Bruno Góes
O candidato do Avante, David Almeida, que foi diagnosticado com o novo coronavírus Foto: Reprodução
A disputa eleitoral no epicentro da
pandemia no Brasil, Manaus (AM), já começou com o registro de
contaminação de candidato e alerta de órgãos públicos para aglomeração em
convenções. Nas últimas semanas, aumentou a dispersão do vírus entre as classes
A e B na capital do Amazonas. Hospitais privados registraram alta significativa
de internações, e candidatos já começaram a demonstrar preocupação com um novo
pico de infecções.
Bem colocado em pesquisas de opinião, o candidato do Avante, David
Almeida, resolveu fazer pouco caso das circunstâncias na semana passada, quando
se lançava ao cargo. Ao lado de aliados, dispensou o uso da máscara.
"Eu vou tirar a máscara. Estou longe de vocês, vocês não vão ser
infectados. Até porque não peguei e não vou pegar isso", disse o
candidato, em tom de galhofa.
Cinco dias depois, indisposto, ele recebeu o resultado do teste: está
com Covid-19. Nas redes sociais, David Almeida avisou que, "no ritmo que
estava, apesar de todos os cuidados, seria impossível não pegar (a
doença)".
Ontem, a Fundação de Vigilância e Saúde do Amazonas alertou que a alta
de internações — aumento de 6% em leitos públicos de UTI e 10% nos leitos
privados, no período de duas semanas — tem relação direta com as aglomerações.
O órgão cita o registro de mais atividades de lazer em "bares, casas
noturnas, festas, confraternizações de aniversário e casamento", além de
reuniões como "convenções partidárias".
No fim de maio, diante do colapso dos sistemas de saúde e funerário, a prefeitura de Manaus, administrada pelo tucano Arthur Virgílio Neto, precisou abrir covas coletivas para enterrar as vítimas da Covid-19. Um dos diagnósticos de adversários para a situação é que a cobertura da rede de atenção básica é baixa. Por isso, as redes de média e alta complexidade acabam sobrecarregadas por todo tipo de atendimento. Só na capital do Amazonas, já morreram 2.435 pessoas por causa do vírus.
O candidato Alfredo Nascimento (PL) Foto:
Reprodução
Apoiado por Arthur Virgílio, o candidato Alfredo Nascimento (PL), ex-ministro dos Transportes nos governos Lula e Dilma, fez um apelo, antes do feriado de Sete de Setembro, para que seus eleitores "evitassem aglomerações" . Candidato pelo Podemos, Amazonino Mendes, três vezes governador do Amazonas e três vezes prefeito de Manaus, fez o mesmo, acrescentando que "o risco de uma segunda onda é real".
O candidato do PT, José Ricardo Foto: Reprodução
Candidato do PT, José Ricardo participou de debates por
videoconferências sobre o assunto e vem usando as redes sociais para criticar a
atuação da prefeitura e do governo do estado. Um dos assuntos da campanha deve
ser a investigação de esquema de desvio de recursos de saúde durante a
pandemia. O governador Wilson Lima (PSC) foi alvo de operação da Polícia
Federal e enfrentou de processo de impeachment, arquivado em agosto.
"O sistema não aguentou. Tivemos mais de 100 mortes por dia. Foi
algo extremamente doloroso, e continua porque nós estamos todos os dias com
novos registros de casos", diz o petista.
Apesar do cenário, o apoio do presidente da República, Jair Bolsonaro,
que minimizou a pandemia, é disputado. Na capital do Amazonas, segundo
levantamento interno de partidos, a aprovação do presidente chega a 60%.
Ontem, no lançamento de Coronel Menezes (Patriota), o candidato disse que era o
nome oficial do presidente.
"Temos a confiança da vitória, certeza disso, porque temos o DNA do
presidente. Somos o único candidato que tem esse DNA. Além do mais, posso
afirmar que tenho aqui a amizade, a confiança e o apoio do nosso presidente. O
resto é mimimi", discursou Menezes, que promete priorizar saúde,
mobilidade e segurança.
Assim como Menezes, Capitão Alberto Neto (Republicanos) já divulgou
vídeo com palavras de apoio do presidente da República. Também o candidato do
Novo, Romero Reis, demonstra simpatia por Bolsonaro.
Blog do Paixão