Decisão judicial dá prazo até
esta quarta-feira (20) para saída voluntária dos apartamentos. Juiz afirma que
laudo técnico ainda precisa passar por aval de órgãos competentes.
Por Bianka Carvalho e Camila
Torres, TV Globo

Edifício Holiday fica no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife — Foto: Reprodução/TV Globo
O prazo dado pela Justiça para desocupar, de
forma voluntária, o Edifício Holiday, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife,
termina nesta quarta-feira (20). Ainda assim, parte dos moradores afirma que
não pretende deixar o local. Advogados voluntários tentam reverter a decisão,
mas o juiz Luiz Rocha, que concedeu a liminar, afirmou que dificilmente há
tempo hábil para alterar parecer.
Na noite da
terça-feira (19), o síndico do Holiday, José Rufino, sinalizou que 70% do prédio estava desocupado. O número se
mantinha na manhã desta quarta-feria. Dos que faltam se mudar, um grupo que
organiza as últimas malas para sair, enquanto outro afirma que vai resistir até
o último momento.
Há
duas semanas completas sem energia, o professor de educação física Gerúzio José
da Luz relata que adoeceu com a situação e precisou ser socorrido. Ainda assim,
não aceita deixar o apartamento.
"Espero que,
durante o dia, nos seja concedido o direito de poder continuar morando aqui.
Qualquer trabalho de recuperação do prédio, não embarga a nossa continuidade no
prédio. Não entendo porque tenho que sair do meu lar para serviços
externos", argumenta.
O
prédio foi construído em 1956, tem 17 andares e apresenta uma série de problemas estruturais relatados
pelos órgãos públicos desde 1996. Segundo o síndico, engenheiros e técnicos,
todos voluntários, fizeram estudos sobre as mudanças necessárias no edifício.
Eles defendem que a reforma do Holiday pode ser feita sem desocupação.
A partir da
quinta-feira (21), caso não deixem o Holiday, os moradores podem ser removidos
à força pelos agentes de segurança estaduais e municipais. Os advogados
voluntários afirmaram que o recurso foi entregue na noite da terça.
O juiz Luiz Rocha, em
entrevista à TV Globo, explicou que o recurso não havia
chegado às suas mãos até a manhã desta quarta-feira. Ainda que chegue, o juiz
explicou que é pouco provável mudar a decisão a tempo hábil.
Não
tem como se administrar um assunto desses sem ter laudos técnicos. Se os laudos
técnicos forem apresentados como uma proposta, por exemplo, de trabalho para
recuperar toda aquela fiação, a parte de maior risco. Eu tenho que submeter aos
Bombeiros e à Defesa Civil, que são as duas instituições técnicas qualificadas
para dar uma posição sobre esses laudos técnicos e isso normalmente leva um
tempo", apontou o juiz.
Representantes da
Defesa Civil e da Prefeitura do Recife permanecem, nesta quarta, em frente ao
edifício para orientar e ajudar os moradores no movimento de retirada. De
acordo com a Defesa Civil, cerca de 100 famílias fizeram a mudança na
terça-feira (19), 77 famílias estão com mudança marcada para esta quarta e
outras 4 aceitaram encaminhamento para o abrigo que a prefeitura oferece.

Edifício Holiday, Zona Sul do Recife, teve fornecimento de energia elétrica
suspenso após curto-circuito — Foto: Pedro Alves/G1
Resistência
A
comerciante Jeane Silva mora com outras quatro pessoas em um apartamento do
Holiday. Todos trabalham perto do edifício. Ela explica que eles retiraram a fiação
irregular do 6º ao 17º andar foi retirada até a terça. Trabalhando para
reverter a decisão do juiz, a comerciante não quer sair do prédio.
"A gente
conseguiu mais gente para ajudar. Então, entendo que a situação existe e é
fato. Era necessário algo que acordasse os moradores do prédio, mas se o prédio
está pedindo socorro, a gente vai socorrê-lo. A gente não está se omitindo com
a obra, a gente quer ficar aqui, ajeitar o prédio e mostrar aos órgãos que a
gente está fazendo", explica Jeane.
A comerciante acredita
que, se o prédio for lacrado, os moradores não vão ter condições de fazer a
reforma.
"Se a gente não estiver aqui, como a gente vai receber ajuda? Minha palavra final é ficar aqui", diz.
O
juiz Luiz Rocha explicou que a movimentação, desde o dia da decisão, está sendo
de convencimento. Por questões de segurança, o processo de retirada dos
moradores que se recusam sair do local, a partir da quinta-feira (21), poderá
ter auxílio da Polícia Militar. "Asseguramos o direito à vida de cada morador",
defende o juiz.
A partir da quinta, há uma sequência de atos determinados na decisão da Justiça
para retirar quem insistir em ficar. Entre esses atos, estão a conversa
individual com os moradores pra convencê-los de sair, além da polícia para
retirada à força.

Comerciante e moradora do
Holiday, Jeane Silva não quer deixar apartamento em que mora — Foto:
Reprodução/TV Globo
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