Competição se conecta com todas as cidades por onde passa, nas 5 regiões do Brasil. Os organizadores levam também saúde e educação aos moradores do percurso e competição ainda promove o turismo.
Por Globo Repórter
Produtor Jorge Ghiaroni com o diretor técnico do Rally dos Sertões Edgar Fabre durante conferência do percurso — Foto: Globo Repórter
O Globo Repórter desta semana atravessou o Brasil, esquentando os motores para a largada do Rally dos Sertões, que começa neste sábado (27). A competição comemora 30 anos. Além da velocidade, das estradas de terra e da emoção da corrida, o rally se conecta com todas as cidades por onde passa.
Duzentos carros, motos e outros veículos largam em Foz do Iguaçu. Do Paraná, seguem para São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Piauí, Maranhão e, finalmente, Pará, com a chegada em Salinópolis. Quando os pilotos chegarem a uma praia paradisíaca no litoral amazônico, os aventureiros terão percorrido 7.216 quilômetros.
Um mês antes, a organização do evento passou pelas estradas para verificar as condições do trajeto, que só pode ser de terra, e se algo precisava ser modificado. Os trechos foram cronometrados para estimar quando os competidores passariam em cada cidade.
O Globo Repórter pegou carona com quem organiza a competição. No volante, foi o diretor técnico da prova, Du Sachs. Ele cria cada curva e é autor do mapa que leva à linha de chegada. Sachs já perdeu as contas de quantas provas de moto participou. No Rally dos Sertões, ele estreou como navegador, braço-direito do piloto, há mais de 25 anos.
Ao longo do percurso do Rally dos Sertões, a paisagem vai mudando. Os pilotos passam por áreas devastadas, de extração de madeira, mas também por áreas de muita lavoura, além de vilarejos que foram se desenvolvendo, como a cidade de Mateiros, no Tocantins. Desde a primeira vez que o rally passou na região, no final dos anos 1990, muita coisa mudou na vida dos 2.600 moradores.
O Jalapão é cheio de estradas de terra. E o primeiro a percorrer um desses caminhos, quando ainda não havia estradas foi seu Emivaldo, comerciante e professor aposentado. Junto com a esposa, Elzita, ele levou educação aos lugares mais remotos do Jalapão. O Globo Repórter o acompanhou até a escola que ele ajudou a construir. A biblioteca foi criada com livros doados. Muitos pelo pessoal do rally. A competição incentiva a educação por onde passa, com concursos de redação e artes, além de competições com carros de robótica.
Há dez anos, o Rally dos Sertões ganhou a companhia e a colaboração de duas mulheres: Adriana e Sabine. Casadas, elas criaram juntas uma forma de atender gratuitamente populações pobres pelo Brasil, cerviço médico de qualidade e muita alegria. A instituição S.A.S, sigla de “Saúde e Alegria nos Sertões”, absorve pacientes que estão na fila do SUS. Consultórios de ginecologia, oftalmologia, nutrição e pediatria seguem em carretas. Mais de 290 mil pessoas já foram beneficiadas.
Em Campo Grande (MS), voluntários de rally atendem população indígena carente. Senhora fez aos 74 anos a primeira consulta com um ginecologista de equipe de saúde que acompanha a competição.
Estradas de terra fértil são rota do Rally dos Sertões, como as de Costa Rica, cidade que é a capital do algodão no Mato Grosso do Sul e abriga refúgios naturais. A região é procurada por quem gosta de esportes de aventura. A cachoeira Salto Majestoso tem 64 metros de altura e fica a menos de 3 quilômetros da cidade. Passagem do Rally dos Sertões atrai turistas para a região.
A equipe que conferiu o trajeto do Rally dos Sertões fez o tempo previsto até Salinópolis (PA), também chamado de Salinas, que faz parte da Amazônia Atlântica. Após 15 dias de estrada na competição, a recompensa é o ponto de chegada. A Praia de Atalaia é perfeita para os aventureiros. Nela, os carros são permitidos e bem-vindos. Em Salinópolis, o rally tem dois circuitos: o das pistas e o gastronômico. O município não tem indústrias e a principal fonte de renda é o turismo - tem dunas, carimbó e revoada dos guarás sobre os manguezais. Na Praia do Pilão, a força das marés produz esculturas na rocha.
Blog do Paixão