As diferenças entre o aparato de segurança empregado em junho durante manifestações contra injustiça racial e nesta semana no Capitólio geraram controvérsia
Por BBC
Em junho, Guarda Nacional protegeu os principais locais históricos da capital dos EUA, como o Lincoln Memorial — Foto: Getty Images/BBC
E se os manifestantes fossem negros? Teria acontecido
a mesma coisa?
A invasão do Capitólio dos Estados Unidos por uma multidão de
apoiadores do presidente Donald
Trump, na quarta-feira (6), causou espanto não apenas pelo
ineditismo, mas pela facilidade com que o grupo conseguiu vencer forças de
segurança e entrar no Congresso.
Nesta quinta-feira, o presidente eleito Joe
Biden comparou a resposta policial e militar de
quarta-feira com a vista em junho passado, quando protestos organizados pelo
movimento Black Lives Matter (BLM, na sigla em inglês) aconteceram na capital
dos EUA após a morte do afro-americano George
Floyd por um policial branco.
Em declaração oficial, Biden comentou que a neta
lhe havia enviado uma foto mostrando militares equipados dos pés à cabeça e
alinhados na escadaria do monumento em homenagem a Abraham Lincoln em
Washington.
Em torno de 5 mil agentes da Guarda Nacional foram mobilizados em Washington durante os protestos do Black Lives Matter — Foto: Getty Images/BBC
Eles foram convocados como medida de precaução para
lidar com a manifestação organizada pelo BLM em um momento de grande tensão em
todo o país, com protestos que resultaram em episódios isolados de vandalismo.
"Ninguém pode me dizer que, se fosse um grupo de BLMs protestando, eles não teriam sido tratados de maneira muito diferente do que a multidão de bandidos que invadiram o Capitólio. Todos nós sabemos que isso é verdade e é inaceitável. Completamente inaceitável", Biden observou.
Nesta quarta-feira, a proteção do Congresso esteve principalmente a cargo da Polícia do Capitólio — Foto: Getty Images/BBC
Alguns analistas argumentam que as agências segurança trataram os apoiadores de Trump que invadiram o Capitólio com "luvas de pelica", enquanto reprimiam duramente os protestos por justiça racial em 2020 — Foto: Reuter/BBC
Durante os protestos do BLM em junho, os
manifestantes se reuniram no Lafayette Park, em frente à Casa Branca, mas - de
acordo com o jornal britânico "The Guardian" - eles não tentaram
superar as barreiras de segurança.
Ainda assim, foram reprimidos por um efetivo
formado pela polícia de Washington, mais de 5 mil membros da Guarda Nacional,
além de agentes de outros órgãos federais, como a polícia de parques.
A mobilização de segurança em junho durante os protestos do BLM teve a participação de diferentes forças de segurança — Foto: Getty Images/BBC
A Polícia de Parques foi mobilizada para responder aos protestos do BLM — Foto: Getty Images/BBC
Em junho, autoridades também empregaram veículos blindados e helicópteros para controlar as manifestações — Foto: Getty Images/BBC
No caso da manifestação organizada pelos apoiadores
de Trump nesta semana, a segurança da sede parlamentar estava quase
exclusivamente nas mãos da Polícia do Capitólio, um corpo de 2 mil agentes que
foi rapidamente sobrecarregado apesar das previsões de possíveis incidentes.
A pedido da prefeita de Washington, Muriel Bowser,
340 agentes da Guarda Nacional também foram acionados para a ocasião, mas a
Guarda Nacional não se posicionou a em frente ao Capitólio, como aconteceu - e
em número muito maior - durante os protestos raciais de junho passado.
Somente após a invasão do Capitólio, a Guarda
Nacional e outras forças de segurança foram acionadas para desocupar o prédio.
O envio de policiais na quarta-feira foi insuficiente para conter a multidão — Foto: Getty Images/BBC
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