Assessorias de Renan e Machado não se manifestaram sobre o caso.
Andreia SadiDa GloboNews
Ex-líder do
governo no Senado, o senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS) disse
neste sábado (28) em entrevista exclusiva à GloboNews que o ex-presidente da
Transpetro Sérgio Machado era “prioridade
absoluta’’ do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na residência
oficial do peemedebista. Delcídio relatou episódios em que o presidente do
Senado suspendia reuniões com outras pessoas para atender Machado.
Delcídio teve o mandato cassado no último dia 10. A cassação ocorreu após parlamentares descobrirem que ele havia firmado acordo de delação premiada. Na colaboração, ele fez revelações envolvendo diversos ex-colegas de parlamento, como o próprio Renan, o que irritou os senadores. Delcídio atribui a rapidez de sua cassação, antes da votação no Senado do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, a uma “vingança’’ do presidente da Casa.
Delcídio, como
senador, era um dos principais parlamentares do Congresso. Ele tinha livre
acesso a deputados e senadores de diversos partidos, e atuava como líder do
governo de Dilma Rousseff. Como líder, frequentava o Palácio do Planalto, da
Alvorada e também a residência oficial do Senado.
Segundo o
parlamentar cassado, as reuniões de Renan com Machado, que também fechou acordo
de delação premiada, na residência oficial “eram frequentes’’. Ele diz que a
dupla formava um ‘’esquemão fidelizado’’. De acordo com Delcídio, Sérgio era
"blindado pelo Renan". "Ninguém encostava nele. Sérgio era
totalmente fidelizado a Renan’’, disse. “Sérgio era o cara que fazia a
interlocução com os donos das empresas, e outros operavam financeiramente para
Renan”, completou.
Para manter o que chamou de "hegemonia", segundo Delcídio, Renan usava o ex-presidente da Transpetro para atender outros parlamentares da cúpula do PMDB no Senado, como Romero Jucá (RR), Valdir Raupp (RR), José Sarney (AP) e Edison Lobão (MA).
A assessoria jurídica de Sérgio Machado informou que não vai se manifestar por causa do sigilo do processo de delação premiada que ele assinou.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o senador Valdir Raupp informou que "jamais fez indicações políticas para o setor elétrico e que as acusações do ex-senador Delcídio do Amaral são descabidas e inverídicas". A assessoria de imprensa de Romero Jucá disse que o senador não vai comentar as declarações do parlamentar cassado.
A GloboNews e o G1 entraram em contato com as assessorias de imprensa de Renan Calheiros e Edison Lobão, mas não obtiveram resposta até a última atualização desta reportagem.
Para manter o que chamou de "hegemonia", segundo Delcídio, Renan usava o ex-presidente da Transpetro para atender outros parlamentares da cúpula do PMDB no Senado, como Romero Jucá (RR), Valdir Raupp (RR), José Sarney (AP) e Edison Lobão (MA).
A assessoria jurídica de Sérgio Machado informou que não vai se manifestar por causa do sigilo do processo de delação premiada que ele assinou.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o senador Valdir Raupp informou que "jamais fez indicações políticas para o setor elétrico e que as acusações do ex-senador Delcídio do Amaral são descabidas e inverídicas". A assessoria de imprensa de Romero Jucá disse que o senador não vai comentar as declarações do parlamentar cassado.
A GloboNews e o G1 entraram em contato com as assessorias de imprensa de Renan Calheiros e Edison Lobão, mas não obtiveram resposta até a última atualização desta reportagem.
Machado ficou
mais de dez anos na presidência da Transpetro indicado por Renan. Na semana
passada, foram divulgados áudios em que ele gravou conversas comprometendo a
cúpula do PMDB do Senado.
Abaixo os
principais trechos da entrevista:
GloboNews: Como ex-líder do governo e com trânsito com todos
os senadores, o senhor tinha acesso livre à residência oficial do Senado e na
presidência. Sérgio Machado frequentava a residência oficial? O senhor já
testemunhou a presença dele com Renan?
Delcídio: Eu estive. Mas o Renan blindava demais o Sérgio. O Sérgio era uma pessoa que ninguém encostava nele. E ele também fazia questão de não dar nenhuma ousadia para ninguém. Ou seja, Sérgio era fidelizado a Renan. Para você ter uma ideia, eu estava conversando com Renan, na residência oficial, o Sérgio chegava, e o Renan suspendia a reunião e atendia Sérgio numa saleta que tinha na entrada na casa. Ele nem esperava. Era despacho rápido, eles conversavam, e o Sérgio ia embora. Não dava nenhuma oportunidade de o Sérgio se integrar ou conversar ou ficar junto com o pessoal.
Delcídio: Eu estive. Mas o Renan blindava demais o Sérgio. O Sérgio era uma pessoa que ninguém encostava nele. E ele também fazia questão de não dar nenhuma ousadia para ninguém. Ou seja, Sérgio era fidelizado a Renan. Para você ter uma ideia, eu estava conversando com Renan, na residência oficial, o Sérgio chegava, e o Renan suspendia a reunião e atendia Sérgio numa saleta que tinha na entrada na casa. Ele nem esperava. Era despacho rápido, eles conversavam, e o Sérgio ia embora. Não dava nenhuma oportunidade de o Sérgio se integrar ou conversar ou ficar junto com o pessoal.
GloboNews: O senhor está falando de que período?
Delcídio: Mais recentemente, no ano passado, até quando o Sérgio saiu da Transpetro (fevereiro de 2015) isso era frequente. Eu mesmo estive em algumas situações em que o Sérgio chegou lá, Renan o recebia e a gente ficava ali esperando até ele ir embora.
Delcídio: Mais recentemente, no ano passado, até quando o Sérgio saiu da Transpetro (fevereiro de 2015) isso era frequente. Eu mesmo estive em algumas situações em que o Sérgio chegou lá, Renan o recebia e a gente ficava ali esperando até ele ir embora.
GloboNews: Sérgio era prioridade absoluta de Renan, então?
Delcídio: Absoluta. Ele era o único cara que Renan tinha ascendência direta.
Delcídio: Absoluta. Ele era o único cara que Renan tinha ascendência direta.
GloboNews: E do que eles tratavam?
Delcídio: Eu não presenciei, mas normalmente eram as operações da Transpetro. Todo mundo sabia. Sérgio era o cara que fazia a interlocução com os donos das empresas e outros operavam financeiramente para Renan.
Delcídio: Eu não presenciei, mas normalmente eram as operações da Transpetro. Todo mundo sabia. Sérgio era o cara que fazia a interlocução com os donos das empresas e outros operavam financeiramente para Renan.
GloboNews: Quem?
Decídio: Eu prefiro não falar agora, ainda.
Decídio: Eu prefiro não falar agora, ainda.
GloboNews: E o senhor tinha relação com Sérgio?
Delcídio: Falava [com Machado] porque ele foi do PSDB, eu também. Eu tinha relação com ele desta época, tinha um aproximação natural com ele. Então, falava com ele e tal, mas eu nunca vi um esquema tão fidelizado de uma indicação política com alguém que indica como essa relação de Renan com Sérgio. E olha que eu conheço muita gente, é impressionante.
Delcídio: Falava [com Machado] porque ele foi do PSDB, eu também. Eu tinha relação com ele desta época, tinha um aproximação natural com ele. Então, falava com ele e tal, mas eu nunca vi um esquema tão fidelizado de uma indicação política com alguém que indica como essa relação de Renan com Sérgio. E olha que eu conheço muita gente, é impressionante.
GloboNews: O que o senhor quer dizer com fidelizado?
Delcídio: Fidelizar é o seguinte: é um esquemão mesmo. Uma operação restrita, onde eles tinham controle absoluto e agiram com muita competência. Porque ninguém fica mais de dez anos na Transpetro.
Delcídio: Fidelizar é o seguinte: é um esquemão mesmo. Uma operação restrita, onde eles tinham controle absoluto e agiram com muita competência. Porque ninguém fica mais de dez anos na Transpetro.
GloboNews: Então, na avaliação do senhor, Machado pode
detalhar outras operações envolvendo a cúpula do Senado?
Delcídio: Essas conversas que foram divulgadas, isso é 'peanuts' perto do que vem, Sérgio tinha todo controle. É um perigo, por isso o povo está apavorado: ele sabia de tudo. Ele era o cara do Renan e o Renan. Para garantir a hegemonia, atendia outros senadores do núcleo do PMDB que sempre comandou o Senado, através do Sérgio.
Delcídio: Essas conversas que foram divulgadas, isso é 'peanuts' perto do que vem, Sérgio tinha todo controle. É um perigo, por isso o povo está apavorado: ele sabia de tudo. Ele era o cara do Renan e o Renan. Para garantir a hegemonia, atendia outros senadores do núcleo do PMDB que sempre comandou o Senado, através do Sérgio.
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