Por Arnaldo Rocha
Rubro-Negro
superou violência e polêmicas para se sagrar campeão
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oi em 1980 que o CR Flamengo havia se tornado
campeão brasileiro pela primeira vez, após final emocionante contra o
Atlético/MG. Agora, o time Rubro-Negro se preparava para disputar, também pela
primeira vez, a Copa Libertadores da América. Com um elenco recheado de
estrelas como Zico, Nunes, Júnior, Leandro, entre outros, o Flamengo, em 1981 o
clube já havia sido eliminado nas quartas de final do Campeonato Brasileiro
pelo Botafogo/RJ. Passava
por um momento turbulento e que culminaria na demissão do técnico Dino Sani.
Para o seu lugar foi recrutado o ex-volante do time, Paulo Cesar
Carpegiani, aos 32 anos, que havia recém-aposentado dos gramados devido as
lesões. E logo em seu primeiro trabalho como técnico assumiu o CR Flamengo já
na 3ª rodada da Copa Libertadores.
Aquela edição da Copa Libertadores contaria com a participação de 21
clubes, distribuídos em 5 grupos com quatro times em cada. Sendo que apenas o
líder de cada grupo avançaria para a próxima fase. O Nacional/URU, atual
campeão do torneio entrava direto na fase semifinal.
Flamengo e Atlético Mineiro eram os brasileiros
classificados para a competição continental. Se classificaram por terem sido
campeão e vice do Campeonato Brasileiro do ano anterior.
Na Libertadores 1981, reencontro com o Atlético/MG
Na primeira fase, os representantes brasileiros ficaram no Grupo 3,
juntamente com os paraguaios do Cerro Porteño e do Olímpia.
A estreia do Flamengo, contra o Atlético Mineiro, aconteceu no Mineirão.
A equipe mineira chegou a abrir 2 a 0 de vantagem, mas o time da Gávea
conseguiu arrancar o empate nos minutos finais.
Os dois times voltaram a se encontrar no Maracanã, e em mais um jogo
muito movimentado, novo empate em 2 a 2.
As duas equipes brasileiras dominaram completamente o grupo e terminaram empatados na 1ª colocação, com 8 pontos cada, e invictos. Com a igualdade nos pontos, foi necessária a realização de uma partida desempate em um campo neutro.
O estádio escolhido foi o Serra Dourada, em Goiânia, uma espécie de
tira-teima da final do Campeonato Brasileiro de 80. Era um período que a
rivalidade entre Flamengo e Atlético/MG era das principais do Brasil. Além de
tudo coloca dois dos principais jogadores do país frente a frente: Zico x
Reinaldo.
A arbitragem da partida ficaria a cargo de José Roberto Wright, escolhido
em comum acordo entre as duas diretorias.
Flamengo x Atlético/MG: O jogo que nunca terminou!
Sexta-feira, 21 de agosto de 1981. 65 mil pessoas lotavam o Estádio
Serra Dourada para acompanhar de perto o duelo entre as duas melhores equipes
do país, e que definiria quem avançaria para a fase semifinal da Copa
Libertadores.
A rivalidade estava a flor da pele e os ânimos estavam exaltados. Os jogadores dos dois times entravam com vigor em toda disputa de bola. E com menos de meia hora de jogo, cinco jogadores já haviam sido advertidos com o cartão amarelo.
Aos 33, a primeira expulsão. O centroavante atleticano Reinaldo faz uma
falta violenta em Zico, por trás, e leva o primeiro vermelho da noite.
Dois minutos depois, Éder tromba com o árbitro e como já tinha cartão
amarelo, também é expulso de campo.
Era o início de uma enorme confusão. A diretoria e comissão técnica do
Atlético/MG invadiram o gramado e cercaram José Roberto Wright. No meio do bolo
mais dois atleticanos seriam expulsos: Chicão e Palhinha.
Os jogadores do Atlético começaram a se retirar de campo e a partida
ficou paralisada por mais de 10 minutos. Porém pouco tempo após o reinicio do
jogo, o goleiro João Leite em uma tentativa desesperada de encerrar a partida
desaba no gramado, simulando uma contusão. O jogo segue, e após marcação de uma
falta a favor do Atlético Mineiro, Wright caminha até a direção ao goleiro atleticano,
que ainda se encontrava estendido no chão e o expulsa de campo.
Com apenas 6 jogadores do Atlético a partida é encerrada com 37 minutos
de jogo.
Posteriormente o comitê executivo da Conmebol declarou o Flamengo como o
vencedor da partida. O Rubro Negro estava classificado para a próxima fase.
Flamengo sobra em campo
A fase semifinal da Libertadores foi dividida em duas chaves com três
times, disputada em partidas de ida e volta. O Flamengo encarou nessa fase o
Deportivo Cali/COL e o Jorge Wilstermann/BOL. Porém, nenhum destes adversários
ofereceu qualquer resistência ao rubro-negro carioca, que venceu todos os seus
jogos.
Desta forma, o Flamengo classificou-se para a final de forma invicta, e
decidiria o título contra o emergente Cobreloa/CHI. Este confronto seria
disputado em três partidas épicas.
Entre o desfecho da semifinal e a final
da Copa Libertadores da América de 1981, estava a partida válida
pelo Campeonato Carioca contra o Botafogo/RJ. E o Flamengo devolveu os 6×0
sofrido diante do rival em 1972, e que ainda era motivo de piada entre os
torcedores. Este jogo ficou conhecido como o jogo da vingança.
Na final de 1981, Flamengo x Cobreloa: Futebol arte versus futebol força
O primeiro jogo da grande final foi realizada
no Maracanã, para um público de mais de 90 mil pessoas. O Flamengo abriu 2 a 0
de vantagem, ambos com Zico, ainda no primeiro
tempo, e o Cobreloa/CHI diminuiu com Victor Merello, aos 20 minutos do segundo
tempo, em cobrança de pênalti.
No segundo jogo, em Santiago do Chile, uma atmosfera totalmente hostil
ao Flamengo. Cerca de 60 mil pessoas estavam presentes no Estádio Nacional para
ver o jogo, mas o que se viu foi uma verdadeira batalha campal.
Os jogadores do clube chileno abusaram da violência, com muitas faltas,
socos e pontapés. O árbitro da partida totalmente conivente com a situação, não
aplicou um cartão sequer aos infratores.
A partida foi vencida pelo Cobreloa/CHI por 1 a 0, o que forçou o jogo
desempate em Montevidéu, no Uruguai.
A América tem novo dono!
Na partida decisiva realizada no Estádio Centenário, logo aos 17
minutos, Zico recebeu passe de Andrade e bateu de primeira para abrir o placar
para o Flamengo. O rubro-negro seguiu dominando o jogo e criando as
melhores oportunidades, chegando com perigo em diversas ocasiões antes dos
primeiros 30 minutos de jogo.
A partida então, começou a ficar mais pegada, com os chilenos apelando
novamente para as faltas. Desta vez, porém, as ações violentas seriam punidas
com mais rigor.
Em um desses lances o chileno Alarcón foi expulso. Pouco tempo depois,
Júnior sofreu falta feia. Andrade em defesa ao companheiro revidou e também foi
expulso.
Na sequência, o Cobreloa quase marca, mas Júnior salva em cima da linha
gol que daria o empate para o time chileno.
No segundo tempo, o Flamengo seguia melhor. E, aos 31
minutos, em uma cobrança de falta magistral do Galinho de Quintino, o
time brasileiro chegou ao segundo gol, praticamente selando a conquista da
América para o Flamengo.
Faltando menos de 5 minutos para o jogo acabar, Carpegiani colocou
Anselmo no lugar do atacante Nunes, exclusivamente para revidar as agressões
cometidas pelo jogador Mario Soto, na partida anterior. Sem pensar, Anselmo
entrou e já partiu em direção a Soto para acertar-lhe um golpe na cabeça. No
meio da confusão, além de Anselmo, dois jogadores do Cobreloa/CHI também
acabaram expulsos.
O placar permaneceria inalterado até o apito final e o Flamengo, dono de um futebol arte, seria o grande campeão dentro de campo.
Zico, craque da
Copa Libertadores de 1981
Maior destaque daquela geração vitoriosa do Flamengo, Zico foi um jogador de extrema categoria, exímio cobrador de faltas e com uma excelente visão de jogo. Com inúmeros campeonatos com a camisa rubro-negra, ele ainda é o maior artilheiro na história do clube, com um total de 509 gols em 732 jogos, além de ser também o maior artilheiro do Estádio do Maracanã, com 334 gols.
Na campanha da Copa Libertadores de 1981, o eterno camisa 10 da Gávea
foi fundamental na conquista, seja com seus gols ou com passes e assistências
memoráveis. Foi o artilheiro e craque da competição com 11 gols marcados.
No jogo decisivo contra o Cobreloa/CHI, teve uma atuação de gala. Fez
dois belos gols, meteu uma bola na trave, resistiu a violência chilena e no fim
ergueu a taça da Copa Libertadores de 1981.
Sede de títulos
Rubro-Negra
Em um intervalo de apenas 21 dias, o time da Gávea conquistou o Campeonato
Carioca, a Copa Libertadores e o Mundial Interclubes. Em 1982, o Flamengo
voltaria a ser campeão nacional, fato que se repetiria mais duas vezes naquela
década. Na Copa Libertadores, o time cairia na fase semifinal.
Para construir a rica história centenária do Clube de Regatas do Flamengo, é necessário que alguns nomes firmem seu legado, não só como jogadores, mas como técnicos também. Foi pensando nisso que separamos 6 nomes que todo rubro-negro deve conhecer. pic.twitter.com/7nTBoYNpbl
— Flahistoria (@flahistoria) August 1, 2020
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