Lançado em 1970, o antológico primeiro álbum do
cantor resiste bem ao tempo.
Tim Maia na capa do primeiro álbum, de 1970 — Foto: Reprodução
Desde
1969, o sucesso já vinha rondando Sebastião Rodrigues Maia (28 de setembro de
1942 – 15 de março de 1998) por conta da gravação por Roberto Carlos do funkaço Não vou ficar, composição de
autoria do amigo com quem o então Rei da juventude convivera
no bairro carioca da Tijuca nos tempos de dureza.
Mas
foi em 1970, há 50 anos, que o popular Tim Maia emergiu de vez e fez o Brasil
dançar ao som do soul e do funk, ritmos norte-americanos que o cantor e
compositor carioca soube misturar com levadas nacionais e um tempero original.
Em
1970, o artista lançou um primeiro álbum antológico, Tim Maia, e nunca mais deixou de ser referência no
universo do funk e do soul do Brasil.
Tim
Maia virou uma lenda. Um artista cujo temperamento agitado rendeu histórias que
entraram para o folclore da música brasileira e, de certa forma, se tornaram
maiores do que a obra de Tim. Mas a obra está aí e (parte dela) resiste muito
bem ao tempo.
A
rigor, a discografia de Tim Maia é realmente relevante somente no período que
vai de 1970 a 1983, sobretudo pelos álbuns gravados entre 1970 e 1975. De 1984
em diante, Tim diluiu e adocicou essa obra, aderindo ao romantismo pasteurizado
dominante na década de 1980.
Só
que Tim soube viver dos sucessos amealhados até 1983, enfileirando nos shows
uma sequência irresistível de hits, como se comandasse um baile. Quando ele ia
aos próprios shows, a diversão era garantida se não brigasse com os técnicos de
som e saísse do palco.
A
pedra fundamental dessa obra adorada por pessoas de todas as classes sociais é
o álbum Tim Maia de 1970. Esse
disco apresentou músicas como a balada-soul Azul da
cor do mar, composta por Tim em momento de solidão e melancolia.
Os compositores Cassiano e Silvio Roachel contribuíram com outras duas baladas
de peso, Eu amo você e Primavera (Vai chuva), ambas encharcadas da alma do
soul.
Nem
tudo era soulfrência. Coroné Antonio Bento (João
do Vale e Luiz Wanderley) animou a festa ao misturar soul com baião, erguendo
ponte entre os Estados Unidos e o nordeste do Brasil, antecipando em dois anos
a fusão (de tom mais roqueiro) feita por Raul Seixas (1945 – 1989).
Com
o vozeirão grave de baixo-barítono, Tim amplificou todas essas músicas e as
eternizou no cancioneiro nacional. Outros sucessos vieram. Mas a base foi
plantada há 50 anos nesse disco histórico lançado em 1970 e intitulado tão
somente Tim Maia.
Blog do Paixão