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HISTÓRIA DE ARARIPINA: ARARIPINA NOS ANOS 70 - CONFESSO QUE VI E VIVI

Texto: Luiz Líbano de Andrade Alves (Conhecido como Denda)
"Não, não é uma estrada, é uma viagem".

A revolução no mundo todo começou com o Rock in Roll nos anos 50. Com Elvis Presley, Chuck Berry e tantos outros. Depois veio a geração Beat mudando todo um jeito de ser e de escrever, eram poetas loucos cruzando a América de caronas e soltos no mundo: Jack Keroac, Alen Ginsberg e outros.


Então veio os anos 60, quando essa juventude foi em massa para as ruas contestar, tempos de contracultura, cada vez mais na contramão do sistema, e se afastando das normas tradicionais, do trabalho, da família e da escola, rebelde ou pacífica, às vezes alienada, às vezes politizada, essa juventude foi deixando sua marca na história.


Tota e Denda

Vieram os anos 70, geração wodstock, Boby Dilan, Jimi Hendrix, Beatles, Raul Seixas, Rolling Stones...


...Anos loucos, tempos de guerra fria entre as grandes potências (a capitalista e a socialista), o mundo vivia com medo da bomba atômica e no nosso Brasil, vivíamos os anos de chumbo, uma ditadura militar terrível. Quem falava ou fazia política contra era preso, torturado e exilado. Muita gente sumia nos porões da ditadura. Famílias destruídas tudo pelo sonho de liberdade. Artistas e políticos eram presos exilados, outros como Geraldo Vandré, que sofre até hoje esquecido pela história.

Para muitos, o melhor foi cair fora do sistema, virar hippie e viajar para fora, ou até mesmo para dentro de si mesmo.

Então saímos protestando de diversas maneiras: na música, nas artes, nas roupas coloridas nos cabelos longos extravagantes, no visual e gritando palavras de ordem pela paz e o amor. É proibido proibir, faça a paz e não a guerra praticando o amor livre e vivendo em comunidades.


Aqui do meu quintal, na minha plena juventude, sonhando o meu sonho e vivendo o meu momento hippie, procurava ler sobre essas coisas. Revistas Pop que tinha um jornalzinho musical, revista Sétimo Céu, Revista Ringo, sobre filmes e livros: pé na estrada (on the Road), Jack Keroac, Fernão Campelo Gaivotas, Eu Réu Sem Crime (Seixas Dória), Confesso que Vivi (Pablo Neruda) e muitos outros.


Naqueles tempos se ouvia muita música, a Jovem Guarda, de Roberto e Erasmo, Jerry Adriano, Reginaldo Rossi, Odair José, Wanderley Cardoso...

Em 78-79 chegando de um tempinho do Recife, trazendo na bagagem discos de Raul Seixas, Alceu Valença, Ednardo, Fagner, Belchior e tal, coisas, novidades da época que aqui era desconhecido.


Na política: o MDB era a esquerda, a oposição, Ulisses Guimarães Nacional, Lula no ABC Paulista, em Pernambuco Marcos Freire era o cara. Fomos muitas palestras com ele, em Ipubi era no Clube de Sr. Quinca Mudo, em Araripina, no Clube Arca. Muita gente vai lembrar disso.

Éramos todos comunistas e as reuniões eram em casas escondidas. 

O Sr. Afonso Nunes, representava a oposição aqui em Araripina e pagou o preço, foi esquecido da história política desta cidade. Aqui a ditadura também pesava o braço em seus opositores.

Araripina com a sua elite imperiosa, orgulhosa, mas sempre foi uma cidade boa, acolhedora, pacata e tranquila. Lembro que nos finais de ano, os filhos dos mais abastados da cidade, que estudavam na capital, vinham passar as férias por aqui, e a cidade ficava mais animada, mais colorida, mais bonita. Pelo menos nas festas, nos bailes se via esse povo.


O Clube Arca, o Bar Recanto, o Bar Araripe, eram pontos de encontro dos jovens e também das famílias. Festas formais ou a rigor, era mulheres de vestidos longos, e homens de terno. Quem não possuía os ternos, os amigos jogavam por cima do muro. 

Quando estudante morei no Hotel Escondidinho e à época Juarez Cazé e o baterista da banda Os Anjos, moravam por lá também. Não tinha intimidade, mas eu estava lá, vivendo também o meu sonho naqueles anos. Eu também tinha a minha turma.

Fomos muitas festas ao som dos Anjos e era aquela coisa; Os Anjos a banda da elite e Os Inocentes não era da elite, mas faziam um som legal também. Fernando Goiana eu lembro: a casa dele era de um povo muito alegre e muito musical. E realmente todo o povo era alegre e as famílias mais unidas e felizes.

Como dizia o poeta Belchior, rebuscando nas paredes da memória, sinto saudades do tempo do Bar do Araripe, Tio Patinhas, Bar Recanto, Cacto’s Bar (do meu amigo Tontonho), Bar Toca do Coelho (de Geraldo), onde ficava uma turma até tarde da noite discutindo sobre filosofias, políticas e lutas, futebol e música.

Lembro de Regimilson, Dr. Joaquim Lima Filho, Sr. Ribamar (Ribinha) Tontonho, Tota, Antonio Bentinho, Geraldo e tantos outros.

A lanchonete de Zé Delmondes, o melhor bolo xadrez, bolo liso, com vitaminas de abacate. Ali eu já praticava o velho:- anota aí”. Final de semana seu Acácio, meu velho, pagava a conta. A noite na Rua da Fruta, era a sopa de Goianinha, a sorveteria de João de Seu Nilo, o melhor sorvetes e picolés da cidade. 

Quem não lembra do Cine Marilac, os filmes de bang e bang, as matinês aos domingos, os programas de calouros cantando: “pisa na barata, mata essa barata, é um barato essa barata’, “comprei um quilo de farinha, pra fazer farofa, faro, fá, fá”, era um sarro, divertido e alegre. Cine Capri, muitos filmes e até um show com Sidney Magal, cantando Sandra Rosa Madalena. 

Clube Arca e muitos shows com: Altemar Dutra, The Fevers, Pholhas, Nelson Gonçalves, Waldick Soriano, Alípio Martins, Nilton Cesar, que à época se hospedou no Hotel de Dorotéia, bem ali em frente ao Bandepe. Era um corre-corre para ver os artistas. Não tínhamos televisão, mas tínhamos as praças cheias de pessoas e vinham os parques de diversão. As calçadas e a rua eram do povo. As famílias eram unidas e havia mais cultura, como teatro no Colégio Dom Malan com Walter Alencar e Sua Turma ...

- República, ai que saudades do meu tempo de república. Chegando de Recife, fui, fomos eu e Rogério meu irmão (in memoriam). Ele trabalhava no Bradesco na época, e fomos morar de república várias pessoas. Chegou a ter dez numa casa, uns trabalhando e dormindo em horários diferentes. Era época de muitos namoros, muita bebida, muito som, muito papo legal e nesse período as pessoas (os jovens) deixavam as casas dos pais, e iam dividir o aluguel conosco, só pelo prazer da liberdade. Estudantes vindos do Piauí eram acolhidos nas repúblicas. Trabalhei na Artesa, depois instalei vários bares para ganha dinheiro. Teve um que Murilo batizou como Bar do Rock, onde o que menos se ouvia era rock, mas a MPB da boa.

Assim a nossa juventude revolucionou na moda, nos costumes, na política, na literatura. O Colégio Estadual, CERU, Gilberto Pitú, Jaudes, Luiz Carneiro Neto, meu primo, foram personagens de uma época onde temos boas histórias para contar. Muita loucura e coisas engraçadas e como não destacar o Bar de João Boca Torta que quando o pessoal vinha do futebol – Gilson Tiburtino, Dedim, Pavão, Antonio Cobra Choca, Chico Pitú, Boré, Antonio Gambiarra, Totó, Antonio de Pretinha, Gregório, Roberto e tantos outros...

E por fim, lembrando o poeta novamente: “a minha dor é perceber que apesar de termos feito, tudo que fizemos, nós ainda somos os mesmos e vivemos, como nossos pais”.

Araripina tinha a Artesa, Artefil, Icoasa, Fábricas de Bebidas, Fábricas de Doces, Fábricas de Velas, Fábricas de Cigarros Fortes, Fábrica de “Tampilhas”, o Café Araripe, tinha o som de Zé Araújo, a difusora acho que João Emídio – que levava som para toda a cidade, tinha lojas de discos (a discoteca de Geraldão dos Discos e Rivaldo Araújo), a balaustrada, tinha o viveiro e um tanque na Praça da Igreja para a meninada fazer a festa. Tinha as amizades sinceras como a de seu Abdias (relojoeiro) e seu Zequinha Barbosa.

Por falar em amizade deixo meu abraço para: Regimilson, Serginho de Zé Batista, Carlos Praxeles, Tota, Geonaldes Pepêta, Professor Armando, Toninho de Olinda, Dedim, Murilo e o editor deste blog, meu amigo Everaldo Paixão.


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