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Por: Correio Braziliense / Cristiane Noberto
O religioso ainda afirmou que, se
a polícia descobrir a contabilidade burlada, será pego; advogado presente
também aponta erros nos documentos
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áudio gravado, o Padre Robson de Oliveira Pereira admitiu
que desvios e documentos alterados são ilegais e que se cair nas mãos de “um
delegado meio doido” que faria “perguntas demais” poderia ser preso. Segundo o
religioso, as questões seriam “crime organizado”, e que ele seria o “chefe da
quadrilha”.
As
gravações foram encontradas no celular do religioso e divulgadas na quarta-feira (25/11)
pelo Jornal da Record. Em outro trecho, padre Robson e sua equipe reconhecem
que os contratos adulterados de imobiliárias poderiam cair em uma investigação
e isso seria “muito ruim”.
“Quer dizer, eu estou
assumindo que eles eram seus representantes nos negócios e investimentos na
área imobiliária”, afirma o advogado Klaus Marques. Uma outra advogada que não
teve seu nome revelado completa: “e rádios”. Padre Robson afirma temeroso:
“Isso não é bom”. A advogada responde: “De jeito nenhum. Isso é a pior coisa
que o senhor pode fazer”. Alessandra, funcionária da Associação Filhos do
Pai Eterno (Afipe), entra na conversa e dispara: “Isso aqui é péssimo também.
Investimentos na área imobiliária, tendo em vista tudo que, de fato, todo mundo
sabe que eles fizeram, foi o quê? Um roubo, né?”.
O
religioso então conclui: “Eu estou dando legitimidade para uma coisa ilegítima,
porque eu considero que foi estelionato aquilo lá. Os caras lá já falavam:
Olha, você vai passar, por fora, para mim, tanto. Eu, de bobão… complicado isso
aqui. Não está bom, não. Isso aqui é a mesma coisa de estar assinando um
mandado de prisão”.
Chefe da quadrilha
Em dado momento, o padre
desconfia que irá ser alvo de operação policial que o levaria a prisão. Ele
afirma que seu maior medo é a “apuração dos fatos”. “Quando for apurar fatos,
olhando nossa contabilidade, olhando nossa contabilidade do Júnior, do Gleison,
vão ver que eles deram outra destinação aos valores, que não bate com datas e
nem com nenhum tipo de… não tem jeito, gente”, disse. O religioso ainda afirmou
que não poderia ter as provas em seu computador pessoal e que trocaria a placa
do aparelho em breve.
Mais adiante na conversa, padre Robson afirma que, se as provas chegassem a um “delegado meio doido” poderia fazer uma “pergunta pesada” que levaria a descoberta do crime organizado. Então o advogado Klaus Marques confirma: “É crime organizado”, e continua “e o senhor é o chefe”. O religioso, então confirma: “E eu sou o chefe da quadrilha”.
Entenda o caso
O Padre Robson é acusado por
supostamente ter desviado mais de R$ 100 milhões de doações de fiéis. O
dinheiro era para ter sido usado na construção da nova Basílica de Trindade,
mas o religioso teria comprado fazenda, casa de praia e um avião de pequeno
porte. As investigações começaram em 2019 e são conduzidas pelo Ministério
Público de Goiás.
Os supostos desvios foram
descobertos durante a Operação Vendilhões, que apurou uma denúncia do
religioso, que estava sendo vítima de extorsão após hackers terem descoberto
relacionamento amoroso dele. Ao todo, Padre Robson teria desembolsado R$ 2,9
milhões para os chantagistas, dinheiro que, segundo o MPGO, saiu dos cofres da
Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), com sede em Trindade (GO).
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