainda grita bem alto, TOCA RAUL!!!
“Você pode não estar dentro da Sociedade Alternativa, mas a sociedade
alternativa, sempre esteve dentro de você”
Raul Santos Seixas
Escrito por LUIZ LIBANO DE ANDRADE
Blog do Paixão