Temer atingiu o patamar mais baixo para um presidente desde 1986
Por: Diário de Pernambuco
A aprovação do governo Michel Temer voltou a apresentar variação negativa e atualizou o patamar mais baixo para um presidente desde 1986, de acordo com a pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta quinta-feira (28). Apenas 3% dos entrevistados disseram considerar bom o governo Temer, ante 5% registrado na última pesquisa em julho. Já o percentual de brasileiros que consideram o governo ruim ou péssimo passou de 70% para 77%. Os que consideram a gestão regular caíram de 21% em julho para 16%. Outros 3% não souberam ou não responderam.
Alvo da segunda denúncia criminal apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em 16 meses de gestão, o presidente Michel Temer (PMDB) teve uma avaliação pessoal pior: 89% dos entrevistados disseram desaprovar a maneira dele governar, ante 83% em julho. Já os brasileiros que aprovam o jeito do presidente de administrar o País caíram de 11% para 7% de julho para setembro. Outros 4% não sabem ou não responderam essa questão.
Com a nova denúncia – esta por organização criminosa e obstrução de Justiça e que também atinge dois homens fortes do governo, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), e da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco (PMDB-RJ) -, a revisão do deficit da meta fiscal em R$ 20 bilhões (de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões) ajudará a subsidiar apoios, mas pode também ajudá-lo a superar ao próprio recorde negativo.
Contudo, apesar de sucessivos recuos desde que assumiu o governo, o presidente não parece temer a impopularidade. Vende-se como um presidente reformador e empreende, por vezes, medidas impopulares, quase sempre acenando ao mercado e a fiadores do seu governo, em detrimento da sociedade. Diante disso, não esperaria resultado diferente.
A corrupção relacionada ao governo e a aliados do presidente – como os ministros denunciados e o bunker com R$ 51 milhões do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) – e a liberação de exploração da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), na Amazônia, influenciaram ainda mais na queda de popularidade. A pesquisa avalia que, como a reprovação das políticas de meio ambiente aumentou de 70% para 79%. A área de educação, comandada pelo ministro Mendonça Filho (DEM), também apresentou queda na aprovação de 22% para 17% e um aumento na desaprovação de 75% para 81%.
Embora Temer tenha adotado a estratégia de enaltecer os índices econômicos a cada discurso, as políticas de combate ao desemprego (85% desaprovam; 13% aprovam; 2% não opinaram), a taxa de juros (87% desaprovam; 9% aprovam; 4% não opinaram) e os impostos (90% desaprovam; 7% aprovam; 3% não opinaram) são as áreas de atuações mais negativas do governo, segundo os entrevistados.
Comparação histórica
A aprovação do governo Temer ampliou o recorde negativo, ao caiu de 5% para 3% nos últimos dois meses, ante 7% na gestão Sarney, entre junho e julho de 1989, até então o nível mais baixo registrado. Ele superou também o final do governo Collor, que registrou 12% em agosto de 1992, e o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, que teve 9% entre junho e dezembro de 2015. Mas o peemedebista ainda pode se superar.
O Ibope entrevistou 2.000 pessoas em 126 cidades, entre os dias 15 e 20 de setembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança da pesquisa é de 95%.
Blog do Paixão