Marcelo Soares/Secult-PE
Em toda a sua vida João Silva compôs mais de duas mil músicas gravadas por grades nomes da música brasileira, como:Alcione, Abdias, Ary Lobo, Azulão, Benito de Paula, Beth Carvalho, Bezerra da Silva, Delmiro Barros, Demônios da Garoa, Dominguinhos, Elba Ramalho, Fagner, Falamansa, Flávio José, Flávio Leandro, Forró Limão com Mel, Forró Mastruz com Leite, Frejat, Genaro, Genival Lacerda, Jackson Antunes, Jackson do Pandeiro, Lenine, Luiz Gonzaga, Mariana Aydar, Marinês, Messias de Holanda, Moreira da Silva, Ney Matogrosso, Novinho da Paraíba, Núbia Lafaiete, Oswaldinho, Quinteto Violado, Rastapé, Santana, “O Cantador”, Silvério Pessoa, Sivuca, Trio Nordestino, Trio Parada Dura, Trio Virgulino, Wanderley Cardoso e Zeca Baleiro.
João Leocádio da Silva, o renomado João Silva, iniciou sua carreira artística ainda na infância. Começou a tocar pandeiro aos sete anos de idade. Aos nove, ganhou um concurso como cantor, e aos dez, se apresentou no programa Ademar Paiva, na Rádio Clube de Pernambuco, tocando acordeom.
Desde a década de 1950, atua como compositor e produtor cultural, quando conheceu o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, e com quem compôs diversos sucessos. Silva é inclusive reconhecido como o compositor da maior quantidade de músicas gravadas e compostas em parceria com Gonzaga. Suas músicas foram registradas por intérpretes de expressão regional e nacional como Ary Lobo, Marinês, Domiguinhos, Elba Ramalho, Alcione, Beth Carvalho, Ney Matogrosso, Genival Lacerda, entre outros. Dentre seus sucessos podemos listar: “Danado de bom”, “Deixa a tanga voar”, “Uma pa mim uma pa tu”, “De cabo a rabo”, “Nem se despediu de mim” e “Vou te matar de cheiro” e “Pagode Russo”.
Trata-se de um dos compositores pernambucanos mais gravados do século XX, sendo eleito Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2012. “Mestre João Silva” nasceu em 16 de agosto de 1935, na cidade de Arcoverde, sertão de Pernambuco. Faleceu em dezembro de 2013, aos 78 anos, e deixou um legado de mais de duas mil canções gravadas por diversos cantores de todo o país.
João Silva, compositor parceiro de Luiz Gonzaga, é sepultado em Recife
MT Marcionila Teixeira – Estado de Minas
João Silva escreveu mais de duas mil composições(foto: Blenda Souto Maior/DP/D. A Press)
Foi sepultado na manhã deste domingo (8), no Cemitério de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, o corpo do compositor João Leocádio Silva, o João Silva, 78 anos. Amigos e familiares prestaram homenagens ao parceiro musical de Luiz Gonzaga no velório que aconteceu na Câmara de Vereadores do Recife, na Boa Vista, neste sábado (7). João Silva foi encontrado morto na última sexta-feira (6), no quarto do apartamento onde morava em Boa Viagem. Ele deixou cinco filhos e uma vasta herança artística com mais de 2 mil composições, como Adeus a Januário (com Pedro Maranguape) e A Mulher do Sanfoneiro.
De acordo com a declaração de óbito emitida pela equipe do Instituto de Medicina Legal (IML) na tarde de sábado, João Silva morreu em virtude de uma “hemorragia interna do abdome devido a um aneurisma de aorta abdominal”. No momento da morte, ele estava sozinho no apartamento. A atual companheira, Benilde Nogueira, tinha viajado para acompanhar a apresentação da filha, que também é cantora, em Aracaju, Sergipe. “Na quinta-feira à noite, liguei e ele não atendeu. Fiquei com um pressentimento ruim e liguei no dia seguinte. Ele costumava acordar às 8h30 para tomar café da manhã em um supermercado próximo, mas não foi visto por lá. Pedi que os amigos fossem até o apartamento”, contou Nogueira.
O sanfoneiro, amigo e produtor musical Severino Bezerra Silva, o Silveirinha, foi o primeiro a chegar e encontrar o corpo, por volta das 17h. “Batemos na porta, mas ninguém atendeu. Como ele morava no primeiro andar e tinha deixado a janela aberta, colocamos uma escada e entramos”, disse Silveirinha.
Segundo amigos e parentes, o compositor estava aparentemente bem de saúde. O final do ano de 2013 era de grande expectativa porque ele se preparava para gravar um CD e iria, na próxima terça-feira, se apresentar em uma festa em Arcoverde, sua cidade natal, e, em seguida, em São Paulo. Também, segundo parentes e amigos, tinha parado de beber e tentava diminuir o cigarro.
Árduo defensor do baião, João Silva focava em voltar à cena artística. Segundo o pesquisador Paulo Wanderley, ele estava montando um novo repertório. “A última vez que nos falamos foi na sexta-feira passada. Ele me falou que estava compondo. Ele fazia a melodia com a boca e só depois chamava um sanfoneiro para finalizar a música. Foi uma perda grande, porque João era um cara que tem história marcante e que se confunde com a nossa”, observou.
Biografia
Nascido em Arcoverde, a 259 quilômetros do Recife, João Silva foi agraciado com o título de Cidadão do Recife e inscrito na história da cultura pernambucana como um dos grandes compositores de forró. Autor de mais de duas mil composições, tem sua biografia publicada pelo escritor José Maria de Almeida Marques.
O livro Mestre João Silva, pra não morrer de tristeza registra sua importante participação na criação de Danado de Bom, o primeiro disco de ouro - 1,6 milhão de cópias vendidas - da carreira de Luiz Gonzaga. Em 2009, recebeu homenagens, inclusive do canal Sons de Pernambuco, do portal Pernambuco.com, que inseriu três músicas do álbum João Silva Canta Mais Gonzaga no streaming do portal.
João Silva se preocupava com a preservação do baião. “O problema do forró de hoje é que, a cada quinze músicas gravadas, catorze são xotes e uma é baião”, declarou em entrevista ao Diario, quando preparava o álbum de inéditas Sertão Puro, atuando também como arranjador e produtor. “Só baião é forró puro.”
Marcaram sua história sucessos como Adeus a Januário (com Pedro Maranguape), homenagem ao pai de Luiz Gonzaga; dentre outras como A Mulher do Sanfoneiro, A Puxada, Pagode Russo e Sequei os Olhos, sobre a seca que assolou o Nordeste entre 1979 e 1983 (com Luiz Gonzaga); Amei à Toa (com Joquinha Gonzaga); Aí Tem e Amigo Velho Tocador (com Zé Mocó), afora parcerias com João do Vale, Onildo Almeida, Rosil Cavalcante, Severino Ramos, Bastinho Calixto, Pedro Maranguape, Pedro Cruz e Dominguinhos, dentre outros.
Documentário sobre o compositor João Silva estreia nos cinemas essa semana
O longa “Danado de Bom” conta a história de um dos maiores parceiros de Luiz Gonzaga e autor de mais de 3 mil canções.
Da Redação
Fotos: Divulgação
O longa-metragem “Danado de Bom”, grande vencedor do Cine PE 2016, com os prêmios de melhor filme, fotografia, montagem e edição de som, chega aos cinemas no dia 29 de junho. O filme dirigido por Deby Brennand mostra a trajetória de João Silva, parceiro constante de Luiz Gonzaga e um dos principais compositores brasileiros, autor de mais de 3 mil músicas.
Nascido em 1935 em Arcoverde, Pernambuco, João Silva mudou-se para o Rio de Janeiro com 17 anos. Compôs mais de 3 mil músicas e se tornou um dos principais parceiros de Luiz Gonzaga a partir dos anos 1960. Também trabalhou com outros nomes da música brasileira como João do Vale, Onildo Almeida, Pedro Maranguape, Zé Mocó,Dominguinhos, Sebastião Rodrigues e outros.
Entre seus principais sucessos estão “A mulher do sanfoneiro”, “Danado de bom”, “Pagode russo”, “Nem se despediu de mim” e “Pra não morrer de tristeza”, que já teve cerca de 40 gravações. João Silva ainda produziu discos de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino e Jackson do Pandeiro entre outros. Atuou também como arranjador antes de falecer em dezembro de 2013.
“Conheci a história de João Silva no início de 2007 quando Roberta Jansen, produtora cultural, me procurou para contar sobre o projeto. Ela havia descoberto João através de um pesquisador e de imediato eu fiquei encantada com a história desse parceiro tão importante de Gonzaga que estava no completo esquecimento”, conta a produtora do filme, Marianna Brennand Fortes. “O João tinha um desejo muito grande de ser reconhecido, de voltar para os palcos e reencontrar seu público”, afirma.
O documentário acompanha uma viagem de João de volta a Arcoverde, cidade onde nasceu, no agreste de Pernambuco. Ele relembra sua jornada, de menino andarilho, semianalfabeto, a compositor de sucessos como “Pagode Russo”, “Nem se despediu de mim” e “Danado de Bom”. “João Silva, além de ter sido um dos maiores autores parceiros de Gonzaga, foi produtor de seus discos de maior sucesso. Quando Gonzaga passava por um período difícil na carreira produziu o LP ‘Danado de Bom’. Foi a primeira vez que Gonzagão atingiu essa emblemática marca de um milhão de cópias vendidas”, conta Marianna.
Para ela, ficou claro desde o inicio do projeto a necessidade de promover um encontro de João com suas raízes. “Foi essa pesquisa, no sertão profundo, que nos apontou o caminho que o filme iria tomar.”
Em um momento posterior, foram escolhidos os entrevistados e o material de arquivo que iria compor o filme. “Fizemos com o pesquisador Antonio Venancio, um trabalho intenso de pesquisa de imagem e vídeo, juntando performances que foram sendo costuradas lindamente pela Jordana (Berg) para construir a história”, explica a produtora. Jordana Berg, montadora do filme, reforça que João era ao mesmo tempo delicado e bruto, sensível e arretado. “Sua língua inventada, de um nordeste em desaparecimento foi uma das riquezas que tentei preservar na montagem”, diz.
Dominguinhos, Trio Nordestino, Elba Ramalho, Mariana Aydar, Zeca Baleiro, Gilberto Gil e Lenine participam do filme com depoimentos ou em interpretações das músicas de João Silva, que faleceu antes de ver o documentário finalizado.
“É muito difícil lançar o filme sem a presença dele. Acredito que ele estaria emocionado, porque era o que ele queria, ser reconhecido como artista. Ele brincava muito comigo sobre isso”, lembra a diretora Deby Brennand.
A diretora do filme Deby Brennand. (Foto: Divulgação)
Para Deby, a importância do filme está em se tratar de um artista que o Brasil “conhece sem conhecer”. “É um recorte importante para o cinema e para a música nacional valorizar um artista que compôs mais de 3 mil músicas ao longo da vida, e que sabia como ninguém captar o sentimento do povo sertanejo transformando em letras belíssimas suas dores, suas alegrias, seu cotidiano”, conta. “Muitas pessoas conhecem as músicas de forró dos grandes intérpretes, mas desconhecem de onde vem a letra e, muitas vezes, os arranjos. Os que conhecem a música ‘Pagode Russo’, por exemplo, acham que a música e a letra são do Gonzaga”, completa a diretora.
“Danado de Bom” é uma coprodução entre Mariola Filmes e Inquietude, com direção de Deby Brennand. Marianna Brennand Fortes assina a produção do filme, assim como a produção executiva com Carolina Benevides, e Roberta Jansen é a produtora associada. Além da participação no Cine PE, o filme foi exibido nos festivais É Tudo Verdade, 8º IN-EDIT Brasil (Menção Honrosa do Juri), 9º Festival de Cinema de Triunfo (Melhor Longa-metragem da Mostra Competitiva Nacional e Melhor Trilha Sonora pelo Júri Popular)
LANÇAMENTO NOS CINEMAS E CIRCUITO AMPLIADO
O filme tem estreia marcada para o dia 29 de junho em cinemas do Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador, São Luiz e Porto Alegre. Entre os dias 22 e 28 de junho ocorrerão sessões especiais e exclusivas de pré-estreia no recém-inaugurado Cinema Rio Branco, em Arcoverde.
“Danado de Bom” também será lançado em circuito não comercial em outras cidades, em parceria com cineclubes, universidades, escolas, centros culturais e outros espaços.
Em São Paulo, contou com duas pré-estreias especiais no dias 24 e 25 no Centro de Tradições Nordestinas, Espaço Cabra Mix.
O filme está disponível para qualquer pessoa ou instituição que queira organizar uma exibição coletiva em seu espaço durante o período de lançamento, ou em outras datas, por meio da plataforma de distribuição alternativa Taturana Mobilização Social. Basta se cadastrar e agendar a sessão.
A Taturana é um negócio social que atua pela democratização do acesso ao cinema brasileiro, por meio de circuitos alternativos de exibição de filmes com mobilização social e fomento ao diálogo sobre temas sociais relevantes. A #RedeDeExibidoresTaturana é composta por escolas, coletivos, universidades, centros culturais, organizações sociais, cineclubes e equipamentos afins.
Relembre algumas composições e parcerias de João Silva:
- Uma pra mim, uma pra tu (João Silva/Luiz Gonzaga)
- Faça isso não (João Silva/Geraldo Nunes)
- Jerimum de gogó (João Silva/J. B. de Aquino)
- Rodovia Asa Branca (João Silva/Luiz Gonzaga)
- Forrofiar (João Silva/Luiz Gonzaga)
- Danado de bom (João Silva/Luiz Gonzaga)
- Viva meu padim (João Silva/Luiz Gonzaga)
- Deixa a tanga voar (João Silva/Luiz Gonzaga)
- Doutor do baião (João Silva/Luiz Gonzaga)
- Aprendi com o rei (João Silva)
- Nem se despediu de mim (João Silva/Luiz Gonzaga)
- Chililique (João Silva/J. B. de Aquino)
- Pagode russo (João Silva/Luiz Gonzaga)
- De olho na janela (João Silva)
- Minhas desculpas (João Silva/Zé Mocó)
- Preciso do teu sorriso (João Silva/Enock)
- Amei à toa (João Silva/Joquinha Gonzaga)
- Pra não morrer de tristeza (João Silva/K-Boclinho)
- Crepúsculo sertanejo (João Silva/Rangel)
- Vaqueiro véio (João Silva/J. B. de Aquino)
João Silva no Programa Som Brasil apresentado por Lima Duarte
João Silva no Programa Sr. Brasil apresentado por Rolando Boldrin
Blog do Paixão