
Vista Parcial de Araripina (Foto: Arquivo)

(O editor)
Fotos da BR 316 (Arquivo)
No meado da década de 40, começou a chegar a Araripina a estrada de rodagem, para ligar a Cidade ao Recife. Obra do Governo Federal, executada pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS.
Fotos do Cavalete (Arquivo)
O canteiro de obras foi instalado no Cavalete, bem próximo ao Açude do Governo e logo ficou conhecido como o Acampamento. Casas construídas de tábuas e cobertas de zinco, formando um pequeno arruado, abrigavam os operários ou os cassacos, como eram chamados os trabalhadores; uma casa também de madeira, coberta de telha, com piso em madeira, divisórias, com luz elétricas e geladeira servia de residência aos funcionários mais graduados, sob a chefia do Dr. Ismar, o engenheiro. Havia ainda as oficinas, galpões que ocupavam grandes áreas do arruado, em cujo pátio ficavam as máquinas e os caminhões.
As professoras, às vezes, levavam os alunos para ver os trabalhos da estrada. Impressionavam a criançada aquelas máquinas enormes, gigantescas, de barulho ensurdecedor e força descomunal, removendo montões de terra, arrastando árvores imensas, manobradas por um maquinista, que demonstrava no semblante o orgulho do artífice modelando a natureza e abrindo as portas do progresso.
Foram perguntar a um operário da oficina o que queria dizer aquelas letras pintadas na porta do caminhão, DNOCS. Sua resposta: - Doutor Nojento Obriga os Cassacos a Sofrerem. O blague pegou na Cidade. Mas todos gostavam do Dr. Ismar. Era um fidalgo, bonachão e amigo dos operários.
Era o progresso vindo para Araripina. Com ele, a alta do custo de vida. Os engenheiros e funcionários administrativos da firma empreiteira não tinham pena de dinheiro. Ofereciam melhor preço por galinhas, ovos, verduras e outros produtos da feira. O comércio disparou, dando início a fase de grandes migrações para Araripina. O fluxo do progresso forçava as portas da Cidade, que ganhara u’a moderna via de comunicação como o resto do Estado, por onde trafegavam dezenas de caminhões, abastecendo com suas cargas o comércio da Cidade e voltando com o produto da terra, a farinha de mandioca. Iniciou-se uma fase do comércio de gado, vindo do Piauí e embarcado em Araripina, na Carregadeira, local da feira do gado. Dali era levado em caminhões para o litoral, Caruaru ou Arcoverde. Instalaram-se as bombas de gasolina e a rede de hotéis e pensões se expandiu.

Hoje a velha estrada está de roupa nova, toda asfaltada e até com nome bonito lhe foi dado, BR-316.





A LUZ ELÉTRICA. De cima da carroceria do caminhão de Seu Isaías Bezerra, dirigido por Dida, logo depois de passar de Morais, divisamos as luzes da torre da igreja. Vínhamos de férias, no mês de junho de 1949. Éramos seminaristas (Ranilson, Vicente e eu) e estudantes, procedentes de Pesqueira, Caruaru e Vitória de Santo Antão. A alegria de ver a cidade iluminada foi geral. Chegamos à cidade, à noite. A luz acesa nos oferecia um espetáculo deslumbrante. Postes de madeira espalhados pela rua e deles pendentes a luz amarela das lâmpadas transparentes. Vinha do motor Caterpillar que Seu Né comprara. Instalado num dos salões da Cooperativa, sob os cuidados de João Teles.
Às 6 horas da noite era ligada a luz, que se apagava às 11, precedido do “sinal”, para que se pudesse providenciar os candeeiros e as lamparinas, que iluminariam o resto da noite daqueles que quisessem ficar acordados até mais tarde. O motor da luz aposentou-se em 1966, quando chegou à Araripina a energia de Paulo Afonso.
Quando o prefeito, Joaquim Modesto mandou instalar nas esquinas da cidade os lampiões de gás. À tardinha, Seu Adelino ia acendê-lo, com a ajuda de Jorge Modesto, e quando lhe dava o sono ia apagá-los, recolhendo-os à sua casa.
Os tempos mudavam e com eles a cidade.






















Fragmentos do Livro - Araripina, História, Fatos e Reminiscências de Francisco Muniz Arraes
Blog do Paixão