
Jarbas Vasconcelos derrotou Miguel Arraes por uma diferença de mais de 1
milhão de votos
Com o afastamento de Jarbas Vasconcelos de Miguel Arraes que ocorreu em 1992, a União por Pernambuco começaria a ser gestada em 1994, mas somente efetivada em 1996 na eleição de Roberto Magalhães para prefeito do Recife sucedendo o próprio Jarbas Vasconcelos.
Jarbas era aliado de Arraes e ficou chateado com a postura dele em 1990 quando não disputou o Senado em sua chapa, e acreditava que nunca chegaria ao Palácio do Campo das Princesas se continuasse subordinado ao ex-governador, já o PFL nunca havia conseguido derrotar Arraes de forma direta, perdendo em 1986 com José Múcio e com Gustavo Krause em 1994. Separados, eles não chegariam a lugar nenhum.
O deputado federal José Mendonça Bezerra, importante liderança do agreste e do PFL foi o idealizador de uma aliança que faria frente ao poderio de Arraes, fragilizado pelo escândalo dos Precatórios. A chapa então teve o jovem deputado federal Mendonça Filho no posto de vice, com Jarbas Vasconcelos candidato a governador e José Jorge, também deputado federal, como senador.
A chapa de Miguel Arraes teve Fernando Bezerra Coelho como vice e Humberto Costa na disputa pelo Senado. Naquele ano seria a primeira disputa com chances de reeleição, aprovada em Brasília em 1997 com emenda de autoria de Mendonça Filho, mas como não havia a cultura de reeleição em Pernambuco e o escândalo dos Precatórios agravou a situação de Arraes na busca pelo que seria o seu quarto mandato como governador de Pernambuco.

Mendonça Filho, que viria a ser vice-governador e José Mendonça, idealizador da aliança do PFL com Jarbas Vasconcelos
No decorrer da eleição, nenhuma surpresa, uma vez que apesar de ser governador, Arraes chegou ao pleito muito desgastado politicamente e fragilizado eleitoralmente. Com a abertura das urnas em 4 de outubro daquele ano, Jarbas Vasconcelos impôs uma derrota de mais de um milhão de votos de diferença a Arraes, levando consigo o senador José Jorge (PFL).

José Jorge também se elegeu senador na chapa da União por Pernambuco
Também foram candidatos a governador Carlos Wilson (PSDB), Fred Brandt (PHS), Lúcia Albuquerque (PSC) e Joaquim Magalhães (PSTU), também disputaram o Senado Waldemar Borges (PPS), João Olímpio (PSC), Ana Rodrigues (PSN) e Temporal (PSTU).
Deputado federal mais votado daquele pleito, Eduardo Campos ao lado de Miguel Arraes, seu avô
Na disputa para deputado federal, mesmo sendo o pivô do escândalo dos Precatórios, Eduardo Campos foi o mais votado daquele pleito com 173.657 votos, seguido de Inocêncio Oliveira (PFL) e Cadoca (PMDB).
Por Edmar Lyra
Naquele mesmo ano, três dias após a derrota expressiva de Miguel Arraes para Jarbas Vasconcelos, a Revista Veja em sua Edição nº 38, de 23 de setembro de 1998, publicou uma matéria intitulada: O FIM DE ARRAES. A matéria repercutiu negativamente para um prenúncio de uma derrocada antecipada no pleito de outubro, mesmo assim, o ex-governador, patriarca da oligarquia pernambucana, obteve na justiça o direito de resposta e na mesma enumerou os feitos de um homem que segunda a nota, era uma liderança política de expressão, pela coragem e forças que fizeram parte do sua trajetória e biografia dentro do cenário político estadual e nacional.
A revista no seu conteúdo jornalístico "O fim de Arraes" (Edição do dia 09/12/1998), afirmava que o "Pai Arraia" do Sertão, como era chamado em Pernambuco, agora era vaiado em comícios e chamado de o "Pinochet de Pernambuco", em referência a Augusto José Ramón Pinochet Ugarte, que foi um general do exército chileno e ditador do seu país de 1973 a 1990.
Arraes pode não ter sido um Pinochet, mas deixou de legado para Pernambuco uma discípula do ditador, que comanda o estado como se fosse uma dinastia e tem um projeto de permanência de poder que inclui o filho e bisneto do ex-governador nos planos.
Do Editor
Blog do Paixão