Namorado de Renata Alves Costa é principal suspeito do crime. Segundo a família, o nome dele é João Raimundo Vieira da Silva de Araújo.
Por Pedro Alves, g1 PE
Renata Alves tinha 35 anos — Foto: Reprodução/WhatsApp
"Ela sofreu um sequestro emocional antes de ser morta. Então, eu fico me perguntando: o que poderia ter sido feito, sabe? Para evitar. Porque, se uma mulher como ela foi vítima, eu fico me perguntando, pô, imagina as outras mulheres que estão em situações mais vulneráveis do que ela estava".
As declarações são de Alfredo Júnior, sócio da empresa em que trabalhava a gerente-geral Renata Alves Costa, de 35 anos, vítima de feminicídio no apartamento em que morava em Campo Grande, na Zona Norte do Recife.
O principal suspeito do crime é o namorado de Renata, de acordo com a polícia. O feminicídio fica caracterizado quando a mulher é morta por uma questão de gênero.
Segundo a família, o homem procurado pela polícia é João Raimundo Vieira da Silva de Araújo. Ele foi filmado subindo de elevador com ela antes do crime (veja vídeo mais abaixo).
Vídeo AQUI! mostra vítima de feminicídio e namorado em elevador, antes do crime, no Recife
O homem cumpria prisão domiciliar por ter sido preso em 2019, após se entregar à polícia, 13 dias depois de agredir a ex-esposa e balear dois funcionários de um hotel em Boa Viagem.
Renata foi sepultada na tarde desta terça-feira (9), no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife.
Participaram da cerimônia dezenas de amigos, parentes e colegas de trabalho. Esses últimos conheciam Renata na empresa como "pitbull operacional", por ser altamente eficiente.
Segundo Alfredo Júnior, Renata passou a se afastar dos colegas e sair menos, depois que começou a namorar com João Raimundo. Entretanto, no trabalho, seguiu sendo "um trator".
"Nunca deixou de entregar o que precisava ser entregue, o alto-astral de sempre. Então, não dava para notar uma diferença nesses termos. Só, de fato, ela não estava mais nas confraternizações, nos 'happy hours' e por aí vai", declarou.
Alfredo contou, também, que ninguém do ambiente de trabalho chegou a conhecer o namorado, que é suspeito de ter matado Renata.
Antes de se relacionar com ele, ela foi casada por dez anos. Muitos dos amigos da vítima também não conheciam o homem, e poucos familiares já o tinham visto.
"Eu falava, 'mas pô, que história é essa? Tu nunca assumiste esse relacionamento' [...] 'Você não quer assumir, porque você ainda está à procura de alguma' coisa. Ela dizia 'não, eu só estou com ele'. Falei 'então por que você não assume, está faltando o quê?'. E ela 'não, só não estou a fim, não está no momento, não é a hora'. Enfim, a gente conversava, né? Então, tem certos limites do que se pode fazer num momento como esse, para mim, para não ser invasivo demais", afirmou.
Renata Alves Costa e João Raimundo Vieira da Silva de Araújo, em elevador, antes de feminicídio — Foto: Reprodução/WhatsApp
Alfredo Júnior também contou que Renata era uma mulher bastante independente e inteligente, e, por isso, ter sido vítima de feminicídio foi ainda mais chocante para as pessoas que conviviam com ela.
"Ela era uma mulher safa, uma mulher sabida, esperta, inteligente, independente. E, se ela caiu numa armadilha dessa, né? Se ela foi vítima de um negócio como esse, é porque eu acho que a gente está subestimando o tamanho do perigo que é isso, sabe? O tamanho da monstruosidade que esses psicopatas são capazes de fazer", disse.
Amiga
A nutricionista Marcela Medeiros conhecia Renata desde a adolescência e nunca imaginou ter que enterrar a amiga em circunstâncias tão cruéis. Contou, também, que ela era uma mulher doce e muito solidária.
"Eu não sei o que acontecia. Uma surpresa. Então, assim, conversem, falem, peçam ajuda, não sintam vergonha do que vocês estão vivendo, porque eu preferia muito mais estar consolando do que estar lhe enterrando. Isso é um fato. Então, conversem uns com os outros, por favor", declarou.
Marcela também fez um apelo para que outras mulheres em relacionamentos abusivos conversem com outras e peçam ajuda.
"Falem umas com as outras, porque a gente esconde e eles acabam nos matando. A gente tenta encobrir, a gente tenta proteger quem na verdade quer nos matar. Peçam ajuda, falem com as suas amigas, com a sua mãe, com a sua terapia, não sei, mas salvem suas vidas, porque eles não querem salvar nossas vidas, eles estão nos matando e isso precisa parar", disse.
O crime
Tio de Renata Alves afirma que namorado já foi preso por outros crimes (VEJA VÍDEO AQUI!)
O corpo de Renata foi achado com um tiro na testa, no domingo (7). Segundo os amigos da vítima, ela mantinha um relacionamento recente com o suspeito.
À família, ela dizia que ele era "apenas um ficante", mas, segundo o tio dela, o homem estaria morando no apartamento dela.
O síndico do prédio contou que subiu até o 16º andar, onde Renata morava. O cachorro latia muito e, ao ligar para o telefone da vítima, escutaram o toque do outro lado da porta.
O síndico também contou que o suspeito saiu calmo do prédio, segundo as imagens das câmeras de segurança (VEJA VÍDEO AQUI!).
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