Sem Jair Bolsonaro no programa, o petista, segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, foi o mais provocado
POR: MURILO RAMOS / ÉPOCA
Candidatos à Presidência participam de debate - NELSON ALMEIDA / AFP
A ausência de Jair Bolsonaro, candidato do PSL ao Palácio do Planalto, fez do candidato do PT, Fernando Haddad, que aparece em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, o grande alvo do debate entre presidenciáveis realizado na quarta-feira (26). Ele teve de dizer que não é “teleguiado” pelo ex-presidente Lula e que seu partido não teve culpa pela ascensão de Michel Temer à Presidência da República. Também teve de ouvir que recebeu a “bênção” do senador alagoano Renan Calheiros (MDB-AL). Haddad que se prepare: até o dia das eleições receberá pancadas de diferentes modelos daqueles candidatos mais à esquerda, como Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede). Haddad terá de pisar em ovos porque pensa no segundo turno. Sendo assim, evitará queimar pontes com esses concorrentes que poderão se tornar aliados logo ali na frente.
Ciro Gomes, que acabara de deixar o hospital após procedimento na próstata, seguiu o roteiro que supõe ser o único capaz de levá-lo ao segundo turno: expor um suposto despreparo de Haddad para governar o país. Também acenou para eleitores de direita, que não enxergam em Bolsonaro o competidor ideal. Até por isso, nesse jogo duplo, Ciro frisou que as simulações de segundo turno dão vantagem a ele tanto em relação a Haddad quanto a Bolsonaro. Ciro só ficou sem jeito quando questionado, pelo inquieto Cabo Daciolo (Patriota), porque foi atendido num dos melhores estabelecimentos de saúde do país para se tratar enquanto os pobres têm de sofrer nas filas dos hospitais públicos.
O debate foi tão desconfortável para Geraldo Alckmin (PSDB) quanto tem sido a campanha. Guilherme Boulos (PSOL) o indagou sobre desvios em contratos na merenda escolar. Alckimin hesitou em responder. Depois, Alckmin foi obrigado a se defender das acusações, que parecem não ter fim, contra correligionários. Ainda esboçou um agrado para o eleitorado paulista – aquele que o elegeu quatro vezes para governar o estado, mas está distante. Discorreu pausadamente sobre obras de metrô na capital paulista. Mas, como nos outros debates, falhou na missão de empolgar o eleitor e se mostrar um candidato competitivo.
Marina (Rede) brilhou num duelo com Haddad sobre de quem era a culpa por Temer ter chegado ao comando do país e por fazer troça do slogan da campanha de Henrique Meirelles (MDB): “Chama o Meirelles”. O ex-ministro da Fazenda, mais uma vez, teve de carregar o peso de ser o candidato de um governo impopular. Álvaro Dias (Podemos) também agrediu Haddad, mas recebeu o troco do petista. O ex-prefeito de São Paulo disse que o governo do PSDB, partido ao qual Dias foi filiado, elevou a carga tributária no país e prejudicou a população mais carente. Boulos certamente perdeu a chance de conquistar votos ao estar mais preocupado em provocar Alckmin do que em caprichar na defesa de suas ideias. Daciolo foi o responsável pela lado lúdico do debate. Animou, com poses e respostas engraçadas, um debate pouco produtivo para o eleitor indeciso à procura de um candidato.
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