Estudo da FIEPE aponta que, apesar das perdas,
apenas 33,2% das empresas pesquisadas realizaram demissões até o momento

Ao
término do primeiro mês de isolamento social, o cenário provocado pela pandemia
da Covid-19 já começou a afetar as indústrias pernambucanas. Estudo elaborado
pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) revelou que
61,88% das indústrias pesquisadas já sentiram uma queda superior a 50% nos seus
faturamentos - sendo que, para 38,1% do total, a redução foi superior a 75%.
Apesar disso, apenas 33,2% das empresas realizaram demissões devido à pandemia.
A redução de salário e jornada de trabalho e a suspensão dos contratos,
alternativas oferecidas pela Medida Provisória 936/2020, vêm sendo adotadas
pelos empresários de forma ainda incipiente, o que revela um esforço do setor
produtivo local na preservação dos postos de trabalho.
A pesquisa identificou que apenas 15,98% das
indústrias não foram afetadas pela pandemia causada pelo novo coronavírus.
Dentre os setores mais afetados, destacam-se os segmentos de confecção e
têxtil, construção civil, gesso, cerâmica vermelha, indústria moveleira,
bebidas (cervejas artesanais) e metalmecânico. “Nosso objetivo era entender de
que forma os industriais pernambucanos estão se comportando neste cenário de
crise e como a queda de faturamento afetou o mercado de trabalho industrial. Os
dados servirão para que possamos defender os interesses do setor produtivo de
forma ainda mais efetiva”, explica o gerente de Relações Institucionais da
FIEPE, Maurício Laranjeira. Ao todo, 199 empresas responderam à pesquisa,
realizada entre os dias 16 e 22 de abril.
Segundo o estudo, as demissões foram adotadas, em
maior grau, pelas empresas que sofreram quedas mais significativas de
faturamento. Das empresas que apontaram redução de 75% em seu faturamento, por
exemplo, 40 optaram por demitir seus empregados (49,3%). Já entre as que
sofreram queda entre 51% e 75%, o índice cai para 36,9%. “Os empresários estão
segurando os empregos. Isso pode ocorrer tanto pela dificuldade de demitir
quanto pela visão de que é importante manter o quadro de funcionários, que já é
treinado, para quando essa crise terminar”, pondera Laranjeira.
A construção civil foi o setor responsável pela
maior parte dos desligamentos. Das 955 demissões declaradas na pesquisa, 129
foram feitas por este segmento, o que corresponde a 13,5% do total. “É um setor
com mão de obra muito intensiva, que emprega muita gente e que está quase
totalmente parado”, justifica Laranjeira. Vale lembrar que o setor foi
diretamente impactado pelo decreto estadual 48.834, assinado em 20 de março,
que paralisou 70% das obras em andamento no Estado, o que afetou 40 mil
trabalhadores.
Entre as propostas elencadas na MP 936/2020,
publicada pelo Governo Federal no início de abril, a redução de salário e de
jornada foi realizada por apenas 31,56% das empresas pesquisadas. Já a
suspensão dos contratos foi adotada por 27,46% das indústrias. Entre as que
adotaram essa medida, a maior parte (48%) optou pela suspensão por 60 dias. “O
que notamos é que muitas indústrias escolheram não realizar essas negociações.
Muitas delas optaram, em primeiro lugar, pelas férias coletivas e estão
aguardando o desenrolar dessa pandemia, cenário que ainda não está muito claro
para nenhum de nós”, pontua Laranjeira.
Blog do Paixão