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música mais tocada e mais ouvida, principalmente no Spotify – Um serviço digital que dá acesso instantâneo a milhões de músicas, podcasts, vídeos e outros conteúdos de criadores no mundo todo, foi “Batom de Cereja”, da dupla Israel e Rodolffo.
Parei, pensei, quase travei
Será, que agora eu vou passar a vez
Será que eu vou ficar de boa, pegando outra e vendo você ficar com outra pessoa
Não vou não, já dispensei a gata que eu tava
Eu vim aqui foi pra beber e passar raiva
'To solteiro na night, 'cê 'tá batendo muito mais que o grave
Enquanto o som do paredão toca
'Cê gasta
o seu batom de cereja
Eu bebo, 'cê beija, eu bebo, 'cê beija
Eu bebo, 'cê beija, eu bebo, 'cê beija
Coloquei alguns trechos dessa...dessa...dessa...sei lá como posso definir esse tipo de letra sem rima, de devoção ao adultério sadomasoquista, de duplo sentido, pobre e que jamais alguém colocaria em um trecho de mensagem amorosa, ou em troca de confidências, teor tão chulo e medíocre. Mas como ela foi considerada a melhor música do ano de 2021, eu não duvido nada que alguém faça uma declaração de amor com esse tipo de mensagem.
Não tenho nada contra, é a “GERAÇÃO SÉCULO 21”, e precisamos respeitar, mas apenas quando alguém nos chama de velho por ouvir “SONETO DE FIDELIDADE”, de Vinícius de Moraes (ver trechos), é que entendo que realmente estou ficando velho, mas não ultrapassado por não ouvir melodias ou aberrações como a vomitadas pela boca ou sei lá por onde mais, que fazem apologias ao adultério, a violência contra a mulher, enfim, agride os ouvidos daqueles que realmente tem o fino trato em escutar e entender que essas aberrações não passam de “coisas efêmeras”.
De tudo,
ao meu amor serei atento
Antes, e
com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo
em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero
vivê-lo em cada vão momento
E em
louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu
riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
(Versos de "Soneto da Fidelidade" de Vinícius de Moraes)
E não adiantar nessa geração e nas futuras, alguém pensar em compor letras que se afinam com romantismo, fidelidade, choque social ou algo impensável para um mundo estranho e de uma juventude estranha, que não vai conseguir os alcances de milhões como acontecem com celebridades como João Gomes, Zé Vaqueiro, Anitta, Pablo Vittar, Gustavo Lima e tantos outros que eu tenho certeza que Luiz Gonzaga, Cartola, Pixinguinha, Noel Rosa, Belchior, Raul Seixas, Adoniram Barbosa, Ary Barroso, Tom Jobim preferiam se recolher as suas insignificâncias.
O mais interessante é que o cantor João Gomes e Zé Vaqueiro são considerados as vozes românticas da atualidade na nossa MPB e peço desculpas, porque talvez seja a minha membrana timpânica que não conseguiu assimilar esse tipo de letra e mensagem confusa que eles dizem cantarolar e, que, além do mais, o meu ouvido interno é sensível à ruídos estranhos e “graves”.
Mas quem
sabe existem muitos “solteiros na night” ouvindo o som do paredão e assistindo
embriagados as suas mulheres gastarem o batom de cereja com outros
homens.
Blog do Paixão