Pelo menos 700 imigrantes
podem ter morrido afogados no mar nos últimos dias
Uma foto de um bebê morto nos braços de um
socorrista alemão foi distribuída nesta segunda-feira por uma organização
humanitária para pressionar autoridades europeias a garantirem passagem segura
a imigrantes no Mediterrâneo. Pelo menos 700 imigrantes podem ter morrido no
mar na última semana, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (Acnur).
O corpo do bebê, que parece ter menos de 1 ano, foi
retirado do mar na sexta-feira, dia 27, depois do naufrágio de um barco de
madeira. Quarenta e cinco corpos chegaram ao porto de Reggio Calabria, no sul
da Itália, no domingo, a bordo de uma embarcação da Marinha italiana, que
recolheu 135 sobreviventes do mesmo incidente.
A organização humanitária alemã Sea-Watch, que opera
um barco de resgate no mar entre a Líbia e a Itália, distribuiu a imagem, feita
por uma empresa de produção de mídia a bordo, que mostra um agente de resgate
segurando o bebê como uma criança adormecida.
Em
um e-mail, o socorrista fotografado com o bebê, que se identificou como Martin,
mas não quis que seu sobrenome fosse publicado, disse ter visto o bebê na água
"como um boneco, com os braços esticados".
"Peguei o bebê pelo antebraço e puxei seu
corpinho para os meus braços na mesma hora para protegê-lo... os braços dele,
com aqueles dedinhos, balançaram no ar, o sol bateu nos seus olhos, brilhantes,
acolhedores, mas sem vida", disse.
Martin, que tem três filhos e que exerce a profissão
de terapeuta musical, acrescentou: "Comecei a cantarolar para me confortar
e para expressar de alguma maneira esse momento incompreensível, de cortar o
coração. Só seis horas antes essa criança estava viva".
Assim como a foto do menino sírio
Aylan, de 3 anos, morto em uma praia turca no ano passado, a
imagem deu uma feição humana às mais de 8.000 pessoas que morreram no
Mediterrâneo desde o início de 2014.
Pouco
se sabe sobre a criança, que segundo a Sea-Watch, foi entregue imediatamente à
Marinha italiana. Os socorristas não puderam confirmar se o bebê parcialmente
vestido era menino ou menina, e tampouco se sabe se seus pais estão entre os
sobreviventes.
A equipe da organização disse ter decidido de forma
unânime a publicação da foto. "Na sequência desses acontecimentos
desastrosos, torna-se óbvio para as organizações envolvidas que os clamores dos
políticos europeus para se evitar novas mortes no mar não são mais do que
falatório", afirmou a Sea-Watch em um comunicado distribuído junto com a
foto.
O barco que levava o bebê e naufragou partiu de
praias próximas de Sabratha, na Líbia, no final da quinta-feira. Centenas
estavam a bordo.
(Com Reuters)
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