Presidente do STF exigiu dos demais poderes 'respeito' ao Judiciário.
Renan RamalhoDo G1, em Brasília
A presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, exigiu nesta terça-feira
(25) "respeito" ao Judiciário por parte do Legislativo e Executivo.
Ao abrir a sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - órgão de controle dos
tribunais que ela também preside -, a ministra disse que os poderes devem
buscar a "harmonia" em benefício do cidadão.
As declarações
da ministra ocorrem um dia após o presidente do Senado e do Congresso Nacional,
senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ter chamado de "juizeco" o
juiz federal Vallisney Souza Oliveira que, autorizou a prisão de quatro policiais legislativos na
semana passada, na Operação Métis. Cármen Lúcia não citou nomes em sua fala no
CNJ.
"Todas as
vezes que um juiz é agredido, eu e cada um de nós juízes é agredido. E não há a
menor necessidade de, numa convivência democrática, livre e harmônica, haver
qualquer tipo de questionamento que não seja nos estreitos limites da constitucionalidade
e da legalidade", afirmou a presidente do Supremo.
Como presidente
do STF, Cármen Lúcia é a maior autoridade do
Judiciário no país. Na fala no CNJ, ela ressaltou que o Judiciário trata com
respeito os demais poderes e que qualquer questionamento às decisões deve ser
feita por meio de recursos aos próprios tribunais.
"O que não
é admissível aqui, fora dos autos, é que qualquer juiz seja diminuído ou
desmoralizado. Porque, como eu disse, onde um juiz for destratado, eu também
sou. Qualquer um de nós, juízes, é", completou a ministra logo em seguida.
Cármen Lúcia
também exigiu respeito com os juízes. Ela disse que os magistrados, nas diversas
instâncias, podem cometer atos "questionáveis", mas que todos os
órgãos do Judiciário buscam cumprir sua função "da melhor maneira".
"Espero
que isso seja de compreensão geral, de respeito integral. O mesmo respeito que
nós, Poder Judiciário, dedicamos a todos os órgãos da República. Afinal, somos,
sim, independentes, e estamos buscando a harmonia em benefício do cidadão
brasileiro. Espero que isso não seja esquecido por ninguém, porque nós juízes
não temos nos esquecido disso", concluiu Cármen Lúcia.
Leia abaixo a
fala completa da ministra na abertura da sessão do CNJ:
Declaro aberta
esta sessão do Conselho Nacional de Justiça, órgão do Poder Judiciário
brasileiro, constitucionalmente instituído para o fim especifico de não apenas
nos zelarmos e zelar pelas melhores práticas do Poder Judiciário, como para
garantir a força, a independência, a autonomia do Poder Judiciário. Respeito
que nós devemos e guardamos com os poderes e evidentemente exigimos igualmente
de todos os poderes em relação a nós.
O juiz
brasileiro é um juiz que tem trabalhado pela República, como trabalhou pelo
império. Somos humanos, temos erros. Por isso existe esse Conselho Nacional de
Justiça, para fortalecer um poder Judiciário coerente com os princípios
constitucionais, com as demandas e aspirações do povo brasileiro.
Mas por isso
mesmo nós nos portamos com dignidade em relação à Constituição, uma vez que nós
juramos à Constituição, todos nós juízes brasileiros. E nessa Constituição, em
seu artigo 2º, se tem que são poderes da República independentes e harmônicos,
o Legislativo, O Executivo e o Judiciário. Numa democracia, o juiz é essencial
como são essenciais os membros de todos os outros poderes, repito que nós
respeitamos.
Mas queremos
também, queremos não, exigimos o mesmo e igual respeito para que a gente tenha
democracia fundada nos princípios constitucionais, nos valores que nortearam
não apenas a formulação, mas a prática dessa Constituição.
Todas as vezes que um juiz é agredido, eu e cada um de nós juízes é agredido. E não há a menor necessidade de numa convivência democrática livre e harmônica, haver qualquer tipo de questionamento que não seja nos estreitos limites da constitucionalidade e da legalidade.
O Poder
Judiciário forte é uma garantia para o cidadão. Todos os erros, jurisdicionais
ou administrativos que eventualmente venham a ser praticados por nós juízes,
humanos que somos, portanto sujeitos a erros, no caso jurisdicional, o Brasil é
prodigo que qualquer pessoa possa questionar e questione pelos meios recursais
próprios os atos. O que não é admissível aqui, fora dos autos, qualquer juiz
seja diminuído ou desmoralizado. Porque como eu disse, onde um juiz for
destratado, eu também sou. Qualquer um de nós juízes é.
Esse Conselho
Nacional de Justiça, como todos os órgãos do Poder Judiciário, está cumprindo a
sua função da melhor maneira e sabendo que nossos atos são questionáveis. Os
meus, no Supremo, o juiz do Tribunal Regional do trabalho, um juiz de primeira
instância. Somos todos igualmente juízes brasileiros querendo cumprir nossas
funções.
Espero que isso
seja de compreensão geral, de respeito integral. O mesmo respeito que nós Poder
Judiciário dedicamos a todos os órgãos da República, afinal somos sim
independentes e estamos buscando a harmonia em benefício do cidadão brasileiro.
Espero que isso não seja esquecido por ninguém, porque nós juízes não temos nos
esquecido disso.
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