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Investigação mostra que remédios clandestinos eram misturados em betoneira e colocados em baldes, em Cachoeira Alta


Milhares de cápsulas foram apreendidas e 14 pessoas foram presas. Polícia encontrou mais de R$ 1 milhão guardado em carro de luxo que pertencia a um dos suspeitos.

Por Maurício Ferraz e Vitor Santana, TV Globo e G1 GO


Quadrilha fatura alto com a venda remédios para emagrecer adulterados

As investigações da Polícia Civil e do Ministério Público mostram que os remédios para emagrecer produzidos clandestinamente em Cachoeira Alta eram misturados em uma betoneira de construção civil e colocados em baldes sem higiene. A fábrica clandestina, que funciona em uma fazenda, foi fechada e milhares de cápsulas foram apreendidos. Quatorze pessoas foram presas.

A fábrica clandestina funcionava dentro de uma fazenda. No local foram encontradas duas toneladas de produtos que eram usados na fabricação das cápsulas. Tudo era produzido sem nenhum padrão. “Totalmente clandestino, não tinha Vigilância Sanitária, da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], nenhuma autorização, nenhum responsável técnico pela fabricação dos medicamentos”, disse o delegado Rafael Gonçalves do Carmo.

Para aumentar a produção das cápsulas, o grupo precisava de um equipamento para misturar as substâncias em grande quantidade. Eles decidiram, então, comprar uma betoneira, usada na construção civil.

“Algo surreal, inacreditável. Nem mesmo existiam instrumentos de rigor para pesar o tanto da formula que eles utilizavam, sequer eles mesmos sabiam o tanto de medicamento que eles estavam colocando de cada substância”, afirmou o promotor Fabrício Lamas Borges da Silva.


Remédios produzidos clandestinamente em Cachoeira Alta — Foto: Reprodução/TV Globo

A operação aconteceu no último dia 4. Segundo as investigações, os criminosos vendiam os medicamentos pela internet para todo o país. As investigações começaram em Paranaiguara, cidade goiana com 10 mil habitantes. O comportamento de alguns moradores começou a intrigar o Ministério Público.

“De uns tempos para cá, pessoas foram aparentando ter riquezas como carros de luxo, viagens, casas reformando, mansões. Não era compatível com a realidade de cada um deles”, disse a promotora Daniela Lemos Salge.

Essas pessoas começaram a ser investigadas e a polícia descobriu que o dinheiro vinha de uma rede de produção clandestina de medicamentos. Escutas telefônicas mostram que Zaidem Filho, suspeito de ser um dos líderes da organização criminosa, fala com a esposa sobre o dinheiro guardado em sacolas dentro de um dos carros da família.

“Quatro atrás, de plástico, uma de papel, uma atrás do banco. Seis, sete. Mais a do porta-luvas, oito. Cada uma dessas aí tem 150 [mil]. Só a de papel tem 170 [mil]”, diz o homem. Segundo a polícia, o valor nas sacolas passa de R$ 1 milhão.

O advogado de Zaidem Filho e da esposa disse que não vai se manifestar porque não teve acesso à investigação.


Dinheiro guardado dentro de malas e sacolas no porta-malas do carro de luxo — Foto: Divulgação/Polícia Civil


Os remédios eram vendidos como fitoterápicos, ou seja, a base de plantas. Porém, na realidade, Eles tinham substâncias sintéticas e de uso controlado, como sibutramina e fluoxetina. A polícia ainda investiga a origem desses produtos.

A sibutramina é usada para diminuir a sensação de fome. Já a fluoxetina é um antidepressivo. As duas são de uso controlado.

Depois que todas as substâncias eram misturadas, o suposto medicamento se transformava em um pó fino com cheiro de ervas. Porém, o mesmo pó ganhava diferentes rótulos, com nomes diferentes, e enviado para várias partes do Brasil e até para Portugal.

Os suspeitos podem responder por adulteração de produto, que é um crime hediondo, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Em nota, a Anvisa disse que a venda de produtos clandestinos é um caso de polícia e que medicamentos só podem ser comercializados por farmácias e drogarias. Pela internet, apenas estabelecimentos que existem fisicamente estão habilitados.

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