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Apenas uma das cinco barragens prometidas em 2010 para evitar enchentes na Mata Sul de PE foi concluída

Após chuvas deixarem 7 mil pessoas fora de casa, entre sábado (2) e esta segunda (4), governo prometeu retomar duas das quatro obras paradas na região.

Por Paulo Veras, g1 PE


Serro Azul, em Palmares, foi inaugurada em 2017 com atraso — Foto: Antônio Henrique/TV Globo

Das cinco barragens prometidas pelo governo de Pernambuco, em 2010, para conter enchentes no interior, apenas uma foi concluída: a de Serro Azul, em Palmares. Entre sábado (2) e esta segunda (4) , as chuvas deixaram ao menos 7 mil pessoas fora de casa, na Zona da Mata Sul e no Agreste.

As obras das outras quatro barragens estão paradas. O estado tem planos de retomar duas delas: a de Panelas II, em Cupira, e a de Gatos, em Lagoa dos Gatos. Metade da primeira está concluída. A segunda, tem aproximadamente 20% de execução.

Para as obras das barragens de Igarapeba, em São Benedito do Sul, e de Barra de Guabiraba, na cidade de mesmo nome, não há previsão de quando os projetos, anunciados há 12 anos, vão sair do papel.

Os cinco projetos de contenção da bacia do Rio Una foram prometidos após uma forte enchente, em 2010, que deixou 20 mortos e pelo menos 82 mil pessoas fora de casa na Mata Sul pernambucana.

No centro de Palmares, casas e prédios públicos foram destruídos. A previsão, na época, era que todas elas fossem concluídas em quatro anos.


Serro Azul, a maior delas, só ficou pronta em 2017. Ela tem capacidade de armazenar 303 milhões de metros cúbicos de água. Custou R$ 500 milhões, dos quais R$ 300 milhões foram financiados pelo estado.

Em nota, a Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hídricos (Seinfra) disse que “devido à intensa crise financeira que tem afetado o país nos últimos anos, sobretudo a partir de 2015”, o estado optou por priorizar a construção de Serro Azul.

Segundo o governo, ela beneficia as cidades de Palmares, Água Preta e Barreiros e foi fundamental para “minimizar os impactos das enchentes” ocorridas em 2017, 2020 e agora em 2022.

Medo e estragos


Aposentada Maria de Lurdes, moradora de Palmares na Mata Sul de Pernambuco — Foto: Reprodução / TV Globo

A aposentada Maria de Lurdes, que mora em Palmares, disse à TV Globo que já fica alerta quando chove, por causa do perigo que o rio apresenta para quem mora nas proximidades.

"Esse final de semana foi um pouco difícil. Esse rio aqui bota a gente para correr. Eu perco tudo, mas, graças a Deus, a minha família eu carrego. Quando chove, eu já fico em pé, de olho no rio", disse a aposentada.

No bairro de São Sebastião, também em Palmares, a sede da associação de moradores do bairro teve os mantimentos e doações estragados.

"Perdemos tudo aqui da associação que a gente estava montando. O prejuízo foi quase total. A gente estava em uma batalha tão grande, daí vai e acontece uma coisa dessas", disse Ronaldo Freitas, vice-presidente da associação de moradores do bairro de São Sebastião.


Ronaldo Freitas, vice presidente da associação de moradores do bairro de São Sebastião em Palmares — Foto: Reprodução / TV Globo

Retomadas

A promessa do governo é que até o final do ano sejam retomadas as obras nas barragens de Panelas II e de Gatos. Os editais para contratação das companhias que farão as obras foram publicados nos meses de abril e maio. Os dois ainda seguem em estágio de contratação.

A conclusão de Panelas II deve custar R$ 44,2 milhões. Ela será capaz de acumular 16,89 milhões de metros cúbicos de água e, segundo o estado, ficará pronta em 15 meses depois que as obras forem retomadas.

A barragem de Gatos vai custar R$ 37 milhões. Ela vai conter até 5,93 milhões de metros cúbicos de água e levará 12 meses para ser concluída após a retomada.

Juntos, os dois projetos devem proteger uma população de 200 mil pessoas em sete cidades: Cupira, Lagoa dos Gatos, Belém de Maria, Catende, Palmares, Água Preta e Barreiros.


Sem previsão

O reservatório de Igarapega conta, atualmente, com 38% de execução, estima o governo estadual. A barragem de Barra de Guabiraba está 25% pronta. Não há, porém, previsão de quando essas obras serão retomadas.

“No momento, o estado trabalha para captar os recursos necessários para a conclusão destas barragens”, afirmou a Seinfra.

Em Palmares quase 50 famílias tiveram que sair de casa após enchentes

Outras enchentes

Desde que o conjunto de barragens da Mata Sul foi prometido, em 2010, outras enchentes e alagamentos atingiram a região.

Em 2017, 27 municípios declararam estado de emergência e quase 47 mil pessoas tiveram que deixar suas casas após fortes chuvas provocarem enchentes e deslizamentos. Seis pessoas morreram em decorrência dos temporais naquele ano, sendo duas delas soterradas.

Um ano depois, 42 deslizamentos de barreiras, além de inundações, também atingiram a região, deixando 224 famílias desalojadas e outras cinco desabrigadas. Barreiros foi a cidade mais atingida.

O cenário voltou a se repetir em 2019, quando as águas dos rios Una e Carimã subiram atingindo 518 casas em Barreiros; não houve mortes. Em 2020, a chuva causou alagamentos e transtornos em Ribeirão.


Construída para ser apenas uma barragem de contenção de água, a barragem de Serro Azul passou a ser vista pelo governo do estado como uma opção para abastecimento de água na região.

A adutora que levaria as águas de lá para o Agreste foi prevista ainda no primeiro mandato do governador Paulo Câmara (PSB), entre 2015 e 2018, mas também está parado.

A adutora está orçada em R$ 200 milhões. Segundo o governo, " as construtoras contratadas abandonaram os serviços, alegando desequilíbrio financeiro do contrato por conta de aumentos excessivos nos insumos básicos".

A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) prometeu, no final de junho, aplicar as penalidades administrativas previstas e disse que lançaria uma nova licitação para a conclusão desses serviços.

Operação Torrentes


Operação Torrentes começou em 2017, em Pernambuco — Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press

A reconstrução das áreas atingidas pelas enchentes de 2010 foram marcadas ainda pela Operação Torrentes, da Polícia Federal, que apurou desvios de recursos públicos, fraudes em licitações, sobrepreço, celebração de aditivos irregulares, pagamento por mercadorias não recebidas e serviços não prestados.

Desde 2017, quando a Torrentes veio à tona, já foram 13 etapas de denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal (MPF) contra 46 acusados.

Reservatórios na RMR

Na Região Metropolitana do Recife, as oito principais barragens que fazem o abastecimento dos moradores estão vertendo. Isso significa que todas elas estão com 100% da sua capacidade.

Estão nessa situação os reservatórios de Botafogo (Igarassu), Pirapama (Cabo de Santo Agostinho), Tapacurá (São Lourenço da Mata), Duas Unas (Jaboatão dos Guararapes), Várzea do Una (São Lourenço da Mata), Sicupema (Cabo de Santo Agostinho), Utinga (Ipojuca) e Bita (Ipojuca).

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