A tragédia que envolveu a RMR neste final de semana já registrou até o presente um número de 91 mortos provocados pelas fortes chuvas que assolam a região. De acordo com a Defesa Civil de Pernambuco, ao menos 26 pessoas estão desaparecidas. O número de desabrigados, que no domingo (29) chegava a mais de 3,5 mil pessoas, não foi informado.
A catástrofe na capital pernambucana foi agravada provavelmente em função da Prefeitura do Recife ter acionado o plano de contingência somente 48 horas após receber o alerta sobre o risco de chuvas intensas emitido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
O Recife tem uma consolidada história de trabalho em defesa civil construída ao longo de distintas gestões.
"Nas duas gestões do prefeito João Paulo, conhecido por ter tido excelentes administrações, ações nas áreas de risco dos morros foram intensificadas e sistematizadas no Programa Guarda-Chuva, sob a concepção e coordenação da Geóloga Margareth Alheiros, uma discípula de Jaime Gusmão, que estruturou a Defesa Civil do Recife, tornando-se referência nacional em prevenção, treinamento e orientação à população de como viver nos morros.
De forma complementar o Programa Parceria no Morro e o Programa Viva o Morro sistematizaram e aperfeiçoaram ainda mais a experiência no tratamento das encostas para diminuição de riscos. Associado ao tratamento das encostas foram implantadas medidas preventivas de manutenção e limpeza de e canaletas nos morros e áreas planas, que somadas às ações preventivas nos morros foi uma política exitosa pq não houve óbitos nesse período. Em oito anos zero mortes por deslizamento de barreiras.
Hoje temos um prefeito engenheiro, que por ser muito jovem não estudou nem com Margareth Alheiros nem com Jaime Gusmão, mas deveria ter estudado sobre esses trabalhos de mestres que vieram antes dele e mostraram ao país como lidar com morros e alagados para minimizar os danos e riscos à população que mora nesses ambientes.
O que aconteceu? Jogamos fora o legado de Jaime e Margareth, entre outros? Nunca ocorreu tantas mortes nem tantos danos em RECIFE nas últimas décadas.
Não podemos mais culpar a natureza pelo nosso despreparo para lidar com eventos sazonais e previstos. Eles tendem a se acentuar. É o que as mudanças climáticas preveem e já está acontecendo.
Veneza e Amsterdam têm muitas semelhanças com o Recife. Mas ambas se preparam previamente para lidar com suas vulnerabilidades e suscetibilidades. Veneza tem um plano de Resiliência referência na ONU para lidar com essas situações. Suponho que o Recife atual não têm nem plano de resiliência nem plano de contingencia, é o que ficou claro. Tudo bem que aqui é a terra do mangue mas ninguém é caranguejo não... pra andar p/ trás."
Sendo assim, que fique claro, a intenção desta publicação é servir de alerta para o início de um período chuvoso que pelo visto será acima da média. Ainda há tempo para se evitar episódios semelhantes. Aqui, neste momento de dor não cabe críticas político-partidárias, nem também o texto objetiva atingir fulano ou beltrano em suas administrações. A intenção é despertar possibilidades viáveis de enfrentamento e prevenção para se evitar mal maior diante do que vem pela frente. Soluções existem, basta pô-las em prática.
*MAIS CHUVAS A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) renovou, para esta terça-feira (31) o alerta de chuvas no Estado. Segundo a Apac, há possibilidade de chuvas sobretudo entre a noite desta segunda-feira (30) e a madrugada desta terça-feira.
Texto desenvolvido a partir de artigo da Edinéa Alcântara
Blog do Paixão