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ernambuco é, neste momento, o maior laboratório de experiências sociais e o maior produtor de ideias do Brasil. É o Estado mais democrático da Federação. Lá a gente repara, mesmo que a democracia não tem nada de habitual no Brasil. Dois fatores principais terão combinado para favorecer o aparecimento desse clima pernambucano de liberdade: um movimento de agitação das massas que preencheu, em poucos anos, o papel da educação que essas massas nunca tinha tido, e a eleição, para o Governo do Estado, de um homem do povo, Miguel Arraes é o primeiro homem do povo a dirigir uma das unidades de maior atraso mental e mais arraigadas pretensões aristocráticas do Brasil. Quando falo em atraso mental, diga-se entre parênteses, não estou esquecendo a contribuição pernambucana às letras e graças do país. Estou pensando na inadequação entre a cultura e o que acontece no Estado, na distância entre essas graças e os horrores da realidade social.
Pernambuco é um Estado alongado horizontalmente no mapa, que mede 800 quilômetros de extensão do Recife à distante Araripina. Divide-se nos três pedaços da Zona da Mata, ou faixa úmida litorânea, do Agreste e do Sertão.
Tudo isso e mais, está escrito no Livro “Tempo de Arraes – a revolução sem violência” – de Antonio Callado, e pode servir-nos como pensamento contemporâneo do momento político e principalmente, no que ele descreveu como “Pretensões Aristocráticas” que o próprio Miguel Arraes combatia e que se transformou em principal arma de poder dos seus sucessores políticos, e, diga-se de passagem, da sua linhagem consanguínea política, começando por Eduardo Campos (morto em um acidente aéreo em 2014) e dando sequência o filho João Campos, que juntamente com a matriarca Renata Campos, viúva de Eduardo, transformou o Estado Mais Democrático da Federação, que Callado afirmara em 1964 – em uma verdadeira ARISTOCRACIA DOS CAMPOS.
O Estado de Pernambuco não é mais aquela democracia conquistada por Miguel Arraes, lembrada no livro de Callado, mas sim, uma Capitania Hereditária, governada, comandada, aprisionada e dominada pela família Arraes/Campos, todos organizados como uma quadrilha em pontos estratégicos dos poderes governamentais, dificultando qualquer alternância de poder como acontece na Bahia, no Ceará, no Pará, em Alagoas, como uma máfia controlando a tudo e todos.
Miguel Arraes e Eduardo Campos eram políticos agregadores, mas centralizadores, controladores e a mesma raiz política que podemos dizer sem rodeios que comanda o Estado e segue ditando suas regras na sucessão dos seus destinos, a exemplo de Marília “Arraes” e João “Campos”, netos de Miguel Arraes, formam a “Aristocracia Política” que o livro de Callado trazia como arma que tanto o líder político da família combateu.
Marília Arraes lidera as pesquisas para o Governo do Estado. João Campos é prefeito do Recife porque não tem idade para disputar a majoritária estadual, mas juntamente com sua mãe Renato Campos, comanda a Frente Popular de Pernambuco (também herança de Miguel Arraes) que tenta empurrar mais um político sem muita expressão para administrar um Estado que já foi considerado o mais democrático do Brasil.
Quando é que vamos realmente nos livrar das amarras dos “Campos/Arraes” e realmente deixar de seguir os ditames de Arraes, de Eduardo, de João, de Pedro, de Marília, de Renata...?
Blog do Paixão