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História de Araripina: O Pedra Fina e os domingos do esporte amador


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u já dissertei aqui sobre o “Pedra Fina” e quero finalizar essa série em comemoração aos 93 anos de Araripina lembrando daqueles que fizeram o esporte amador na “Várzea de Araripina”. Meu pai Antonio “Lambu”, Osmar Pereira, Wilson Pelado, Dedé de Josias, Rivone, Zé Mago, Lalá, Fábio de Dona Nega, Cuscuz, Perninha, o comunicador Nelson Lopes da Rádio Grande Serra, enfim, tanta gente que contribuiu para um esporte que tinhas suas limitações financeiras e sociais principalmente para uma parte da cidade tão distante dos olhares do poder público.

O campeonato da  Pedra Fina foi uma necessidade de movimentar aquele trecho da cidade em que a bola e o futebol era a principal diversão. Ainda vibrávamos com as partidas transmitidas pela Rádio Globo com Jorge Curi e Valdir Amaral de tão fissionados que éramos pelo futebol.

As dificuldades não impediram que os times fossem montados com cada atleta contribuindo para comprar o seu padrão (artigo raro e difícil de confeccionar naquela época) cada proprietário dos times Fla Paixão, Santa Cruz, Náutico, Aikidó, Grande Serra, Zé Martins tinha sua parcela de envolvimento. O campeonato cresceu e tivemos que alugar um local para discutir sobre o os critérios que seriam adotados no campeonato. A sede (um cubículo) que ficava ali na Rua 11 de Setembro, esquina com a Rua Duque de Caxias em dia de reunião ficava lotada, já que os atletas além dos proprietários dos times faziam questão de participar dos debates.

Ficava decidido que no domingo (dia definido para as partidas de futebol) uma equipe já definida em reunião antes dos jogos iria fazer a marcação do campo com cal ou gesso (tudo comprado com a contribuição de todos os envolvidos). O domingo amanhecia principalmente na Rua 11 de Setembro, principal trajeto para o Pedra Fina, movimentado. Nós morávamos ali mesmo e éramos os primeiros a se acordar, já que bola, apito (só não tinha rede) tudo era guardado lá em casa.

Os jogos começavam a partir das 8h e ia até as 18h com tempo de 40 minutos para cada partida. A extensão do campo só permitia seis atletas por time (com o goleiro), mas os times iam se alternando com os reservas com o mesmo número de titulares.

Tinha torcida organizada principalmente para aplaudir as estrelas dos times. Baza era a grande atração do campeonato, mas Lola seu irmão, era um craque com habilidades iguais. O problema de Lola era que fazia malabarismo com a bola descalço e resistia em usar sapatos. Fábio de Nega também era um das estrelas e Lalá e Tontonho do Santa Cruz e Wilson da Churrascaria, do time do Zé Martins despontavam como astros de primeira grandeza que podiam ser atraídos, assim com o próprio Baza pelo futebol profissional.

O campeonato ganhou uma competição a mais para promover um domingo cheio de entretenimento e expectativas: os proprietários dos times queriam mostrar quem era o time mais organizado e mandaram confeccionar os seus bancos de reservas. Feitos de madeiras e coberto com lona de polietileno (acho que era desse material) eram pesados e todo domingo virava mais um adereço do evento. Legal mesmo era a correria para transportar manualmente esses bancos de madeira até o Pedra Fina.

As taças e as medalhas ao final do campeonato eram todas angariadas com a contribuição de cada time e só lembrando que tivemos muitos problemas ao longo do que foi planejado. As traves passou a ser alvo de vândalos, o espaço (campo) também passou a ser constantemente prejudicado com aqueles que podemos chamar de bandidos que às vezes no sábado, um dia antes dos jogos acontecerem, lançavam fragmentos de vidros e dava um trabalheira dana para os organizadores. Mas o desfecho final para o tão festejado campeonato do Pedra Fina, atração de todo desportista daquela região tão esquecida pelos entes públicos aconteceu de uma forma bem hilária: alguém da torcida agrediu um jogador que havia realizado um entrada mais dura no outro atleta (Perninha) e atingiu em cheio o rosto que logo virou um hematoma em um dos seus olhos. Saindo de campo, logo apareceu um senhor armado que apenas para assustar efetuou um disparo no sentido céu com arma de fogo. Foi àquela correria e desse dia em diante, nada deu mais certo, principalmente pelos ataques dos vândalos que continuaram e que ameaçavam a todos.

Histórias do Pedra Fina

Toda jogada precisa de sorte

Certa vez ao não se organizar para cumprir todo ritual de um evento e garantir a premiação prometida e por direito, Carlos Paixão um dos organizadores do Primeiro Campeonato do Pedra Fina, teve que se apresentar em um show de calouro realizado no Cine Marilac para aventurar ganhar o prêmio (uma taça) para entregar ao campeão. A cartada deu certo e ele conseguiu chegar a tempo com a premiação.

Nelson Lopes, o goleiro comunicador

Nelson Lopes o goleiro do Time da Rádio Grande Serra era uma figura folclórica e a sensação do campeonato. O comunicador era quem liderava o time daquele meio de comunicação e era uma atração a mais que valorizava ainda mais aqueles dias de entretenimento. Ele pulava, gesticulava e era um “frangueiro” de primeira.

As manias Baza

Baza, além do seu irmão Lola também tinha uma mania ou “cerimônia” no linguajar nordestines. Ele queria sempre jogar de calça atÉ que foram criadas regras para ele então se adequar ao uso do short que era acessório necessário principalmente para um bom desempenho no campo. Não foi fácil pra estrela do Pedra Fina se adaptar ao que seria regra, mas logo ele compreendeu a necessidade. Após os jogos, o atleta voltava ao estilo de roupas que até hoje lhe é peculiar e  o ferrinha, como e conhecido carinhosamente, usa as vestes que adotara. 

Um pai empolgado

Empolgado com os dribles e arte dos bons futebolistas, seu “Dedé de Josias”, pai de Baza, defendia com fervor as belas jogadas do filho e a beira do campo virava um apostador para quem quisesse o desafiar nos tiros certeiros que a cada partida ele como um bom jogador apostava nas habilidades da sua prole. De pele característica do albinismo, seu Dedé ficava vermelho com facilidade e a torcida muitas vezes solitária em defesa do filho atleta, o deixava mais excitado devido ao calor intenso. 

Olha o buraco Seu Servir

Uma das histórias engraçadas tem a ver com um senhor tocador de violão e que todos ali da redondeza gostava muito do seu carisma, da sua presteza e por ser um torcedor que acordava cedo e era prazeroso ao ver a rua onde morava lotada de gente para assistir as partidas de futebol aos domingos. Seu Servir morava vizinho onde ficava a sede e no dia do acontecimento do tiro que foi dado para cima, ou para assustar, pelo motivo de não enxergar direito e do medo que tomou conta de todos, Seu Servir naquele dia fatídico, foi atropelado literalmente pelas pessoas que corriam assustadas e ele caiu em um córrego (provavelmente uma artéria do Canal São Pedro) e chegou em casa todo enlameado. Mas Seu Servir tirou aquilo de letra.

Ficar no Banco de Reserva

Outra história engraçada e que virou motivo de chacota nas horas de descontração aconteceu comigo. Eu era titular no time do Santa Cruz, mas meu pai era o "dono" do Sport que jogava Assoélio, Valmir, Cuscuz, Alencar entre outros e isso gerou discussão dentro de casa e fui obrigado a ceder e aderir ao time rival, isto é, ao time do meu pai. Como o time era completamente de craques e as vagas já todas preenchidas, não ia ter espaço para mais um, a não ser que acontecesse uma contusão séria (o que não houve) e tive que me contentar com o banco para evitar problemas em casa. Pode?

Fizemos uma tour pelo Google Maps para rastrear e identificar alguns pontos que na época foram as bases de apoio para um evento que trouxe muita felicidade para os amantes do esporte.


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