Adam Esteves Cardoso, de 25 anos, pulou de viaduto em MG, a 107 metros de altura, preso a uma corda não elástica em uma prática esportiva conhecida como rope jumping; ele atingiu o solo a 164 km/h e morreu por politraumatismo craniano
Alfredo Mergulhão
Minutos antes de salto fatal, Adam Cardoso (de branco) observou um praticante se lançar de viaduto em MG Foto: Reprodução
Às 11h40 do último sábado (3), Adam Esteves Cardoso, de 25 anos, subiu no parapeito de um viaduto para fazer sua estreia nos esportes radicais, com um salto de rope jumping, uma modalidade esportiva conhecida como pêndulo humano. O empresário estava amarrado por cordas e equipado com um capacete para lançar-se em um vão de 107 metros de altura. Cercada de expectativas, a aventura teve um desfecho trágico e resultou na morte do jovem.
A corda que prendia o corpo de Adam Esteves deveria ter ficado a, no mínimo, cinco metros do chão quando esticada. Dessa forma, o corpo do empresário balançaria de um lado para o outro, como um pêndulo. Assim que o movimento parasse, ele seria colocado no chão com segurança. Adam saltou, foi imediatamente de encontro ao solo e morreu na hora por politraumatismo craniano.
Adam com o pai, o aposentado Luiz Carlos Martins Cardoso, de 54 anos Foto: Reprodução
A Polícia Civil investiga se houve um erro no ajuste da corda, que teria ficado longa demais no momento do salto de Adam e causado a tragédia.
“Ninguém queria que ele fosse, a mãe dele pediu para ele não pular. Mas ele estava empolgado, era jovem e insistiu que conhecia gente que já tinha pulado. Então ele foi, estava alegre no dia, eu vi as imagens antes do salto. Mas ele pulou e foi direto para o chão. Como ele caiu em pé, o corpo dele encolheu com o impacto. Meu filho ficou todo estourado. Eu precisei ir até lá para ver com meus próprios olhos porque eu não queria acreditar nisso”, disse o pai de Adam, o aposentado Luiz Carlos Martins Cardoso, de 54 anos.
O viaduto da Prainha, de onde Adam fez o salto de rope jumping, uma modalidade esportiva conhecida popularmente como pêndulo humano Foto: Reprodução
A queda levou 5 segundos, de acordo com o físico Vladimir Jearim Peña Suarez, do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast). O cálculo foi feito desconsiderando a resistência do ar. Nessas condições, a estimativa é de que uma pessoa chegue ao chão a uma velocidade de 164 km/h após atirar-se de 107 metros de altura.
Adam Esteves foi a décima sexta pessoa a saltar no dia do acidente. Foi antecedido por um primo que o acompanhava no passeio. Depois de saltar, os instrutores soltaram a corda lentamente até o primo alcançar o chão, descer e retirar o equipamento. Em seguida, ele aguardou no ponto de pouso para assistir o salto de Adam Esteves.
“O Adam convidou o primo para passear com ele. Veja você, meu filho pagou R$ 130,00 para morrer e gastou outros R$ 130,00 para o primo dele ficar traumatizado. Ele foi parar no hospital em estado de choque. Agora, já está em casa mas não para de lembrar do que aconteceu e chorar. Os dois eram muito amigos, cresceram juntos”, afirmou Luiz Carlos.
O empresário Adam Esteves Cardoso, de 25 anos, que morreu depois de saltar de rope jumping Foto: Reprodução
Empresário do ramo de informática, Adam Esteves era dono da MegaNet. A empresa fornecia internet banda larga para clientes em Nova Era, município de 17 mil habitantes situado a 140 km de Belo Horizonte.
A DIFERENÇA PARA 'BUNGEE JUMPING'
O rope jumping é uma modalidade de esporte radical parecida com o bungee jumping, mas que não utiliza cordas elásticas. Enquanto no bungee jumping o elástico da corda faz a pessoa ir de cima para baixo após o salto, no rope jumping o praticante faz um movimento pendular e vai para frente e para trás até parar.
Com a interdição do tráfego de veículos na BR-381, várias modalidades de esportes radicais têm sido praticadas no viaduto Foto: Reprodução
No Brasil, apenas o bungee jumping possui protocolo registrado na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A normatização ocorreu em 2018 e desde então a venda das cordas elásticas novas no Brasil é controlada, para que apenas pessoas habilitadas possam manuseá-las.
“O rope jumping usa uma corda normal, que pode ser comprada em qualquer loja, além de não possuir uma norma no Brasil. Ele é praticado com equipamentos que não são homologados para sofrer este tipo de esforço, nem operar desta forma”, disse Vânio Beatriz, diretor da MasterJump e coordenador do grupo de trabalho que elaborou as normas da ABNT.
Blog do Paixão