Foto de 1980 (Everaldo de Camiseta Azul - à época com 14 anos). O cenário é uma amostra da situação que vivíamos.
1978 foi um ano muito difícil, assim como 1980, 1981, 1982, enfim, problemas sucessivos que se acumulavam junto como a pobreza e a miséria. O bom desse cenário triste, se posso dizer assim, era que todos na vizinhança vivia o mesmo dilema. Ninguém era melhor do que ninguém.
Quantas vezes recebíamos em
nossas casas, roupas separadas, com o recado de que eram doações feitas
especialmente para nossa família – no meio das roupas usadas pelos filhos
bastardos da cidade (que era preciso muitas pregas para poder ajustar aos
nossos esqueletos), vinham as camisetas de propagandas estampando a cara do
candidato (dos poderosos de plantão) que eram para vestir quem estava nu. No
pacote também estavam junto às fotos do candidato, que minha ingênua mãe
tratava de emoldurá-la (veja foto) para provar sua submissão. Éramos as cobaias
para a publicidade gratuita. Voto certo, vencido e de cabresto, para
engrandecer e garantir poder as famílias ricas e tradicionais da cidade, que
sempre estiveram sobre o domínio do poder.
Como demos um salto estilo João
do Pulo, cultural, político e subimos vários degraus na pirâmide social, apesar
de nossos pais continuarem na ignorância vedada, essa gente das famílias
tradicionais que mandavam em nossos direitos e livre arbítrio, no nosso voto,
sentem-se incomodadas, porque eles não queriam os filhos dos seus servos
discernindo sobre o que era privilégio só deles.
Mesmo com todo avanço que tivemos
e que conseguimos progredir junto ao novo paradigma social, os velhos cacifes
políticos das velhas famílias políticas tradicionais, como se fossem dinastias incrustadas
nesse Sertão ainda atrasado pela falta de compromisso e de políticas que beneficiem
de verdade o sertanejo, atendendo as suas reais necessidades, ainda continuam a
mandar e comandar uma sociedade ainda dividida entre os ignorantes
desinformados (os sem estudo) e os informados que são corrompidos pelo sistema
ou se acovardam tentando dizer que os nossos problemas não são problemas deles. Preferem assistir de camarote enquanto os corajosos e justos são penalizados.
Como quem você pensa que está
falando? Ainda é uma frase em voga que acorrenta a nossa liberdade e os nossos
direitos.
Quem quiser que conte a sua
história, a minha continuará sendo contada.
Feliz Natal e um Ano Novo com
mais esperanças para nós, o povo sertanejo.
Blog do Paixão