Enquanto Lula vai a Brasília para conversas com peemedebistas, Eliseu Padilha trabalha por "unidade absoluta" por rompimento com o governo de Dilma Rousseff
Um dos aliados mais próximos do
vice-presidente Michel Temer, o ex-ministro da Aviação Civil Eliseu Padilha
afirmou que o PMDB está "muito próximo" de conseguir a unanimidade em
favor do rompimento com o governo federal. Desde que garantiram o apoio da ala
fluminense do partido, a ala oposicionista da
legenda dá como certo o desembarque do governo da presidente Dilma Rousseff.
Agora, aliados de Temer passaram a mirar na unanimidade para selar o fim da
aliança.
"Temos
a certeza absoluta de que vamos desembarcar (do governo). Numa escala de zero a
dez, a chance de sair é dez", afirma Padilha, que acompanha as reuniões
para combater os últimos focos de resistência governista dentro da sigla.
Segundo Padilha, a prioridade,
neste momento, é construir a unidade e, assim, evitar uma votação convencional
no encontro do diretório nacional, marcado para esta terça. "Já ouvimos de
vários setores que não precisaria ter a votação nem a reunião. Mas, como
programamos, vamos manter." A ideia, portanto, é aprovar o rompimento por
aclamação.
O acordo
com a ala governista deve passar pela definição da data limite para o
desembarque oficial do PMDB. Padilha explicou que um grupo do partido defende
que o rompimento seja totalmente efetivado amanhã, o que significaria, na
prática, deixar de imediato os postos ocupados na administração da presidente
Dilma Rousseff. Essa hipótese não é bem aceita pelos governistas,
principalmente os que ocupam cargos no primeiro escalão - o PMDB tem sete
ministros no governo.
"Não
se pode imaginar que amanhã de tarde alguém vai lá e deixa de ser ministro. Não
é assim. Eu já fui ministro e sei como são as coisas. Acho que alguns dias,
algum prazinho tem que ser dado", disse Padilha. Ele confirmou, como já
haviam dito outros interlocutores de Temer, que o consenso caminha para a data
limite de 12 de abril.
Esta data
respeita o que foi definido na convenção do PMDB, em 12 de março, na qual se
estabeleceu um período de 30 dias para a definição sobre a aliança com o
governo. Depois, contudo, Temer decidiu encurtar o prazo e antecipou a reunião
do diretório nacional para esta terça. Manter o dia 12 de abril como data
limite para o abandono dos cargos seria uma maneira de contentar governistas e,
ao mesmo tempo, seguir em parte o que foi determinado na convenção.
"Me
parece que aí tem um ponto de encontro dos dois grupos. Mas este é o trabalho
do dia (de hoje), é nisso que estamos trabalhando, visto que nós queremos ver
se vai amanhã para aclamação, com uma unidade absoluta", resumiu Eliseu
Padilha.
Em
entrevista concedida à Rádio
Gaúcha, também nesta segunda-feira, o ex-ministro comentou os
peemedebistas que desejarem permanecer no governo terão duas opções: partir
para a desfiliação do PMDB ou sofrer processo na comissão de ética da legenda.
Lula em Brasília - O ex-presidente Lula embarca para Brasília
na tarde desta segunda acompanhado do presidente do PT, Rui Falcão. Mais cedo,
em entrevista coletiva à imprensa internacional, Lula disse que pretendia
conversar ainda hoje com interlocutores do PMDB para tentar contornar o
desembarque da legenda do governo Dilma. "Vou para Brasília conversar com
muita gente do PMDB", disse Lula, segundo jornalistas que participaram da
entrevista, destacando que pretende conversar também com o vice-presidente da
República, Michel Temer.
Lula
lembrou que o PMDB tem autonomia regional, destacando "a gente nunca teve
todo o PMDB". Na mesma entrevista, que durou cerca de duas horas, o
petista disse que vê com "muita tristeza" a possibilidade de a sigla
deixar a atual gestão federal. Ele, no entanto, relativizou o impacto dessa
possibilidade, dizendo que é possível "haver uma espécie de coalizão"
sem a concordância cúpula peemedebista.
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