Dados são da União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação
Por Agência Brasil
Foto: Reuters/Pilar Olivares/Direitos
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maior parte das escolas públicas
municipais no Rio de Janeiro continua exclusivamente em ensino remoto.
Apenas 1,1% das redes de ensino começaram o ano letivo de 2021 com aulas
totalmente presenciais e 15,1% de forma híbrida, mesclando aulas presenciais com
ensino remoto. Os dados são de pesquisa da União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação (Undime) divulgada hoje (22).
O estudo
foi realizado com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e
do Itaú Social entre os meses de junho e julho de 2021, com 3.355 redes
municipais que, juntas representam 60,2% do total de municípios do país e
respondem por mais de 13 milhões de estudantes. As redes municipais concentram
a maior parte das matrículas das creches, pré-escolas e ensino fundamental
públicos.
A
pesquisa mostra ainda que 57% das redes concluíram os protocolos sanitários
para a prevenção da covid-19. Quanto à imunização dos profissionais da
educação, o processo já começou em 95,1% das redes municipais
entrevistadas.
Em pronunciamento, nesta terça-feira (20),
o ministro da Educação, Milton Ribeiro, defendeu o retorno dos estudantes às
aulas presenciais nas escolas. Segundo o presidente da Undime, Luiz Miguel
Martins Garcia, que é dirigente municipal de Educação em Sud Mennucci
(SP), é preciso considerar a situação de cada localidade. A expectativa é que,
no segundo semestre, com a adoção dos protocolos, mais redes retomem o ensino
presencial.
“Todo
mundo está muito ansioso e quer a volta, mas essa volta precisa ser com
segurança, valorizando a vida e o direito à educação. É muito importante que a
gente tenha respeito à autonomia de cada rede para avaliar a sua condição de
volta, de como proceder e como garantir esses dois direitos essenciais”, diz
Garcia.
Desafios da pandemia
Segundo
o estudo, a conectividade de estudantes e professores, bem como a
infraestrutura das escolas continuam sendo consideradas as maiores dificuldades
enfrentadas pelas redes durante a pandemia. Quase todas as redes, quando se
trata de ensino remoto, usam materiais impressos (98,2%) e passam orientações
por WhatsApp (97,5%). “Nós temos um vazio de acessibilidade muito grande no
país”, diz Garcia, que ressalta que mesmo em centros urbanos, “há apagões de
conectividade muito forte”.
A
infraestrutura das escolas é também empecilho para o retorno às aulas
presenciais. “A estrutura das escolas é que vai auxiliar a garantir um retorno
seguro, que a gente sabe que é fundamental e que deve acontecer, mas precisa
adaptar a estrutura escolar para esse novo cenário, com protocolos e medidas de
segurança e adaptação do ambiente”, diz a coordenadora do Observatório do Marco
Legal da Primeira Infância (Observa) Thaís Malheiros.
De
acordo com dados disponibilizados pelo Observa, a partir do Censo Escolar
2020, apenas 41% das crianças matriculadas em creches e 41% das matriculadas em
pré-escolas estão em estabelecimentos que possuem área externa. “A área externa
e com grande ventilação é fundamental para, por exemplo, o momento da
alimentação [quando as crianças estão reunidas sem máscaras]”, diz Thaís.
Além
disso, mais de 20% das crianças com até 5 anos estão matriculadas em escolas sem itens de saneamento básico,
como água filtrada, esgotamento sanitário ou coleta de lixo.
Busca ativa
Com a pandemia, segundo estimativa divulgada pelo Unicef, o número de crianças e adolescentes sem acesso à educação no Brasil saltou de 1,1 milhão em 2019 para 5,1 milhões em 2020. A pesquisa divulgada hoje mostra que essa é uma preocupação dos dirigentes. Cerca de 60% dos respondentes consideram a busca ativa de estudantes em abandono ou risco de abandono escolar uma das prioridades das redes municipais de educação.
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