Flávio do Fórum (PL) foi preso
preventivamente nesta quarta-feira (22) na Operação Rateio. Segundo a Polícia
Civil, desvio ocorreu desde 2017.
Por Marina Meireles, G1 PE
Vereador Flávio do Fórum foi preso na Operação Rateio — Foto:
Reprodução/TV Globo
A Operação Rateio, que prendeu o vereador Flávio do Fórum (PL), investiga um possível esquema de "rachadinha" no gabinete do parlamentar, na Câmara Municipal do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. A suspeita da Polícia Civil é de que ele tenha se apropriado indevidamente de até 90% dos salários dos comissionados da Câmara (veja vídeo acima).
Através das investigações, a Polícia Civil constatou o desvio de R$ 2,6 milhões. O montante teria sido desviado desde 2017, ano de início do mandato dos vereadores da atual gestão.
"Dependendo do cargo, os salários chegavam a R$ 12 mil, mas esse valor pode ser maior porque ainda existem as gratificações. Percebemos que os comissionados não ganhavam tudo, eles ganhavam, em média, cerca de R$ 900", afirmou a delegada Isabela Porpino, à frente das investigações.
Com a instalação do sistema de biometria na Câmara, alguns dos comissionados iam ao local para "bater o ponto" e, em seguida, saíam. "O que estamos apurando é se existia algum tipo de coação para essas pessoas participarem do esquema", disse a delegada.
A Polícia Civil
também constatou que, em alguns casos, houve demissão em massa de pessoas que
ocupavam cargos comissionados na Câmara, seguida da contratação dos mesmos
funcionários. "Isso era feito para arrecadar a verba rescisória de volta
para os envolvidos. Isso acabava frustrando os direitos trabalhistas desses
vereadores", declarou.
A Polícia Civil,
constatou, ainda, a cessão de comissionados do gabinete da presidência da
Câmara aos gabinetes de outros vereadores. "Um sobrinho do vereador preso
estava lotado no gabinete do presidente da Câmara, mas, na prática, trabalhava
no gabinete do tio", explicou a delegada.
Polícia Civil apreendeu documentos e computadores na Operação Rateio — Foto: Polícia Civil/Divulgação
A apropriação do
dinheiro de diárias de congressos também é investigada pela Polícia Civil. As
investigações mostram que outras pessoas iam aos eventos e assinavam os
documentos em nome dos comissionados. "Isso se configura como falsificação
documental", contou Isabela.
De acordo com a
delegada, o uso irregular de verbas por representantes políticos impacta
diretamente na sociedade. "A corrupção atinge todas as áreas. Os esgotos,
as filas nos hospitais. A corrupção mata mais do que os grupos de extermínio,
sendo que é uma morte velada", disse.
As investigações
seguem em andamento, segundo a delegada. "Estamos apurando se há outros
vereadores envolvidos", afirmou.
Blog do Paixão