We Do é uma das 11 empresas investigadas na Operação Mar Aberto.
Delegada afirma que pai do artista é líder do esquema, que sonegou ao menos R$
65 milhões.
Por Marina Meireles, G1 PE
DJ Jopin chegou acompanhado por policiais à sede do Draco, no Recife,
nesta quinta (9) — Foto: Reprodução/TV Globo
Preso pela Operação Mar Aberto na
quinta (9), José Pinteiro Júnior, conhecido como DJ Jopin, praticava lavagem de dinheiro e sonegação
de impostos através de eventos promovidos pela empresa
WeDo, que faz festas em praias do litoral pernambucano e monta camarotes em
eventos como carnaval e São João. A empresa é uma das 11 que participavam do
esquema, segundo detalhes divulgados nesta sexta (10) pela Polícia Civil.
A investigação aponta que pelo menos
R$ 65 milhões foram sonegados. "Não há como especificar quanto foi
movimentado e sonegado por cada uma das empresas, mas a movimentação financeira
ao longo de cinco anos foi de R$ 358 milhões", afirmou a delegada
Priscilla Von Sohsten, responsável pelas investigações. O G1 tenta contato com a
We Do Eventos.
Segundo a Polícia Civil, o DJ Jopin
era um dos nove integrantes de uma organização criminosa da qual o pai dele, o
empresário José Pinteiro da Costa Neto, era o líder. "Ele não tinha conta
bancária, mas o que chamava a atenção era o padrão de vida luxuoso e a fatura
do cartão de crédito em torno de R$ 80 mil, R$ 90 mil", detalha a
delegada.
A investigação aponta que os impostos
eram sonegados e, para despistar, as quantias eram "lavadas".
"Primeiro eles ocultavam o dinheiro, tiravam de circulação. Depois eles
faziam com que o dinheiro circulasse por várias contas, para despistar. E, em
seguida, reintegravam o valor comprando bens", detalha a delegada.
As investigações da Mar Aberto se
iniciaram em 2017, mas as irregularidades começaram a ser observadas pela
Secretaria da Fazenda (Sefaz) em 2012, com as constatações de 77 execuções
fiscais em nome de José Pinteiro na Procuradoria-Geral do Estado.
Carros de luxo foram apreendidos durante a Operação Mar Aberto, da
Polícia Civil de Pernambuco — Foto: Reprodução/WhatsApp
"Foram emitidos autos de
infração e alguns comunicados sobre sonegação, que não foram pagos e somam um
total de R$ 32 milhões", afirma o gerente-geral de operações estratégicas
da Sefaz, Marcelo Bellei.
Além de pai e filho, o esquema
criminoso também tinha a participação das seguintes pessoas:
· Andrea Bandeira de Melo Pinteiro (esposa de José Pinteiro)
· Victoria Bandeira de Melo Pinteiro (filha de José Pinteiro)
· Aníbal Teixeira de Vasconcelos Pinteiro (sobrinho de José Pinteiro e
sócio da We Do)
· Adriana Bandeira Vieira de Melo (cunhada de José Pinteiro)
· Rômulo Robérico Tavares Ramos (operador financeiro)
· Patrícia de Lima Oliveira (esposa de Rômulo e "laranja")
· Matheus Felipe Fonseca Nascimento ("laranja")
As defesas dos envolvidos não
comentaram as acusações e informaram que vão entrar na Justiça com pedido de
habeas corpus.
Investigação
A primeira empresa investigada,
Belmar, tinha como sócios os empresários Júlio Machado e José Pinteiro.
"Júlio Machado morreu em 2009, mas um dos presos nessa operação assinava procurações em nome dele até 2012", diz a delegada.
De acordo com a delegada Priscilla
Von Sohsten, Rômulo era o homem de confiança de José Pinteiro para assinar as
procurações e fazer as transações financeiras para as contas de outros membros
da família, com o objetivo de distanciar a verba sonegada das empresas.
"A esposa dele, Patrícia, era
vendedora de cosméticos. O que chamou a atenção foi ela ter uma conta com cerca
de R$ 4 milhões", afirma.
Além da WeDo e da Belmar, o estaleiro
Ecomariner, que atua há mais de 20 anos na construção de lanchas na Zona Sul do
Recife, também faz parte do esquema, segundo a polícia.
Durante os depoimentos, os alvos da
operação preferiram não se pronunciar, mas permanecem presos preventivamente.
Todos foram autuados por sonegação, lavagem de dinheiro e organização
criminosa.
Apreensões
Além das prisões, foram apreendidos
34 veículos, R$ 24 mil em espécie, obras de arte, relógios, joias e também
foram bloqueados 15 imóveis. As investigações, segundo a delegada, devem
continuar.
"Recebemos algumas denúncias
anônimas com a deflagração da operação e vamos seguir investigando para tentar
reaver os valores desviados de volta ao estado", diz Priscilla.
Segundo a Polícia Civil, a Ferrari
apreendida e os quadros de Di Cavalcanti eram réplicas. O Maserati e o Porsche
eram originais.
Blog do Paixão