Segundo a CDL-Recife, fluxo representou entre 30% e 40% de um dia normal antes da pandemia. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP)
O plano de reabertura das atividades econômicas de Pernambuco viveu, nesta segunda-feira, uma etapa importante. As lojas de até 200 metros quadrados do varejo de rua, de bairro e do centro, foram reabertas e parecem ter despertado uma demanda represepada ao longo dos 86 dias de fechamento do comércio considerado não essencial no estado. Com protocolos específicos a serem seguidos com objetivo essencial de evitar aglomeração e a disseminação do coronavírus, muita gente decidiu sair de casa neste primeiro dia de liberação de funcionamento, gerando uma movimentação intensa no Centro do Recife e em Casa Amarela, nas lojas nas proximidades dos mercados públicos de cada bairro. Porém, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL-Recife), o fluxo de pessoas girou entre 30% e 40% de um dia normal antes da pandemia.
Em três meses, a dona de casa Lêda Oliveira, de 52 anos, havia saído de casa apenas para ir na farmácia ou no supermercado. Porém, nesta segunda-feira, foi a primeira vez que decidiu buscar por produtos não essenciais. Ela enfrentou uma fila na frente de uma loja de móveis e eletrodomésticos, com a expectativa de encontrar um sofá e um rack em promoção. Casa Amarela foi o segundo destino da sua busca. "Já fui no Centro e não encontrei nenhum preço bom, então vim para cá ver se encontrava preços melhores. É a primeira vez que saio para comprar algo da vida normal, que não seja de emergência, e estou aliviada de sair de casa", disse.
Lêda Oliveira passou três meses saindo apenas para o essencial e agora saiu em busca de um sofá. (Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP)
Assim como ela, muitos pessoas aproveitaram a flexibilização para dar uma volta no comércio. Os estabelecimentos com maior fluxo de clientes, como armarinhos e lojas de aviamento, por exemplo, controlavam a entrada dos consumidores para seguir as normas de distanciamento mesmo no interior da loja e disponibilizavam álcool 70. Mas a conscientização também depende da população, além dos lojistas. Filas eram formadas na entrada do lado de fora e, de uma forma geral, sem que o distanciamento fosse respeitado. Ainda que a maioria das pessoas usasse máscara, nas ruas, algumas ignoravam a obrigatoriedade ou insistiam em manter o item de proteção no pescoço.
A necessidade de seguir os protocolos de distanciamento é essencial até para que o plano de flexibilização das atividades econômicas em Pernambuco, que tem perspectiva de durar 11 semanas, seja mantido. "Todo mundo sabia que ia ter gente na rua, mas de uma maneira geral foi tranquilo este primeiro dia. Quando o comércio passa três meses fechado, dá essa sensação que tem muita gente porque temos o parâmetro do fechamento. Mas foi tranquilo e é bom que seja assim, tem que voltar com prudência, devagar e seguindo as normas para não precisar fechar novamente o que já foi aberto e atrapalhar as próximas atividades previstas para serem reabertas", disse Cid Lobo, presidente da CDL-Recife.
Cuidados tomados pelo autônomo Roberto Cavalcanti, que vende óculos, armações e lentes e saiu de casa pela necessidade de manter sua atividade funcionando. Ele precisou enfrentar uma fila na entrada de uma ótica com venda para atacado. "Como faço delivery e tenho 20 anos de mercado, consegui manter algumas vendas nesses últimos três meses. Mas eu tava precisando reabastecer meu estoque faz tempo e decidi vir. Acredito que as pessoas vão voltar a fazer exame de vista e precisar renovar os óculos. É uma questão essencial, de saúde da visão", afirmou, usando máscara e mantendo o distanciamento por ser diabético e considerado do grupo de risco. "Passei muito tempo parado e agora preciso me virar. Tem que manter o foco e se prevenir porque na necessidade não tem como ser diferente", acrescentou.
Atividades
Nesta segunda-feira, também foram autorizados a voltar a reabrir os salões de beleza e serviços de estética, além do comércio de veículos, serviços de aluguel e vistoria de veículos com 50% dos funcionários de vendas e dos treinos de futebol profissional. A próxima etapa do plano de flexibilização, ainda sem data prevista, vai reabrir o varejo de rua, de bairro e centro, como um todo e a construção civil com 100% dos funcionários.
No entanto, as medidas que reabriam as atividades econômicas nesta segunda-feira não passaram a valer para 85 municípios que fazem parte das regiões de saúde de Palmares, Goiana, Caruaru e Garanhuns. A flexibilização nestes locais foi adiada pelo governo do estado por, pelo menos, mais uma semana porque esses locais não acompanharam a tendência de queda de contaminação do coronavírus e da demanda por leitos de UTI.
Blog do Paixão