Antes do Corinthians, Sócrates brilhou pelo Botafogo de Ribeirão
Preto
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uito antes de se tornar um grande ídolo
do Sport Club Corinthians Paulista e,
também, da seleção brasileira de futebol, Sócrates se destacou no interior de
São Paulo. Mais precisamente com a camisa do Botafogo de Ribeirão Preto. Seu
primeiro ano mágico com a equipe do interior paulista aconteceu em 1974, quando
começou a figurar entre os titulares do Botafogo, aos 20 anos de idade. Naquele
ano, seu desempenho foi tão impressionante que o fez ser eleito a revelação do
Campeonato Paulista.
A partir dali Sócrates começava o seu período de sucesso como
profissional. Dentro dos gramados e desde jovem, esbanjava genialidade, técnica
e muita visão de jogo. Foi dessa maneira que atuou por quase seis anos entre os
profissionais do Botafogo/SP, colocando a equipe de Ribeirão Preto no radar do
futebol paulista e, até mesmo, do brasileiro naquele período.
E foi por opção dele, que preferiu permanecer
por mais tempo no Botafogo/SP, que ficou até a temporada de 1978, quando acabou
contratado pelo Corinthians, onde entraria definitivamente para a história do
futebol. Também foi nesse período que passou a ser convocado para a seleção brasileira.
O início de Sócrates no Botafogo/SP
A história de Sócrates com o Botafogo/SP começou em 1970, quando o
jovem de 15 anos passou a jogar nas categorias de base do clube. Alto, magro e
com pouca mobilidade, logo mostrou que apesar do físico nada atlético, possui
qualidade gigantesca com a bola nos pés. Se mostrava um jogador diferente,
tamanho era a inteligência dentro dos gramados. Logo se destacou entre os
juvenis do Pantera que subiu para o time principal na temporada de 1972.
Entre os profissionais, o jovem jogador se mostrou promissor e
chamou a atenção ainda com 17 anos de idade. Tanto que em seu primeiro ano como
profissional, disputou alguns amistosos pela equipe de Ribeirão Preto e não se
acanhou, marcando inclusive o seu primeiro gol.
Porém, apesar do destaque, Sócrates precisava se aprimorar
fisicamente para atuar em alto nível entre os profissionais. Então, nos seus
dois primeiros anos no time de cima, o jogador se concentrou em ganhar mais
massa muscular para se adequar a sua nova realidade.
1974 – É a revelação do
Campeonato Paulista
Já mais adaptado ao futebol profissional, Sócrates passou a brigar
por espaço entre os titulares do Botafogo/SP em 1974. Entretanto, sua vaga só
veio em definitivo após a contusão do meia Maritaca durante uma partida contra
o América/SP. Naquele jogo, o atleta de 20 anos entrou em campo e foi
importante na vitória do Botafogo/SP por 1 a 0.
A partir dali ganhou confiança para assegurar uma vaga de titular e
não largou mais. O seu bom futebol o tornou um dos principais jogadores da equipe.
Tanto que em seus primeiros jogos como titular absoluto, logo demonstrou que,
além de inteligente, era também decisivo. Na ocasião, Sócrates marcou um gol
contra o SAAD de São Caetano e anotou dois tentos pela primeira vez em uma
mesma partida contra a Ponte Preta.
Esses foram os seus primeiros gols dos 12 que viria a anotar no
Campeonato Paulista daquele ano, um bom número para um meia. Com o passar dos
jogos e maior experiência, Sócrates se tornava cada vez mais decisivo e
finalizador.
Exímio articulador de jogadas, fez o nome do atacante Geraldão, que
acabou como o artilheiro do Campeonato Paulista de 1974, com 26 gols. Assim,
Sócrates foi reconhecido como um jogador completo que, além de finalizador e
articulador, ele era acima de tudo genial e um jogador de equipe. Como não
poderia ser diferente, todas essas suas qualidades chamaram a atenção e lhe
renderam o prêmio de grande revelação da competição estadual.
1976: Seu auge com a camisa do Botafogo/SP e artilharia no
Paulista
Depois de ser escolhido como revelação do Campeonato Paulista de
1974, Sócrates deixou de ser apenas um prodígio para ser o principal jogador de
sua equipe. Tanto que continuou sendo decisivo e genial em 1975, quando marcou
21 gols na temporada. Mas foi no ano de 1976 que ele se tornou um dos
principais jogadores do país.
Naquela temporada, o Brasil se rendeu a Sócrates. Era uma das
grandes atrações do futebol brasileiro e chamava a atenção de mídia e
torcedores, principalmente quando voltou a marcar dois gols em uma mesma partida
contra as equipes como Juventus, São Bento e Goiás. E foi justamente a partida
contra os esmeraldinos, no Campeonato Brasileiro de 1976, que os torcedores do
Botafogo de Ribeirão Preto consideram como a melhor da história do clube.
Inclusive, na competição nacional, o jogador liderou uma campanha
digna com sua equipe, chegando até a terceira fase. Na ocasião, o time do
interior paulista conseguiu se destacar nas duas primeiras fases de grupo,
sendo líder e vice-líder respectivamente. Um feito e tanto para um clube
considerado de menor expressão.
Mas o grande destaque de Sócrates, em 1976, foi durante o Campeonato
Paulista daquele ano. Ao chegar no ponto máximo como goleador, marcou
impressionantes 7 gols em uma mesma partida contra a Portuguesa Santista, se
tornando artilheiro do estadual com 15 gols. Sua genialidade em campo era tão
extensa, que muitos não tinham ideia do que o jogador era capaz de fazer.
Já como Doutor, deixa o Botafogo/SP para se tornar uma lenda
Em 1977 Sócrates se formou em medicina pela Universidade de São
Paulo, cumprindo com a palavra que dera para sua família. Já como Doutor, foi o
principal responsável pela histórica campanha de sua equipe no Campeonato
Paulista daquele ano. Na ocasião, o Botafogo/SP foi campeão do primeiro turno
contra o São Paulo e conseguiu vaga para a terceira fase da competição, embora
não tenha conseguido chegar à final.
Após brilhante campanha, muitos jogadores do Botafogo/SP passaram a
chamar atenção no cenário do futebol brasileiro. Sócrates, que já era considerado
um craque, só não havia saído da equipe anos antes, porque precisava conciliar
seus estudos com a carreira de atleta. Mas em 1978, esse cenário mudou e ao
conduzir sua equipe até a terceira fase do Campeonato Paulista, o assédio por
seu futebol se tornou ainda maior.
Logo de cara foi convocado para a pré-lista da
Copa do Mundo de 1978, situação que não foi consolidada. Isso fez com que São Paulo Futebol Clube e
Corinthians brigassem por sua contratação. Quem levou a melhor foi os
alvinegros que pagaram 5,860 milhões de cruzeiros.
Assim, encerrava sua passagem de 6 anos pelo Botafogo de Ribeirão
Preto, clube no qual é considerado um dos maiores ídolos, se não o maior. Nesse
período, o jogador vestiu a camisa da equipe do interior de São Paulo em 269
jogos, tendo anotado 101 gols.
Leonardo Silva
Socrates of Botafogo-SP, August 1974. pic.twitter.com/ePULlNEpjd
— A Football Archive* (@FootballArchive) August 3, 2018
Socrates, Botafogo de Ribeirão Preto, 1976. (Photo: Ronaldo Kotscho/VEJA) pic.twitter.com/AlKgRHa8Z7
— A Football Archive* (@FootballArchive) May 27, 2016
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