Por conta dos
vacinados em estudo do Butantan, município não registra pressão no sistema
hospitalar e optou por não decretar fechamentos como as vizinhas Ribeirão
Preto, Cajuru e Altinópolis. Primeiros resultados da pesquisa apontam queda de
95% nos óbitos de munícipes após imunização.
Por Vinícius Alves, G1 Ribeirão Preto e Franca
Serrana, SP, foi dividida em 25 áreas para realização da vacinação em massa — Foto: TV Globo/Reprodução
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m meio aos
fechamentos para frear a Covid-19 nas vizinhas Ribeirão Preto, Cajuru, Brodowski e Altinópolis, com colapso na saúde e
escalada de casos e mortes, Serrana (SP), cidade que participou do estudo do Instituto Butantan para avaliar a eficácia
da Coronavac em populações inteiras, se tornou praticamente
uma ilha, com flexibilização das atividades econômicas e otimismo.
Neste domingo (30),
o Fantástico, da TV Globo, divulgou parte dos resultados do Projeto S,
iniciado em março e finalizado em abril. Os dados apontam que, após o fim da
vacinação, as mortes por Covid-19 caíram 95% na cidade.
Em paralelo à perspectiva otimista em Serrana, 23 cidades nas regiões de Ribeirão Preto e Franca adotaram medidas mais rígidas para reduzir a transmissão do vírus.
Só em Ribeirão Preto, com 711,8 mil habitantes, a taxa de ocupação nas unidades de terapia intensiva (UTIs) está em 94,08% neste domingo, enquanto a cobertura vacinal com duas doses é de 12,49% da população.
Primeiros
resultados
Os resultados da pesquisa mostram, ainda, que o número de casos sintomáticos da doença teve uma redução de 80%, enquanto as hospitalizações caíram cerca de 86%. Para os cientistas, o controle da pandemia se deu depois que 75% da população recebeu a segunda dose.
Em abril, Serrana já
observava uma queda expressiva na incidência da Covid-19. Após registrar 699
casos em março, o número caiu para 251. As mortes passaram de 20 para 6 no
mesmo período.
A pesquisa do
Instituto Butantan também revela que, enquanto 15 cidades vizinhas apresentavam
aumento no número de casos, Serrana caminhava na contramão e apresentava
reduções expressivas.
A apresentação completa da conclusão do estudo ocorre nesta segunda-feira (31), durante coletiva de imprensa do governo de São Paulo.
'Passo a frente das outras cidades'
Seguindo a fase de transição do Plano São Paulo, que permite a abertura de todos os serviços, com restrições, o prefeito Leonardo Capitelli (MDB) comemora a baixa pressão hospitalar e nos atendimentos de moradores com sintomas do coronavírus diante da vacinação em massa.
Ele afirma que houve uma queda na procura por testes em 40 dias. Antes, entre 160 e 180 pessoas iam à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para saber se estavam infectadas. A taxa de positividade era de 69%.
Depois da aplicação das duas doses da CoronaVac em 98% do público-alvo, correspondente a adultos com mais de 18 anos, exceto grávidas e puérperas, o número caiu para uma média de 30 a 35 atendimentos diários, com cerca de 25% de resultados positivos.
"Graças a Deus o nosso sistema de saúde aqui não está como outros da região, saturado. Junto com o Hospital Estadual, centro de contingência, Secretaria de Saúde, estamos semanalmente avaliando e entendemos que nosso momento é realmente um passo a frente das outras cidades", disse.
Cobertura vacinal em Serrana, SP, foi de 98% — Foto: TV Globo/Reprodução
Relação
com a região
Nos últimos dias,
para evitar o descontrole no fluxo de moradores de outras cidades,
principalmente de Ribeirão Preto, para Serrana, que está com supermercados,
comércio e restaurantes abertos, uma barreira sanitária foi instalada no acesso à
cidade.
A barreira em
Serrana fica na entrada da Rodovia Abrão Assed. Os veículos são abordados,
sobretudo os de placa de outras cidades, e os agentes da Vigilância Sanitária
fazem orientações educativas e preventivas aos passageiros.
Embora apresente
média móvel de mortes e infecções menor em relações a cidades do mesmo porte na região, como Orlândia e
Pontal, o número de casos entre abril e maio em Serrana
apresentou elevação. No mês passado, foram 235 casos positivos. Em maio, são
286 até a última divulgação, na sexta-feira (28).
“Como toda a região
teve acréscimo nos casos, Serrana também não foi diferente. A grande maioria
desses casos são pessoas que não tomaram a vacina ou então tomaram só uma dose.
Então, de forma geral, está bem controlada aqui na cidade”, explica o prefeito.
Agentes fazem a orientação aos motoristas que chegam em Serrana, SP — Foto: Comunicação Social da Prefeitura de Serrana/Divulgação
Em
busca da normalidade
Segundo o prefeito,
o estudo do Butantan abriu portas para Serrana no mercado de investimentos e
também em um cenário de troca de informações com cidades de outras regiões.
Capitelli afirma que
faz constantes reuniões com prefeitos do estado de São Paulo e também de fora,
como Maceió (AL) e Mossoró (RN).
“A principal
curiosidade é em relação à adesão da população, das dúvidas, da desinformação
sobre a vacina e nós falamos do trabalho que fizemos com as lideranças de Serrana,
lideranças religiosas, com os líderes do comércio, empresários, formadores de
opinião”, conta.
Após a vacinação em
massa, Serrana também deve ser palco de um grande evento público organizado pelo governo de São
Paulo junto ao Instituto Butantan. O objetivo é testar um
evento ao ar livre, com música e show, seguindo as devidas medidas sanitárias,
inclusive o uso de máscara.
Cooperação
internacional
A vacinação em massa
também aproximou a cidade do interior paulista com Israel,
um dos países que mais vacina contra a Covid no mundo e que já está em processo
de vida sem restrições na pandemia.
Nessa semana, o cônsul do país, Alon Lavi, visitou Serrana para
compartilhar experiências de cooperação técnica na questão hídrica,
agropecuária, educacional e na saúde.
“Já estamos
estreitando relacionamentos para futuros encontros. Já foi cogitada nossa ida a
Israel para que a gente possa ver de perto como eles trabalham essa situação
toda e onde buscam forças para enfrentamento das dificuldades”, diz Capitelli.
Cônsul de Israel caminhou pela cidade e conheceu a Usina da Pedra — Foto: Reprodução/EPTV
A expectativa de
Serrana é sair da pandemia em um outro patamar, acelerando ainda mais a
recuperação dos setores da sociedade. As aulas presenciais, por exemplo, já
estão acontecendo com 35% da capacidade das escolas.
Segundo o prefeito,
com foco na retomada econômica, foi aprovado na Câmara um projeto de lei que
garante incentivo fiscal e busca atrair novos
investimentos.
A aposta da cidade é
a localização, com fácil acesso à Rodovia Anhanguera, uma das principais do
estado de São Paulo, saída para o Sul de Minas Gerais, proximidade com Ribeirão
Preto e estar instalada acima do Aquífero Guarani.
“O impacto social e econômico no município já tem tido muitos reflexos. Nós queremos não ser só a cidade da vacinação em massa, mas a cidade de uma retomada planejada, consciente, que possa se replicar”, afirma.
Blog do Paixão