Machado de Assis registrado em
sua foto clássica (a esquerda) e recriada para evidenciar a cor da sua pele (a
direita)
O maior escritor brasileiro e, quem sabe, o maior
autor de língua portuguesa, assim poderia ser identificado Joaquim Maria
Machado de Assis (ou para os íntimos só Machado de Assis).
Autor de
romances, contos, poemas e reportagens de jornal, Machado é um nome
incontornável da literatura brasileira.
Conheça
agora mais a fundo a vida e a obra dessa personalidade ímpar.
Origem humilde
Nascido
no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839, mais precisamente no morro do
Livramento, Joaquim era filho de pais pobres (e neto de avós escravos
alforriados).
Logo na
primeira infância ficou órfão de mãe (a açoriana Maria Leopoldina Machado de
Assis). Em texto não assinado intitulado Lembranças de
minha mãe na Revista Luso-Brasileira (1860), Machado fala
sobre a morte daquela que o trouxe ao mundo.
Não
bastasse essa enorme tristeza, o garoto logo a seguir perdeu também a sua única
irmã.
O pai de
Machado (Francisco José de Assis), que era pintor e dourador, casou-se então
com Maria Inês, uma lavadeira portuguesa que acabou por criar o menino.
Aos 12 anos, no entanto, o menino ficou também órfão de pai e precisou ser responsável por ajudar a manter a casa.
O morro do Livramento abrigou
Machado de Assis nos primeiros anos de vida
Estudos
Machado
cursou uma escola pública situada em São Cristóvão.
Com a
morte prematura do pai, foi necessário trabalhar e acabou por não poder
dar mais tanta atenção aos estudos. O jovem precisou amadurecer depressa e
logo ficou responsável por ajudar no sustento da casa.
Preconceitos
Mestiço,
Machado de Assis sofreu ao longo da vida com o preconceito racial. Quando
começou a escrever, não era comum no país existirem intelectuais não brancos.
Uma
campanha da Faculdade Zumbi de Palmares possibilitou a recriação da foto
clássica do escritor conhecida por todos nós. O objetivo era que o Machado
real, mestiço, ficasse conhecido pelo grande público.
Além de
carregar o estigma da cor da pele, Machado sofreu com dois outros preconceitos.
Gago e epilético, ele era visto com maus olhos por muitos membros da
sociedade.
Início da carreira literária
Seu
primeiro trabalho literário, o soneto À Ilma. Sra. D.P.J.A.,
foi publicado no Periódico dos Pobres, datado de 3 de outubro de
1854.
Com 15
anos incompletos, Machado começou a trabalhar em uma arte tipográfica como
aprendiz. Foi lá, na Imprensa Nacional, que principiou a escrever especialmente
encorajado pelo chefe Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias
de um sargento de milícias.
Um ano
depois de entrar na tipografia, publicou o poema Ela, os versos
saíram no jornal A Marmota Fluminense. Em 1858, tornou-se revisor e colaborador
do Correio Mercantil e, dois anos mais tarde, migrou para a redação
do Diário do Rio de Janeiro.
Além de
escrever para o jornal, redigia também para a Semana Ilustrada,
para o Jornal das Famílias e publicava críticas teatrais para a
revista O Espelho.
Até os 30
anos Machado não produziu nenhuma obra literária maior.
O
escritor ia também na contramão do seu tempo: literariamente o
Brasil vivia seus dias plenos de romantismo (são seus contemporâneos, por
exemplo, Gonçalves Dias e José de Alencar).
Em 1858, Machado ganhou a oportunidade de atuar como revisor do jornal. Sabendo aproveitar a chance que lhe foi dada, no mesmo ano começou a escrever para o Correio Mercantil.
Manuscrito de Machado de Assis
evidencia as diversas rasuras
Suas primeiras obras de destaque
A primeira publicação de Machado não foi como autor, mas sim como tradutor. Ele assinou a tradução de Queda que as mulheres têm para os tolos, impresso pela tipografia de Paula Brito em 1861.
A primeira vez que o nome de
Machado apareceu na capa de um livro foi como tradutor. Acima, a edição
original de 1861
Como
autor, o seu primeiro livro lançado foi a reunião de poesias Crisálidas,
publicado em 1864.
No ano a
seguir da publicação do primeiro romance, Machado foi nomeado primeiro
oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas, tornando-se assim funcionário público, o que lhe garantiu a
subsistência até o fim da vida.
Os livros considerados obras-primas
As obras
de Machado percorrem todos os gêneros literários e costuma-se dizer que não
devem ser aprisionadas em um só movimento estético: Machado é maior que todos
eles.
Discussões
à parte, a verdade é que os seus livros se tornaram clássicos da literatura
brasileira, consagrando o autor como um dos maiores nomes da cultura lusófona.
Entre as suas principais obras estão:
·
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1880)
·
Quincas Borba (1891)
·
Dom Casmurro (1899)
·
Esaú e Jacó (1904)
·
Memorial de Aires (1908)
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