O Santa Cruz de Osmar Pereira.
Em pé: Lalá, Luisinho, Duda, Picolino, Everaldo, Espedito. Agachados: Osmar Pereira (técnico) Luizão, Fábio de Nega, Raimundinho, Nego e Décio.
Os mascotes são: César Paixão (in memoriam) e Luis Pereira (Didin - filho de Osmar)
Falar do futebol amador como uma forma subjetiva de um ente coletivo e inspirador de tantos que fizeram do esporte em especial do futebol, momentos de prazer e de entretenimento, às vezes, não querendo desmistificar, é um grande saudosismo pessoal. Nesse momento em que a pandemia nos tirou tantos prazeres da vida, como praticar esporte, cuidar do corpo e andar por aí sem se sentir sufocado por uma máscara que já virou acessório nosso de cada dia por quase dois anos, resolvi aqui também virá saudosista inveterado e contar um pouco daquela molecada que não tinha onde bater uma bola, onde extravasar as energias da juventude, porque não foi assim tão fácil penetrar nos portões das barreiras sociais de uma época em que o “Dozão” e as quadras das escolas não eram para a turma aqui do “beira fresca”. Nós vivemos tudo isso que eles chamam de futebol amador, pelada, campo de várzea, era aos 7, 10 anos, nosso principal entretenimento, e olha que tínhamos de fugir de nossos pais para não se pego de surpresa e levar aquela boa e velha sova. Eu, Baza, Lola, Itinho e mais uma geração inteira aqui das ruas 11 de Setembro, 1º de Maio, Rua Sete, José Arnaud, Joaquim Alves de Castro, Henrique Alves Batista, dormia e acordava com uma bola, às vezes furada que precisava ser cheia na força do sopro e em várias tentativas o buraco era tapado com plástico esquentado no fogo. Os campos (em cada rua a molecada limpava o terreno baldio) e improvisava traves (de pau de agave) ou de pedras e a diversão era garantida até quando não saia uma “mão de tapa” de quando em vez para aparecer o proprietário e acabar com a farra. Ali por trás da prefeitura tinha um que juntava os chamados “times de fora” - óbvio, como a maioria juntava. Aqui na Rua Onze nós mantivemos um até um dia desses. Quando chovia alagava tudo e tínhamos que esperar passar o inverno para limpar todo mato que havia criado. Na Rua do Padre, bem onde ficava o Açude Velho, outro campo comandado por Perninha, também foi palco das velhas e boas peladas. Aqui por trás da Uniclinic também foi improvisado um campo para as peladas, outro que era mais pra galera de cima ficava aqui do lado da Escola Maçonaria, onde fica o Restaurante Maria de Ló (acredito) enfim, outras vezes arriscávamos pular os muros das escolas (um da turma sempre ficava à espreita para quando Seu Zé, Elmar, Seu Valério, Sebastião, Antônio Januário ou outro vigia que porventura aparecesse) avisava a turma e era aquela correria para pular o muro de volta. Comprar uma bola não era fácil porque todo mundo vivia a mesma dificuldade. A “bola canarinho” era mais barata e de um material frágil e então o jeito era cozinhar para garantir mais durabilidade. Saber sobre regras, liga, secretaria de esportes, prefeitura, direitos, poder adentrar livremente nos portões das escolas sem a ditadura imposta, talvez não fosse tão mágico quanto os tempos difíceis que vivíamos, além das outras necessidades mais rotineiras como comer três vezes ao dia. E lá na nossa rua, em que a televisão chegou também como um despertar para o advento do que viria no futuro, quem entender o que escrevo, o que externo nessa minha dissertação, pode compreender que a história, a nossa história com o amor pela bola, pelo futebol, não foi do jeito que muitos contam. Da próxima vou mais profundo continuar a história e chegaremos até o “Pedra Fina” que ficava aqui, nas redondezas da minha casa. |
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