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João Paulo rompe com PSB e apoia Marília

Houldine Nascimento, da equipe do blog


O deputado estadual e ex-prefeito do Recife João Paulo (PCdoB) decidiu apoiar a candidatura de Marília Arraes (PT) à Prefeitura da capital pernambucana. Por meio de nota enviada ao blog, há pouco, ele externa que considera "deploráveis os ataques ao PT".

Chama atenção o fato de que o PCdoB integra a Frente Popular, coligação do prefeiturável João Campos (PSB), que compete com Marília neste segundo turno no Recife. Além disso, a sigla comunista tem a liderança de Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco.

Confira o comunicado na íntegra:

NOTA PÚBLICA - Eleições Recife

Considero deploráveis os ataques ao PT - partido do qual participei desde sua fundação e que ajudei a construir por muitos anos. Sinto-me na obrigação de repudiar esse tipo de atitude política, que não constrói, não fortalece a disputa democrática em nosso estado e enfraquece as forças do campo progressista. Respeito o PT e a sua história. Não podemos aceitar a negação da grande contribuição do PT na vida democrática do Brasil, nas conquistas sociais e dos maiores avanços na gestão pública não só no Recife e em Pernambuco, do qual fiz parte e me orgulho, como no Brasil, com os governos Lula e Dilma. 

Ao longo de 49 anos de militância sempre pautei minha vida política pela consciência de classe, defesa da democracia, por melhores condições de vida para o povo e pelo fortalecimento das forças de esquerda em nosso país. Em muitas disputas eleitorais enfrentamos o jogo pesado de práticas de campanha covardes e intolerantes, que chegavam ao eleitor em forma de matérias apócrifas, difamações e calúnias. 

Hoje, estamos diante de uma conjuntura política ainda mais grave com a ascensão de Bolsonaro, onde as chamadas fakes news se transformaram em arma política de primeira linha, capazes de influir decisivamente no processo eleitoral e ameaçar a democracia. Numa época de inversão de valores, em que a verdade se torna a primeira vítima, como nas guerras, gastamos muito tempo e energia para desfazer as mentiras, que caminham agora com velocidade bem superior à dos fatos. 

Portanto, nesse momento grave da disputa, quero reafirmar os princípios que sempre defendi e declaro o apoio à coligação PT/PSOL representada na candidatura de Marilia Arraes e João Arnaldo. 

Entendo que a população do Recife escolheu levar ao segundo turno candidaturas do campo progressista, deixando claro que não quer Bolsonaro. E agora a população precisa conhecer com profundidade as propostas defendidas para fazer sua escolha de forma livre, consciente e soberana. 

Pela ética na política e nas eleições!

Lute pela democracia! 

João Paulo Lima e Silva
Deputado estadual / PCdoB - Pernambuco

Recife, 22 de novembro de 2020 

Sobrinho de Arraes declara apoio à Marília em Carta

O poeta Everardo Norões, sobrinho de Miguel Arraes, que também foi exilado político, fez uma bela carta para Marília Arraes, candidata a prefeita do Recife pelo PT. Leia abaixo:


Querida Marília,

Sinto estranheza pelo fato de algumas pessoas, que vivenciaram experiências de tanta riqueza política e discernimento, mesclarem-se a questões subalternas utilizando o argumento Arraes como pretexto a discursos de ocasião. Certamente nunca leram Brasil, o poder e o povo, escrito por ele no exílio. Nem assimilaram as lições que nos deixou. O oportunismo e a ausência de caráter permeiam a sociedade inteira, inclusive os Partidos. O percurso até a sua candidatura comprovou isso.

O livro Tempo de Arraes, do escritor Antônio Callado, continua a ser o testemunho mais objetivo e tocante dos poucos meses que Miguel Arraes governou Pernambuco antes de 1964. O Brasil era outro. Pernambuco também. Mas nada muda na essência do pensamento de homens movidos pelo sentimento do dever cidadão. O conceito de Política, no sentido original, o de cuidar do que é coletivo, permanece.

Hoje, há tecnologias para difusão de fake news e astronômicos fundos eleitorais alimentados pelo povo que mal se alimenta. No tempo dele também havia recursos ilícitos de campanhas e redes de calúnia. Sobrevive, porém, o conteúdo do fazer uma política mais alta que define as pessoas.

Observando o que acontece agora com você, lembro o quanto foi importante para consolidar a reconquista da democracia o retorno dele, Arraes, ao governo de Pernambuco. O PMDB não o acolheu como candidato. Alguns de seus dirigentes temiam que mudanças na lógica da política em curso abalassem as engrenagens do poder que dominavam. Mas o discurso deles deixara de ser algo credível. As alianças se apoiavam em bases questionáveis. Arraes, o político preocupado com o coletivo, tornara-se um problema. Teriam preferido que ele ficasse mais tempo no exílio. Até que em 1986, após ter sido eleito deputado federal, foi reconduzido ao governo de Pernambuco com vitória singular.

Penso nessas coisas e observo: Não conheço discurso de Arraes contendo promessas de obras. O mais importante para ele não era o anúncio de grandes empreendimentos, nem fórmulas para aperfeiçoamento de engrenagens burocráticas. Nele, havia, isto sim, um núcleo de pensamento, uma visão clara. Tanto que usou como lema um verso de Drummond: “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do Mundo”.

Em seu quase ‘silêncio’ havia uma mensagem que as pessoas conseguiam desvendar. Era a política como vocação. Que não vem do sangue, nem se herda. É uma energia e uma sensibilidade para intuir o que para o outro é mais importante. E o outro sente que você se emociona sonhando o Futuro. Algo que se revela pela emoção.

Quando Arraes estava exposto no Palácio das Princesas, morto, olhei suas mãos, finalmente cruzadas. E, à vista delas, chegaram-me lembranças de um exilado solitário e firme.

Tive a sorte de, muito jovem, ter sido testemunha do momento em que ele, cercado pelos militares, declarou preferir a prisão ou a morte a negociar um mandato que lhe fora outorgado pelo povo.

Tive a sorte, também, de ter convivido com ele no exílio. Tempo em que tínhamos o hábito de jogar xadrez e eu admirava a destreza com que fazia avançar os peões e a serenidade com que anunciava o xeque-mate. Ensinava-nos que tanto na política como no xadrez o bom jogador deve ter uma visão larga e penetrante do tabuleiro. Uma percepção global e dialética. Além disso, é preciso ter como premissa o respeito ao adversário. Vencer com honra e sabedoria.

Uma espécie de síntese da política perfeita. 

Querida Marília,

O discurso e o gesto dão forma a um jeito de sentir.

Você traz ao Recife esperança e alegria.

Forte abraço,

Everardo Arraes Norões
Escritor, sobrinho de Miguel Arraes

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