Apontado como líder de organização criminosa que desviou fortuna em doações de fiéis, religioso começou a ser investigado após caso de chantagem associado a divulgação de imagens e mensagens pessoais
Alfredo Mergulhão
Padre Robson ficou famoso por suas celebrações na TV e como líder da Basília do Pai Eterno, em Trindade (GO) Foto: Reprodução
O padre Robson de Oliveira Pereira, de 46 anos, pediu segredo de justiça no processo em que foi vítima de extorsão, iniciado em 2017. Cinco pessoas foram condenadas no caso, mas recorreram da decisão. A defesa do pároco alegou "proteção de sua intimidade" ao justificar o pedido.
De acordo com o Ministério Público de Goiás (MP), o religioso foi pressionado a efetuar pagamentos a um grupo criminoso para que eles "não divulgassem imagens e mensagens eletrônicas com informações pessoais, amorosas e profissionais que levassem a prejudicar sua imagem”.
Durante a tramitação do caso na Justiça goiana, o juiz Ricardo Prata, da 8ª Vara Criminal de Goiânia, determinou o sigilo da investigação. No entanto, o magistrado considerou desnecessária a permanência do segredo de justiça após a sentença proferida no dia 14 de março do ano passado.
Por meio dos advogados Maria Cláudia de Seixas e Antonio Milad Labaki Neto, o padre solicitou que essa medida fosse reconsiderada pelo juiz. O pároco pediu o sigilo do conteúdo anexado ao processo que incluía emails e conversas de WhatsApp.
Padre Robson começou a ser investigado pelo uso de recursos da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), entidade criada e presidida por ele até a semana passada, para pagar o grupo que o chantageava.
Na ocasião, ele transferiu mais de R$ 2 milhões das contas bancárias da Afipe para os criminosos. O dinheiro era proveniente de doações de fiéis para atividades do Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade, como a construção de uma nova basílica. Essa movimentação financeira chamou a atenção dos investigadores.
No pedido, os advogados do padre sustentam que não há justificativa legal para a suspensão do segredo de justiça.
"É inadmissível que o Juízo que condenou os criminosos adote postura que, ainda que de forma indireta e não intencional, com a devida vênia, atende um dos intentos dos criminosos, que é a ampla e irrestrita divulgação dos detalhes dos odiosos fatos criminosos", escrevem os advogados.
A partir do caso de extorsão, o padre passou a ser investigado por outros crimes, como apropriação indébita, formação de organização criminosa, lavagem ou ocultação de bens e dinheiro da Afipe.
De acordo com as investigações, parte dos donativos feitos à entidade foram usados na compra de fazendas, gado, apartamentos e até mesmo uma casa de praia na Bahia.
Padre Robson é apontado pelo como líder do esquema. Ele foi afastado das funções pela Igreja Católica.
Blog do Paixão