Guilherme Venaglia e Anna Satie, da CNN, em São Paulo
O gerente-geral de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes
Foto: Reprodução
O gerente-geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, afirmou nesta quarta-feira (2) que a
agência regulatória considera o potencial uso emergencial de vacinas contra a
Covid-19 uma "excepcionalidade" e que vai demandar que o uso seja
temporário e para um grupo específico.
De acordo com Mendes, essa modalidade de
autorização só deve ser usada enquanto perdurar a situação de emergência de
saúde pública e, portanto, será temporária. "Se não for uma situação de
emergência, não se justifica que não aguardemos", afirmou.
Segundo o gerente detalhou, durante o anúncio, a
régua da Anvisa para decidir qual vacina poderá e qual não poderá ter uso
emergencial é a relação entre riscos e benefícios.
De acordo com Mendes, a vacina que ganhar esse tipo
de autorização só será disponibilizada na rede pública e não poderá, em
qualquer circunstância, ser comercializada. "A gente chama esse tipo de
uso de institucional, só poderão ser destinadas a programas de governo
específicos. Não é uma autorização, é um programa com um foco muito específico",
disse.
A agência exigirá que os interessados no uso
emergencial detalhem para qual grupo pretendem destinar esse uso e apresentar,
de acordo com as informações colhidas nos testes, evidências de que o
imunizante é seguro e eficaz para esse mesmo grupo.
"Se nós observarmos, pelos dados que a vacina
mostrou até o momento, que há uma população específica, como idosos ou
profissionais de saúde, que há um risco-benefício claro, a autorização
emergencial se justifica", disse.
Só poderão apresentar o pedido de uso emergencial
as vacinas que se encontram ao menos na Fase 3 de testes. No Brasil,
enquadram-se as vacinas Oxford/AstraZeneca, Sinovac, Johnson & Johnson e a
Pfizer/BioNTech.
"A Fase 3 é a fase confirmatória. A Fase 3 é a
fase final. Já está muito próximo de concluir que a vacina é segura e
eficaz", diz Gustavo Mendes.
As empresas interessadas deverão agendar uma
reunião de pré-submissão com a Anvisa. Quando as farmacêuticas vão informar
qual será o pedido que será formulário, que documentos serão colocados como
comprovação desse efeito.
O cálculo da avaliação benefício-risco seráo os
indicadores de eficácia e segurança, a biotecnologia, as boas práticas de
fabricação e os critérios de farmacovigilância.
Temperatura,
doses e preço: o que se sabe sobre a vacina de Pfizer
Anna Satie*, da CNN em São Paulo
Ilustração de vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Pfizer e BioNTechFoto: Dado Ruvic/Reuters
O Reino Unido aprovou nesta quarta-feira (2)
o uso emergencial da vacina contra Covid-19 da Pfizer,
desenvolvida em conjunto com a biofarmacêutica alemã BioNTech.
De acordo com o governo britânico, ela estará
disponível por todo o território a partir da próxima semana.
No Brasil, o governo sinalizou que esse imunizante
não estaria dentro do perfil desejado, mas técnicos observaram à colunista da CNN Basília
Rodrigues que a compra ainda não está descartada.
O que se sabe sobre a vacina da Pfizer até o
momento?
Eficácia
Uma análise final da fase 3 dos estudos clínicos
mostrou que a vacina da Pfizer teve 95% de eficácia em prevenir infecções, inclusive em
idosos, e não teve nenhum efeito adverso grave.
"A eficácia foi consistente nos grupos
demográficos etários, raciais e étnicos. A eficácia observada em adultos acima
de 65 anos foi de mais de 94%", disseram Pfizer e BioNTech em nota
conjunta.
A taxa é ainda maior do que a exposta em um
relatório preliminar, que alegava 90% de eficácia e já surpreendeu autoridades
de saúde e desenvolvedores de vacinas ao redor do mundo.
Método
Ao contrário das vacinas tradicionais, que usam
vírus inativados ou enfraquecidos, essa usa RNA mensageiro.
O método, que começou a ser desenvolvido nos anos
1990, ainda não é utilizado em nenhuma vacina para humanos.
A técnica usa uma molécula sintética, programada
com parte do código genético do vírus para instruir as células do corpo a
reconhecer a ameaça.
O procedimento seria mais simples e seguro por não
utilizar o vírus real.
Doses
e preço
O imunizante requer duas doses para ser eficaz, a
segunda é aplicada três semanas após a primeira.
A Pfizer não definiu um preço para o governo
brasileiro e afirmou que países mais pobres pagariam menos por dose.
A empresa fechou um acordo nos EUA de 100 milhões
de doses, cada uma a US$ 19,50 (aproximadamente R$ 102).
O valor é bem mais alto que os estimados para a
vacina da AstraZeneca/Oxford, de US$ 3,16 (R$ 16,50), e da Coronavac, de US$
10,30 (R$ 54).
Temperatura
de transporte
Além do preço, há outra particularidade que pode
dificultar a aplicação da vacina da Pfizer/BioNTech no Brasil.
Isso porque ela deve ser mantida em uma temperatura
ultrafria, de -70ºC. As empresas criaram um cooler próprio, monitorado por GPS
e preenchido com gelo seco, para distribui-la.
No
Brasil
Nesta terça, (1º), o ministério da Saúde informou
que as vacinas contra Covid-19 devem ser "fundamentalmente"
termoestáveis e armazenadas em temperaturas de 2ºC a 8ºC para serem incluídas
no Plano Nacional de Imunização. Isso tiraria a vacina da Pfizer do páreo por
aqui.
No entanto, técnicos do governo disseram à
colunista da CNN Basília Rodrigues que, após aberta, a vacina consegue se manter estável por aproximadamente oito dias na
temperatura considerada dentro dos parâmetros pelo ministério. Se ela for
aprovada pela Anvisa, disseram eles, será comprada.
A vacina da Pfizer foi a que compartilhou mais
dados até o momento com a Anvisa, apurou a CNN. Ela já
encaminhou documentos até a fase 2 dos estudos, a frente da vacina da
Astrazeneca/Oxford e da Coronavac.
(Com
informações de Maggie Fox e Amanda Sealy, da CNN Internacional)
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