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Caso Beatriz: entenda por que evolução técnica de exame de DNA permitiu identificação de autor do crime seis anos depois

Em 2015, perfil genético obtido a partir do DNA coletado na faca usada no crime não permitia comparação através de programa de computador, o que só foi possível agora em 2022.

Por g1 PE


Instituto de Genética Forense Eduardo Campos, no Recife, em foto de 2021 — Foto: SDS-PE/Divulgação

Seis anos, um mês e um dia foi o tempo até a Polícia Científica informar que identificou o autor do assassinato de Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, em um colégio particular de Petrolina. A peça-chave para desvendar o crime foi o DNA coletado na faca utilizada para matar a menina, em 2015. Somente em 2022 os peritos conseguiram aprimorar o material genético encontrado na arma e compará-lo com outros no banco de DNA do estado.

A explicação foi dada pela perita criminal geneticista Sandra Santos, que foi chefe da Polícia Científica de Pernambuco por sete anos, inclusive quando o inquérito do caso foi aberto. Desde então, ocorreram mudanças que possibilitaram a identificação do autor apenas agora, seis anos após o crime. Entre elas:
  • avanços tecnologia do DNA;
  • investimentos na área de genética forense;
  • evolução das técnicas utilizadas pelos peritos;
  • aprimoramento dos próprios peritos com relação ao uso das tecnologias.
O autor do assassinato, segundo a Secretaria de Defesa Social e o resultado dos exames de DNA, é o detento Marcelo da Silva, de 40 anos. Após ser identificado, ele prestou depoimento a delegados, confessou o crime e foi indiciado, ainda de acordo com o governo.

Nesta quarta-feira (12), o secretário de Defesa Social, Humberto Freire, afirmou que a menina teria se assustado ao vê-lo com uma faca, e o crime teria sido cometido para silenciá-la. A arma utilizada por ele para matar a menina foi transportada no dia seguinte ao assassinato para o Recife, onde fica o Instituto de Genética Forense.


Faca usada para matar a menina Beatriz Angélica foi peça-chave para coleta de material genético que identificou suspeito — Foto: Reprodução/TV Globo

A faca havia sido deixada pelo assassino em cima do corpo da menina e, no cabo dela, existia DNA de células epiteliais, chamadas também pelos especialistas de DNA de toque.

A perícia criminal, então, coletou amostras biológicas e traçou perfis de DNA, com o desafio de separar o material genético da criança e do criminoso. Naquela época, explicou Sandra Santos, a qualidade do perfil de DNA obtido ainda não era boa o suficiente para ser inserida e comparada com outras do banco de dados.

Ao longo dos seis anos de investigação, enquanto não conseguiam aprimorar o perfil, peritos compararam manualmente o perfil da amostra obtida com o material genético de 124 pessoas consideradas suspeitas pela Polícia Civil.

Todas essas amostras foram coletadas pelos peritos do Instituto de Genética Forense Eduardo Campos, desde 2015. A perícia constatou que nenhuma delas tinha ligação com o crime.

"Ao longo dos anos, a gente foi trabalhando na melhoria e na qualidade desse perfil. A ciência e a tecnologia do DNA avançam e os peritos criminais avançam também. Um perfil que em 2015 não tinha aquela qualidade necessária, recentemente, a gente conseguiu o que a gente chama de padrão ouro", explicou Sandra Santos.

A equipe forense finalmente conseguiu o que é chamado de DNA nuclear, que individualiza a pessoa. "A gente conseguiu extrair disso um outro tipo de DNA e esse DNA agora, recentemente, permitiu que a gente alimentasse o nosso banco", explicou a perita criminal.

Na primeira semana de janeiro de 2022, os peritos conseguiram atingir o "padrão ouro" o que possibilitou a inclusão do perfil genético do assassino no banco de dados da Polícia Científica.

"A gente consegue trazer novas metodologias, novas tecnologias, e com isso a gente vai trabalhando pacientemente a melhoria do perfil até chegar ao padrão ouro. É o perfil que me permite atualizar o banco, porque o banco segue regras rígidas e eu não posso colocar qualquer perfil para não correr o risco de apontar um inocente usando DNA", disse Sandra Santos.


Marcelo da Silva [esquerda] foi apontado como assassino de Beatriz Angélica Mota, com 7 anos — Foto: Montagem/Reprodução

Foi feito um cruzamento de informações em um programa de computador que reúne 14 mil cadastros de pessoas que estão ou já passaram pelo sistema prisional de Pernambuco.

O resultado apontou que o assassino de Beatriz Angélica é Marcelo da Silva, que estava preso pelo crime de estupro desde 2017 e, em 2019, teve material genético colhido para inserção no banco genético do estado, num mapeamento de todos os condenados do sistema prisional.

Após o banco de dados apontar que Marcelo seria o assassino, a Polícia Científica coletou novamente material genético de Marcelo e refez o cruzamento dos dados, chegando à mesma conclusão.

Sandra Santos afirmou que, caso a Polícia Civil tivesse chegado antes até Marcelo da Silva, o confronto entre a amostra e o perfil genético já poderia ter sido realizada e, com isso, o crime ter sido solucionado há mais tempo. Segundo ela, três dias após o crime, os peritos já tinham o perfil de DNA do assassino.

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