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Caso Miguel: 'as pessoas me julgaram antes mesmo da Justiça me julgar', afirma Sari Corte Real sobre morte do menino que caiu do 9º andar

Primeira-dama de Tamandaré era responsável pelo filho de doméstica quando ele caiu de um dos edifícios conhecidos como 'Torres Gêmeas', no Recife, em 2 de junho.


Sari Corte Real durante entrevista ao Fantástico, no domingo (5) — Foto: Reprodução/TV Globo

Por Beatriz Castro e Wagner Sarmento, TV Globo

"Meus dias estão terríveis. Eu vivo no psiquiatra, preciso de remédios para dormir, porque eu estou sendo julgada pela sociedade e, na verdade, as pessoas me julgaram antes mesmo da Justiça me julgar. Eu nem cheguei na Justiça e eu já estou julgada". Isso é o que diz Sarí Gaspar Corte Real, primeira-dama de Tamandaré e ex-patroa da mãe de Miguel, menino de 5 anos que estava sob os cuidados dela quando caiu do 9º andar de um edifício de luxo, no Recife (veja vídeo acima).

No domingo (5), o Fantástico exibiu a primeira entrevista da primeira-dama à imprensa, desde a morte de Miguel, que ocorreu no dia 2 de junho. Mirtes Souza, mãe do menino, disse que a ex-patroa "tentou mostrar uma imagem sofrida".

Nesta segunda (6), o NE1 apresentou novo trecho de entrevista com a primeira-dama de Tamandaré. Nesta parte, Sari Corte Real disse que, desde o ocorrido, teme pela própria vida.

"Eu não tive nem tempo de me defender e já estou julgada. Hoje, eu não posso sair na rua, eu tenho medo de sair na rua e ser linchada. Eu não posso fazer a coisa que eu tenho mais prazer na minha vida, não posso correr. Não posso fazer nada. Eu, hoje, já estou numa prisão, dentro da minha casa. Eu não posso mais sair", declarou.

Segundo Sari, nos últimos momentos de vida do menino, as únicas palavras trocadas com ele foram para pedir que ele saísse do elevador e que esperasse pela mãe dentro do apartamento da família. No momento do ocorrido, Mirtes passeava com a cachorra da ex-patroa enquanto a primeira-dama, em casa, fazia as unhas com uma manicure.

"Apesar de todas as coisas que foram faladas, todas as coisas que foram ditas, eu respeito a dor dela. Não sinto ódio, não sinto raiva, não sinto nada por elas. Eu continuo tendo o mesmo carinho pelas duas, porque a relação da gente não foi de um dia, de um mês, dois meses. Eu tive seis anos com Marta e quatro anos com Mirtes. Foi uma relação longa. Eu tenho muito carinho por elas e não é do dia para a noite que a gente esquece as pessoas. Não é do dia para a noite", afirmou.

Durante dois meses, Mirtes Souza e a mãe, Marta, ficaram com Miguel na casa do prefeito de Tamandaré, na cidade em que ele governa. Segundo a ex-patroa, a relação das famílias dos empregadores e das empregadas era "excelente".

"Quando eles ficaram com a gente na praia eles conviveram com a gente, meus filhos passavam a maior parte do tempo na casa da minha sogra e Miguel ia junto, era sempre brincando, naquele mesmo momento. Se saía para tomar picolé, Miguel ia também. Eles ficavam no meu quarto de hóspedes. A gente tem a dispensa de empregada, o quarto da empregada. Nunca ficaram, sempre ficaram no quarto de hóspedes, porque eu acho que todo mundo tem que ficar confortável em casa. Eu considerava eles como hóspedes dentro de casa, então eu acho que eles tinham que estar bem confortáveis dentro de casa", disse Sarí Corte Real.

Mais de um mês depois da morte de Miguel, Sarí Corte Real afirmou que ainda tenta se recuperar do ocorrido. Ela disse que passou por muitas tragédias na vida, entre elas a da morte do pai, Silvio Gaspar, que faleceu na queda de uma aeronave experimental particular, entre os municípios de Nova Odessa e Americana, no interior de São Paulo.

"A Sari é uma pessoa que já passou por muitas tragédias na vida. Já tive tentativa de sequestro, já perdi meu pai, tenho uma mãe que depende de mim e um irmão que, até hoje, não aceitou a morte do meu pai. Eu não posso cair, porque sou um pilar para eles. Tenho meus filhos, que dependem muito de mim. Eu sei que tenho que estar firme e, apesar de tudo, eu tenho que estar aqui, eu tenho que criar meus filhos. Meus filhos têm que ter a mãe", declarou.


Miguel Otávio, de 5 anos, morreu ao cair do 9º andar de edifício no Recife — Foto: Reprodução/Facebook

Repercussão

Durante a entrevista ao Fantástico, no domingo, a família da criança de 5 anos pediu que a hashtag #JustiçaPorMiguel fosse postada nas redes sociais. A hashtag ficou entre as mais comentadas do Twitter. Além disso, parentes do menino também fizeram um “panelaço” durante a fala de Sari


Família de Miguel fez 'panelaço' para pedir Justiça por Miguel durante entrevista de Sari ao Fantástico, no domingo (5) — Foto: Reprodução/WhatsApp

Fotos perdidas

Na sexta-feira (3), a doméstica Mirtes Renata declarou que sua conta no Instagram foi hackeada. Segundo ela, todas as fotos foram apagadas do perfil, e algumas das imagens estavam somente nessa rede social.

Nesta segunda (6), Mirtes afirmou ter sido procurada por pessoas que encontraram fotos dela e do filho na internet. "Algumas pessoas me enviaram fotos que estavam soltas nas redes. Eu fiquei muito feliz. Outras pessoas também me ofereceram ajuda para recuperar a conta no Instagram", disse.

Caso Miguel

Miguel caiu do 9º andar do edifício Píer Maurício de Nassau, no bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife, no dia 2 de junho. A mãe dele, Mirtes Souza, o deixou com a ex-patroa para passear com Mel, a cadela da família que a empregava (veja vídeo acima).

No dia da morte de Miguel, Sari foi presa em flagrante por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Em 1º de julho, ela foi indiciada pela polícia por abandono de incapaz que resultou em morte. Esse tipo de delito é considerado "preterdoloso", quando alguém comete um crime diferente do que planejava cometer.

O Ministério Público recebeu o inquérito na sexta-feira (3) e deve decidir se oferece a denúncia contra a primeira-dama à Justiça ou se pede novas ações à Polícia Civil. O promotor que for designado para o caso tem 15 dias para analisar os autos da investigação e tomar uma decisão.

Perícia

Segundo a polícia, a criança saiu do apartamento de Sari para procurar a mãe e foi até os elevadores do condomínio. Imagens das câmeras de segurança mostram que, por pelo menos quatro vezes, a primeira-dama de Tamandaré conseguiu convencer Miguel a sair do elevador social e de serviço. 

Por meio de perícias, o Instituto de Criminalística de Pernambuco (IC) constatou que Sari Corte Real acionou a tecla do elevador que dá acesso à cobertura às 13h10, saindo do elevador em seguida. O laudo contradiz a versão dada pelo advogado de defesa da primeira-dama.

No 9º andar, Miguel seguiu em direção a um corredor e parou defronte à janela da área técnica, escalou um vão e alcançou uma unidade condensadora de ar. Miguel tinha 1,10 metro e a janela, 1,20 metro. Marcas das sandálias que a criança usava atestaram que ele ficou em pé na condensadora.

Para descer de lá, Miguel pisou em um segundo equipamento do mesmo tipo e se dirigiu a um gradil que tem função estética. A criança escalou as grades e, ao chegar ao quarto "degrau", se desequilibrou e caiu.

A perícia descartou a hipótese de que alguém estivesse com a criança no 9º andar. Para isso, foi calculado o tempo em que o garoto saiu do elevador e caiu no térreo: 58 segundos. Também não havia vestígios de outra pessoa no corredor em que a criança entrou.

Funcionárias-fantasma

Depois da tragédia, veio à tona uma irregularidade na prefeitura de Tamandaré, envolvendo o marido de Sari, o prefeito Sérgio Hacker (PSB). Mirtes e a mãe dela, Marta Santana, trabalhavam como domésticas para a família do prefeito, mas eram pagas pela prefeitura.

Na quinta-feira (2), o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) determinou o bloqueio parcial dos bens do prefeito e secretária de Educação, Maria da Conceição Cavalcanti.

Além disso, na quarta-feira (1º), o Ministério Público de Pernambuco entrou com uma ação para que o prefeito responda por improbidade administrativa. Desde a morte de Miguel, a mãe e avó do menino contaram não ter recebido um centavo sequer. A advogada trabalhista Karla Cavalcanti afirmou que o caso está na Justiça.

A reportagem da TV Globo procurou o prefeito, que afirmou, por meio de nota enviada na quinta (2), que não foi comunicado oficialmente da ação judicial e que vai recorrer da determinação de indisponibilidade de bens, porque considera uma medida "completamente desnecessária".

Auxílio emergencial


Sari Gaspar Corte Real é primeira-dama de Tamandaré — Foto: Reprodução/Internet

O nome de Sari Gaspar Corte Real aparece no portal Dataprev após um pedido de auxílio emergencial, benefício concedido durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Segundo o Dataprev, o auxílio emergencial foi solicitado em 14 de maio. O portal recebeu o pedido no dia seguinte. Os dois filhos de Sari, de 6 e 3 anos de idade, estão cadastrados como parte do grupo familiar. A defesa da primeira-dama de Tamandaré informou, por telefone, que a solicitação de auxílio emergencial feita em nome dela é uma fraude.

Homenagens


Manifestantes deitaram na rua, na frente do prédio onde Miguel Otávio caiu do 9º andar, durante protesto, no Centro do Recife — Foto: Pedro Alves/G1

O caso ganhou repercussão nacional, com manifestações de políticos e artistas na internet e criação de um abaixo-assinado virtual com mais de 2,5 milhões de assinaturas pedindo justiça por Miguel.

No dia 12 de junho, durante um ato em frente ao prédio de onde Miguel caiu, manifestantes levaram cartazes com pedido de justiça e caminharam até a delegacia onde o caso foi investigado. Eles pediram que a ex-patroa da mãe do menino fosse punida por homicídio doloso, quando há intenção de matar.


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