Um vídeo de um rapaz de Araripina que circula pelas redes sociais que zomba da pandemia afirmando que “Coronavírus é pra “pobe”...”Rico não pega coronavírus não”, teve uma grande repercussão e faço aqui uma reflexão, respeitando o nome do autor da polêmica, deixando-o em reserva.
Enquanto fala essas bobagens impensadas, o estudante de medicina, como o
mesmo relata em outro vídeo em um pedido de desculpas, coloca o dinheiro na
boca literalmente, sabendo que comete dois erros gravíssimos: ironiza uma
doença que já matou mais de 331 mil pessoas no Brasil, e se aproxima neste
momento de 13 milhões de casos, e utiliza-se de uma prática que com certeza a
área em que pretende atuar não recomenda colocar notas ou moedas de dinheiro na
boca, tanto pelo momento atual de riscos em que vivemos, ou porque pode
provocar diarréias e outras infecções.
Mas ele não é pioneiro nessa brincadeira com o vírus, o próprio Supremo
Mandatário do País, o presidente da República, Jair “Messias” Bolsonaro e seu
séquito de seguidores, alguns que já foram lacrados, fizeram e fazem da
pandemia, uma gripezinha que já matou muitos patriotas.
Os números aqui em Araripina e na Região do Araripe, também não são para
risos, ironias, sarcasmos, a coisa é séria. Bom lembrar que já atingimos
números dramáticos de 96 mortes no nosso município e temos quase 6 mil pessoas
que foram contaminadas. O nosso índice em relação ao total de infectados atinge
1,92%, quando a média nacional é de 2,24%.
Nós temos colegas da área de saúde que categoricamente afirmam que todos
os dias a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital e Maternidade Santa Maria, é
uma loucura na luta para salvar vidas, e isso, para quem compactua com o momento
de sandice do “estudante de medicina” dizendo que os comentários são mimimis,
precisa assistir de longe o desespero de alguém que soube da notícia que a mãe
ou o pai, foi intubado. Não é besteira. É o mundo real.
Dizer e afirmar que é brincalhão, que foi alvos de críticas por ser
conhecido na sociedade, o torna mais
cúmplice dos seus erros, precisando admitir que faltou maturidade, empatia e
capacidade de realmente transmitir verdade no pedido de desculpas. Os protocolos parece não estavam também sendo cumpridos, porque nem todos tiveram o zelo de usar máscara na hora da trapalhada,
Quando aos exageros das pessoas, imaginar que justamente no momento que
pessoas morrem de coronavírus, de fome, de falta de emprego, de depressão, de
cansaço, brincar com tanto dinheiro e não expondo fragilidade nenhuma,
demonstra, meu caro, que falta-lhe muito respeito com as famílias que não
puderam velar os seus mortos, com os profissionais de saúde, de segurança, de
limpeza pública, enfim, aqueles que estão numa batalha infame contra um “VÍRUS
QUE NÃO É BRINCADEIRA.”
Eu o perdôo, de coração, sem demagogia. Mas por favor! Não brinque mais
com a morte. Seja humilde. E se seu desejo profissional será vestir um jaleco
branco para salvar vidas, sem pensar só no retorno financeiro, repense.
Eu já enfrentei a “Cólera” quando era também linha de frente. Fui
contaminado. Já estou desde 19 de março tentando provocar nas pessoas a ideia de
que precisamos trabalhar, mas também cuidar de nossa saúde.
Também já fui infectado pela Covid-19, da forma leve. Mesmo assim,
continuo tendo medo, acordando sobressaltado à noite, pensando na minha
família, na família dos outros. Porque o vírus não é brincadeira, nem mesmo que
faça com a turma de amigos.
Mantive o nome do Estudante de Medicina em Reserva, mas deixo o espaço
caso queira se pronunciar, em respeito ao direito de resposta.
Blog do Paixão