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ESTUDO DO HC APONTA QUE PERDA DE OLFATO APÓS COVID-19 PODE SER PERMANENTE

Em 5% dos pacientes analisados, a capacidade de sentir cheiros não foi recuperada parcial ou totalmente ainda, até dois meses e meio após o início dos sintomas

Suzana Corrêa / Época


A perda de olfato associada à Covid-19 acontece porque o coronavírus encaixa-se em receptores nasais e gera inflamação que culmina na perda temporário do sentido Foto: Getty Images

Um estudo do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) indica que a perda de olfato, um dos sintomas mais comuns do novo coronavírus, pode permanecer em parte dos pacientes já curados da doença.

A pesquisa, que foi finalizada e está em revisão para publicação científica, analisou 655 pacientes infectados desde abril. A maioria relatou perda do olfato (80%) e paladar (76%), seja total ou parcial, durante a infecção.

Destes, 143 foram acompanhados após a doença e 95% reportou que o olfato ou paladar foram recuperados, mesmo que parcialmente. Os cerca de 5% restantes, no entanto, relataram que a capacidade de sentir cheiros não foi recuperada parcial ou totalmente ainda, até dois meses e meio após o início dos sintomas.

A perda ou diminuição da capacidade olfativa, chamada de anosmia, é um sintoma presente também em outras infecções respiratórias ou gripes e torna-se permanente em menos de 2% destes casos, de acordo com Fabio Pinna, otorrinolaringologista do HC e um dos responsáveis pelo estudo.

Na maioria, é atribuída ao bloqueio nasal causado por secreções e o olfato é recuperado no curto prazo. Nos pacientes do novo coronavírus, no entanto, a perda de olfato tornou-se um sintoma relatado pela maioria dos pacientes, inclusive em casos em que o nariz não está “entupido”.

Num estudo de pesquisadores belgas e franceses publicado no “Annals of Internal Medicine” em 26 de maio, 87% dos 1.754 pacientes com casos leve ou moderados da doença também relataram perda da capacidade de sentir cheiros e 56% tiveram perda de paladar.



Fabio Pinna, otorrinolaringologista do HC e um dos responsáveis pelo estudo Foto: Divulgação

"É um sintoma muito característico da doença e que foi muito importante para seu diagnóstico no começo da pandemia, quando os testes eram mais escassos"", explica Pinna.

A perda de olfato associada à Covid-19, explica o médico, acontece porque o coronavírus encaixa-se em receptores nasais e gera inflamação que culmina na perda temporário do sentido.

"Temos receptores específicos na região superior do nariz, e agora ficou evidente que são muitos, que o coronavírus adora e encaixa sua “coroa” neles. Na maioria, o olfato retorna. Dos 5% que permanecem sem olfato, achamos que são casos reversíveis também. Não podemos dizer que não há dano no nervo, o que pode acontecer em casos de cargas virais altíssimas, mas na maioria é uma inflamação reversível. E quanto mais cedo tratarmos, melhor", explica.

Um estudo da Universidade Harvard publicado na “Science”, uma das mais importantes revistas científicas do meio, também mostrou que na maioria dos casos o vírus prejudica o olfato por meio destes danos reversíveis causados na superfície das células do tecido nasal e não nos neurônios olfativos, que demorariam meses para se regenerar.
Os médicos ressaltam que o tratamento rápido das infecções causadas pelo Sars-Cov-2 pode aumentar as chances de recuperação completa do olfato e paladar. Se o sintoma persistir após os 14 dias de isolamento por Covid-19, a recomendação é que os pacientes procurem um especialista. Entre os tratamentos adotados está o treinamento olfatório.

"É uma opção com pouca contraindicação e efeitos colaterais, em que o paciente é exposto a diferentes fragrâncias para estimular a recuperação. Ainda não sabemos bem como o mecanismo funciona, talvez a exposição gere maior estímulo às terminações que estão ali, mas tem sido positivo na recuperação do sentido", diz Pinna.

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