Em depoimento obtido pela GloboNews com exclusividade, ex-governador diz
que pagou propina a Cláudio Lopes em troca de proteção. Defesas dos citados
negam as acusações.
Por Marcelo Gomes e Mariana
Queiroz, GloboNews

Os ex-procuradores-gerais Marfan (à esquerda) e Cláudio Lopes (à direita) foram citados pelo ex-governador Sérgio Cabral (ao centro) — Foto: Marino Azevedo / Governo do Estado do RJ
Um depoimento do ex-governador Sérgio Cabral,
ao qual a GloboNews teve acesso com exclusividade, leva o Ministério Público do
Rio (MPRJ) e o Poder Judiciário para o centro da Lava Jato no estado. Cabral
confirma que pagou propina ao ex-procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes e
cita nomes de outros integrantes do MP e de desembargadores.
Lopes comandou o Ministério Público do
Rio entre 2009 e 2012. Ele foi preso em novembro de 2018 acusado de receber
cerca de R$ 7 milhões em propina para blindar a organização criminosa chefiada
por Cabral, já condenado por nove vezes, com penas quem somam 198 anos de
cadeia.
O depoimento aconteceu no dia 25 de
março no Complexo Penitenciário de Bangu, onde Sérgio Cabral está preso. O MP
ouviu o ex-governador sobre o processo que investiga Lopes.
Cabral disse que, entre 2004 ou 2005,
época em que ainda era senador, Lopes foi até seu gabinete em Brasília. No
encontro, Lopes teria dito que Cabral "provavelmente" seria eleito
governador nas eleições de 2006 e pediu o apoio dele para ser nomeado procurador-geral
do MPRJ.
Em troca da nomeação, segundo o
ex-governador, Lopes prometeu arquivar uma investigação que tramitava contra
Cabral no Conselho Superior do MPRJ desde 1998.
A investigação foi aberta depois que o
então governador Marcello Alencar acusou Cabral de corrupção. Cabral diz que
essa acusação foi feita porque ele – como presidente da Assembleia Legislativa
– se opôs à venda da Cedae, a Companhia de Água e Esgotos do RJ, faltando
apenas dois meses para o fim do governo de Alencar.
“Bom, diante disso, o Marcello Alencar,
por eu ter impedido, me agrediu, me acusou da casa em Mangaratiba, que foi a
primeira casa que eu tive, ter sido comprada com dinheiro de corrupção (...)
Ele [Lopes] era membro do Conselho Superior e que seria o voto de minerva (...)
Me descreveu os votos de cada um (...) Em seguida, me disse: ‘Eu sou candidato
a procurador-geral do Ministério Público e acho que você vai ser o governador
do estado, gostaria de contar com o seu apoio’. Eu disse: ‘Olha, eu te agradeço
pelo voto, pelo arquivamento, não vou esquecer disso, vou ficar muito grato e,
se eu puder ajudar, ajudarei. Eu tenho o princípio de, do mais votado, mas eu
ajudarei’", disse Cabral no depoimento.
O ex-governador foi perguntado pelos
promotores se soube qual foi o voto de Cláudio Lopes: “O voto dele foi
favorável a mim, pelo arquivamento”.
Segundo o ex-governador, depois que
Lopes votou pelo arquivamento do processo contra ele, aconteceu um jantar na
casa de Lopes, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio.
“E ele, percebendo que Marfan [Vieira,
ex-procurador-geral], ia ser reeleito, ele me pediu: ‘Olha, eu queria que você
falasse com o Marfan que caso eu perdesse, eu fosse pro comando da
Procuradoria, porque ele não será candidato a reeleição, e aí eu vou disputar’.
E aí o Marfan honrou a palavra e o colocou como subprocurador, apesar de ele
ter disputado contra o Marfan”, disse Cabral.
Marfan Vieira foi procurador-geral de
Justiça entre 2005 e 2007 e foi reconduzido ao cargo até 2009. Segundo Cabral,
no primeiro semestre de 2008, Lopes voltou a procurá-lo no Palácio Guanabara,
sede do governo do estado, para dizer que disputaria a eleição para
procurador-geral no ano seguinte.
“E disse: ‘Olha, eu preciso da sua
ajuda... No Palácio Guanabara... Eu preciso da sua ajuda financeira porque essa
campanha é uma campanha difícil’. Na verdade, ele não disse com essas palavras,
disse: ‘Olha, tem muito jantar de muitos gastos e eu não tenho esses recursos.
Eu tenho um grupo de amigos que me ajuda, mas isso não vai ser suficiente. Eu
preciso que você... Eu precisaria de uma ajuda’. "
Segundo Cabral, não foi um pedido
explícito: ‘Foi enviesado, né? Eu disse: ‘Bom, eu posso te ajudar’. Ele falou:
‘Poxa, seria ótimo’. ‘O que que você acha de R$ 200 mil?’ Ele falou: ‘Pô, tá
excelente’. Tanto que o Carlos Miranda menciona R$ 300 mil porque isso, também
em 2008, foi objeto de outro apoio que eu dei a um outro operador do direito,
que não é do Ministério Público. “
Carlos Miranda é apontado pela Lava
Jato como o principal operador financeiro de Cabral, responsável pela
contabilidade da propina da organização criminosa. Miranda fechou acordo de
delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
Os promotores perguntaram se Cabral
poderia identificar essa outra pessoa, mas o ex-governador preferiu não falar o
nome durante o depoimento. Ele ainda contou que esses R$ 300 mil saíram do
caixa da propina, administrado por ele e por Miranda.
Propina entregue
por Cabral
Cabral disse que, diferentemente de
outras pessoas que recebiam propina do grupo dele, no caso de Lopes e dessa
outra pessoa não identificada, era ele próprio – Cabral – que fazia as entregas
do dinheiro vivo.
“Pra mim foi um pouco constrangedor,
mas diante de, no caso, duas pessoas, tanto o procurador, candidato a
procurador-geral e a outra pessoa... [Eu disse:] ‘Tá bom, se é assim que vocês
querem, tudo bem’. E assim eu fiz, em momentos distintos, né? Aí ele [Lopes] se
elegeu por quatro votos de diferença, me ligou no dia da eleição. E aí ele
tomou posse em janeiro de 2009.”
Lopes e Marfan
negam
O advogado de Lopes disse que as
declarações de Cabral não merecem credibilidade porque ele já apresentou
inúmeras versões para os mesmos fatos, inclusive em contradição ao que disseram
outros acusados e testemunhas. A nota diz ainda que, levado pelo desespero,
Cabral é capaz de dizer qualquer coisa ainda que não seja verdadeira para
amenizar sua situação perante a justiça criminal.
Marfan declarou que o depoimento de
Cabral está cheio de contradições e mentiras. “As imputações formuladas pelo
ex-governador não coincidem com a cronologia dos fatos narrados e não merecem
qualquer credibilidade.” “A acusação é leviana e atinge a honra e imagem do
procurador Marfan Vieira, dos desembargadores e dos membros do Conselho
Superior do Ministério Público, que é citado de modo pejorativo”, diz a nota.
'Pé-de-meia'
Cabral diz que Cláudio Lopes não estava
satisfeito e, mesmo depois de assumir a chefia do MP, queria mais dinheiro. O
ex-governador afirma que Lopes contou, em um encontro em 2009, que precisava
fazer um "pé-de-meia".
“Passou o carnaval e aí, em março, ele
me procurou outra vez e disse: ‘Olha, é duro esse troço, eu tenho muita
preocupação com meu futuro, minha família, meus filhos, minha mulher... Enfim,
eu fico pensando nesse salário aqui. Eu ganho bem como procurador, mas, enfim,
fazer um pé-de-meia’. Eu lembro que ele usou essa expressão: ‘Tenho que fazer
um pé-de-meia’. E eu falei, estava nítido pra mim que era um pedido de apoio
financeiro: ‘Você quer um apoio mensal, é isso?’. "Ah, isso seria muito
bom pra mim’.”
R$ 150 mil por mês
Cabral diz que decidiu dar a quantia de
R$ 150 mil por mês: “É porque, por exemplo, eu entregava 150 mil todo mês ao
[ex-governador Luiz Fernando] Pezão. Aí eu falei: ‘Quer saber, eu vou dar pra
ele o mesmo valor que eu dou pro Pezão, então eu vou dar R$ 150 mil pra ele”.
Segundo Cabral, mais uma vez Lopes
pediu que a propina fosse entregue a ele pessoalmente. Os promotores
perguntaram se Lopes prometeu praticar algum ato para beneficiar Cabral por
causa da propina.
O ex-governador respondeu: “O
compromisso era proteção total a mim e aos meus. Palavras dele: ‘Fique
tranquilo que a proteção é a você e aos seus. Fique tranquilo porque aqui eu
vou controlar tudo’. Tanto que houve um ruído quando ele se licenciou para ser
candidato à reeleição em 2010 e houve uma investigação com o Sérgio Côrtes, e
ele ficou ali numa situação meio atabalhoada porque... Aí ele levou pra casa os
processos, eu sei que ele foi lá me dar satisfação. ‘Fique tranquilo porque tá
tudo acomodado, tudo’".
Sérgio Côrtes foi secretário de Saúde
de Cabral. Já foi preso duas vezes na Lava Jato, acusado de corrupção, e agora
responde em liberdade.
Cabral disse que Lopes chegou a
reclamar com ele duas ou três vezes que o pagamento da propina atrasou. Os
promotores perguntaram até quando Cabral pagou propina ao ex-procurador.
“O pagamento foi feito até ele sair da
Procuradoria-Geral, até... Eu diria que ele, depois, se insinuou um pouco
comigo, que esse recurso faria falta. Isso foi em 2013. Eu disse: ‘Olha
Cláudio, não dá mais, não tem como. Eu tenho necessidades aqui’.”
Sérgio Cabral disse que, em seu
primeiro mandato, de 2007 a 2010, intermediou um encontro de dois
representantes da TV Record com Cláudio Lopes.
“Eu fui procurado pelo diretor de
Marketing, diretor comercial da TV Record. Thomaz Naves, ainda é o diretor de
Marketing da TV Record. Se eu podia recebê-lo junto com o homem de confiança do
bispo Macedo. E aí, me foi apresentado na minha casa o Marcos, que foi ministro
do Desenvolvimento Econômico do presidente Michel Temer. Marcos alguma coisa.
Havia um problema no Ministério Público com a fundação que era dona da TV
Record.”
Os promotores, então perguntaram se
Cabral sabia o nome da fundação.
“Não me lembro da fundação, da
instituição, digamos assim, sem fins lucrativos que a TV Record, que tinha um
risco enorme. Na internet vocês vão encontrar. Marcos foi presidente do PRB.
Ele disse: ‘Olha, pelo amor de Deus, eu preciso muito estar com o doutor
Cláudio Lopes. É uma questão de vida, eu vim aqui, vim de Nova York, eu moro
nos Estados Unidos, vim de Nova York, para tratar desse assunto com o senhor a
mando do bispo Macedo’. Eu sinceramente pouco me interessei em saber qual era o
problema. Eu sei que tinha o risco de perder a televisão.”
Entre maio de 2016 e janeiro de 2018, o
ministro da Indústria, Comércio e Serviços do governo Temer foi o atual
primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcos Pereira, do PRB.
Ele reassumiu a presidência do partido
quando deixou o ministério. Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de
Deus, Marcos Pereira também já foi vice-presidente da TV Record.
Cabral diz que ligou para Lopes e
marcou um encontro com Thomaz Naves e Marcos Pereira em sua própria casa, no
Leblon, Zona Sul do Rio. Perguntado pelos promotores se o problema foi
resolvido depois do encontro com Lopes, Cabral respondeu: “Eu creio que sim.
Não, foi. O tal Thomaz Naves depois me agradeceu, mandou me agradecer, foi
resolvido”.
Pedidos sobre
Maracanã e Cidade de Deus
O Ministério Público também quis saber
se Lopes chegou a fazer outros pedidos a Cabral. O ex-governador disse que sim
e falou sobre duas obras: a desapropriação de um terreno na Cidade de Deus, na
Zona Oeste do Rio, e a reforma do Maracanã.
“Ele me procurou e disse que tinha uma
pessoa muito ligada a ele, que tinha a representação de uma multinacional
espanhola, deu o nome de Prosegur (...) que era na área de tecnologia. Bom, e
que poderia oferecer serviços lá na obra do Maracanã. Ele não era [de] ajudar
apenas a terceiros. Que ele ganharia um bom dinheiro com aquilo. Se eu não me
engano, R$ 5 milhões.”
Cabral disse que, depois do seu pedido,
a empresa indicada por Lopes foi contratada para a obra do Maracanã. E que,
depois disso, uma pessoa ligada a Lopes apareceu com dinheiro para ele, Cabral.
“R$ 300 mil... 300, 400... Eu falei:
‘Eu não quero, não, eu não tenho interesse nisso’ (...) Eu sei que eu acabei
ficando com o dinheiro, que me deixou até constrangido porque eu não tinha
nenhum... que eu nunca peguei dinheiro de empresas que prestam serviços às
obras que eu contratava. Eu fazia entendimento direto com as empresas, aquelas
que eu tinha relacionamento, que eram poucas, mas... as maiores. E, portanto,
eu não fazia... Imagina se eu ia entrar no terceirizado, né? Esse foi um pedido
que ele teve êxito. Um pedido que ele não teve êxito foi a desapropriação de um
terreno na Cidade de Deus.”
Segundo Cabral, Lopes tinha interesse
que o estado pagasse mais pela desapropriação de um terreno, alegando que a
favela da Cidade de Deus tinha sido pacificada com a implantação da uma UPP, e
por isso, o valor avaliado antes da pacificação estava defasado.
Segundo Cabral, o procurador disse que
ganharia R$ 1 milhão se o valor da desapropriação do terreno fosse atualizado
para cima.
“Aí ele falou: ‘Ah, vai ser tão bom pra
mim, eu vou ganhar R$ 1 milhão se isso...’. Acho que eram R$ 3 milhões e R$ 1
milhão ficaria pra ele. Num terreno na Cidade de Deus. Aí eu falei: ‘Aí não
dá’."
Defesas contestam
Em nota, a defesa de Pezão disse que o
ex-governador jamais recebeu qualquer valor a título de propina.
O deputado federal Marcos Pereira disse
que nunca morou em Nova York, que não existe nem nunca existiu nenhuma fundação
de interesse do grupo que ele representava, e que tais afirmações são
"puro delírio".
Thomaz Naves disse que nunca esteve na
casa de Cabral e que as declarações do ex-governador são infundadas.
A produção da GloboNews entrou em
contato com a TV Record e com a Prosegur e está aguardando as respostas.
Acusações contra o
Poder Judiciário
O depoimento de Cabral também cita
supostas movimentações de Lopes em relação ao Poder Judiciário. Cabral revelou
que, ao deixar a chefia do Ministério Público, Lopes pediu apoio dele para ser
nomeado ministro do Superior Tribunal de Justiça. Para isso, Cabral deveria
mandar um projeto para a Assembleia Legislativa acabando com a quarentena
obrigatória.
“Eu falei: ‘Tudo bem, se você
conseguir. Se essa vaga vier e tudo, conte comigo’. Mas acabou que não
prosperou. Marfan invalidou isso no Conselho Superior, se não me engano. Foi
invalidado. Não, na verdade ele pediu a mim que invalidasse. Eu mandei uma
mensagem à Assembleia invalidando.
Marfan Vieira, a quem Cabral se refere,
foi indicado por ele para voltar a ser o procurador-geral de Justiça do Rio, em
2013. Ele sucedeu Cláudio Lopes na chefia do MP do Rio.
Arquivamento da
‘farra dos guardanapos’
Sergio Cabral ainda falou sobre um
favor que Lopes fez pra ele: o arquivamento de uma investigação sobre a festa
que ficou conhecida como a "farra dos guardanapos", em que
secretários de Cabral e empresários foram fotografados com guardanapos na
cabeça durante um jantar em Paris, em 2009.
Cabral cita dois desembargadores do
Tribunal de Justiça do Rio indicados por ele em troca também da manutenção do
arquivamento da investigação pelo Conselho Superior do MP.
“Aí o Marfan me procurou e disse:
‘Olha, nós estamos com problema no Conselho Superior. O Cláudio não terminou o
trabalho, ele deixou esse abacaxi aqui, nós temos que concluir. Eu não tenho
votos suficientes para arquivar’. Primeiro, eu tranquilizei ele e disse: ‘Doutor
Marfan, o senhor fique tranquilo porque esse é um assunto que eu não tenho
nada’. Então ele falou: ‘Há quem queira prejudicar’. E aí traçamos um plano em
que houve, inclusive, um combinado político, que eu fizesse o Serginho – assim
chamávamos o chefe de gabinete dele, Marfan – abriria uma vaga de desembargador
do estado e que... A outra parte do grupo do Conselho Superior era liderada
pelo Marcos Chut, por pessoas ligadas ao Marcos Chut. E aí o Marcos Chut tinha
o desejo de ser candidato e o Marfan me disse: ‘Olha, eu não tenho como chegar
a esse grupo, e o que eu tenho ouvido é que o Marcos Chut tem uma tendência a
votar. O grupo lá... acho que você devia chamar o Marcos Chut pra uma
conversa.”
Cabral diz que chamou Chut para uma
conversa.
“E aí eu falei: ‘Marcos, eu queria
pedir o teu apoio e me comprometer com você, que a primeira vaga vai ser do
Serginho. Queria até pedir o teu grupo pra votar com o Serginho e você ir pra
segunda vaga, que talvez não seja comigo, seja com o Pezão. Eu vou chamar Pezão
aqui pra ele assumir esse compromisso’. Aí fizemos uma reunião e foi assumido
esse compromisso de que a primeira vaga seria do Serginho. Eu o nomeei, eu saí
em 3 de abril de 2014, eu nomeei o Serginho.
O então promotor Sérgio Nogueira de
Azeredo, que foi chefe de gabinete de Marfan no MP, tomou posse como
desembargador em março de 2015. Ele foi eleito para vaga do quinto
constitucional destinada ao Ministério Público.
Já o procurador Marcos André Chut
assumiu o cargo de desembargador dois meses depois, em maio de 2015. Ele também
se tornou desembargador através desse dispositivo jurídico que determina um
quinto das vagas de desembargadores nos tribunais para advogados e integrantes
do MP.
Cabral, então, deu detalhes sobre a
nomeação de Marfan como procurador-geral de Justiça em 2013.
“O Marfan conversou comigo, disse:
‘Olha, fique tranquilo, eu vou fazer uma gestão séria, limpa, eu sei do teu
envolvimento com o Cláudio, eu sei do que o Cláudio é capaz de fazer em termos
de constrangimento'. E aí eu nomeei o Marfan, talvez com um delay, uma demora
mais do que eu havia feito três meses antes, no biênio do Marfan, e aí
combinamos isso e o conselho arquivou.”
Os promotores perguntaram a Cabral se
Marfan Vieira condicionou os votos dele para o arquivamento do caso da “farra
dos guardanapos” à indicação de Sérgio Nogueira, chefe de gabinete de Marfan,
para o cargo de desembargador do Tribunal de Justiça.
“Ah, isso ficou implícito, isso ficou
implícito que... isso era fruto de um acordo. ‘Vamos arquivar, o meu grupo vai
votar com você e os votos do meu grupo não são suficientes para arquivar. É,
procure o outro grupo’.”
Quando Cabral apresentou a demanda a
Chut pelo arquivamento da investigação da “farra dos guardanapos”, os
promotores perguntaram o que Chut respondeu. Cabral contou que ele disse:
"Eu vou trabalhar o meu grupo e nós vamos aprovar e vou trazer aqui pra
estar com o senhor os votos."
O que dizem os
citados
O desembargador Sérgio Nogueira de
Azeredo disse que basta pesquisar na internet as datas e os fatos citados por
Cabral para descobrir que não são verdadeiros. E que Cabral já está condenado a
quase 200 anos de prisão e "de forma leviana e irresponsável, arvora-se
agora em arauto da moralidade para fazer, impunemente, inúmeras afirmações
mentirosas e imputações caluniosas, obviamente sem qualquer lastro
probatório".
O desembargador Marcos Chut esclarece
que o processo de escolha e sua posterior nomeação como desembargador
transcorreram de forma regular e por isso repudia veementemente o teor das
declarações de Sérgio Cabral.
Sobre o arquivamento do processo a
respeito da chamada "farra dos guardanapos", Marfan diz que foi feito
pelo ex-procurador-geral Cláudio Lopes, 14 dias depois de sua nomeação, mas
antes da posse. Segundo Marfan, isso joga por terra "a falaciosa imputação
de que a escolha de Marfan teria relação com o referido arquivamento".
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