RICARDO KERZMAN
Quem me acompanha há mais tempo, sabe que sinto verdadeiro asco (político e pessoal) pelo ex-tudo (ex-presidente, ex-condenado, ex-presidiário, ex-corrupto e ex-lavador de dinheiro) Lula da Silva, desde que o vi pela primeira vez, lá pelos idos dos anos 1980
Aliás, desde 2002 faço dura oposição pública ao chamado lulopetismo. Não há nada nessa gente que me mereça elogio ou o mínimo respeito. Não à toa me sujeitei, inclusive, a votar nessa coisa, que aí está, para presidente da República. Lula e o PT me tornaram pior.
Esperar boas atitudes e coerência de alguém como o líder do petrolão (segundo o MPF) é acreditar em duendes, eu sei. Mas, a despeito do mensalão, uma flagrante tentativa de golpe de Estado via compra do Congresso, o chefão petista sempre pareceu democrata.
Particularmente, reputo Lula e o PT como autocrata e autoritário. Não tenho sombra de dúvidas de que no fundo, no fundo – ou nem tão no fundo assim! – adorariam transformar o Brasil em uma ditadura cubana, venezuelana ou qualquer dessas porcarias que apoiam.
Porém é inegável que, ao menos sob o ponto de vista histórico e eleitoral, bem ou mal, ou melhor, para o bem ou o mal, aceitam jogar o jogo democrático, ao contrário do que fazem Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, e seu séquito de golpistas fascistóides.
ALIANÇA ELEITOREIRA
Sob o aspecto moral e de idoneidade, não cobraria coerência do lulopetismo nunca. Não sou dos que acreditam na alma mais honesta do País nem jamais comprei a ideia de (nem sequer) presunção de inocência de quem definitivamente não é ou jamais foi.
Contudo, cobro coerência na seara da democracia e explico o porquê: para quem não sabe, Lula acertou uma aliança eleitoral, digo eleitoreira, com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, que precisa desesperadamente ser conhecido no interior de Minas.
Kalil é candidato ao governo do estado e perde feio para o atual – e muito bom! – governador Romeu Zema, do Novo, em intenções de voto fora da capital. Já o meliante de São Bernardo é muito popular nos mais de 800 municípios mineiros. Daí o beija-mão eleitoral.
O ex-prefeito de BH, sem Lula como sua babá política, não tem nem terá a menor chance contra Zema, que fez um trabalho espetacular de recuperação fiscal após a destruição deixada pelo petista Fernando Pimentel, que quebrou Minas Gerais de forma brutal.
Kalil e Lula não possuem a mínima afinidade política. Não têm qualquer semelhança em suas trajetórias de vida. Lula, verdadeiramente ou não, sempre esteve ao lado dos trabalhadores. Kalil é filho de empresário e sempre atuou como tal.
DEVEDOR CONTUMAZ E CONDENADO
O ex-prefeito de BH coleciona processos judiciais (cíveis, trabalhistas e criminais) às pencas, como pessoa física ou jurídica. Uma rápida pesquisa na internet mostra bem o tipo de caráter e conduta deste senhor, que de ‘em dificuldade’ não tem nada.
Kalil não pagou dezenas de ex-funcionários. Kalil não pagou fornecedores. Kalil foi condenado criminalmente (prisão!!) por roubar o INSS dos trabalhadores. Enquanto isso, mora em apartamento de luxo e passeia pela cidade em carrões e motos importados.
O sujeito é tão cara de pau que foi prefeito de Belo Horizonte devendo IPTU à cidade. Como chefe do executivo municipal, o valente deveria cobrar o imposto que ele mesmo devia, mas nunca cobrou. E o mesmo ocorreu com dívidas da sua empresa, que BH arcou.
A vereadora de Belo Horizonte, Fernanda Altoé (Novo), vem realizando um trabalho brilhante de fiscalização da Prefeitura, e descobriu que o município deixou de cobrar dívidas que possui junto ao ex-prefeito, denunciando o fato na Câmara dos Vereadores.
Fernanda, inclusive, apontou que o caloteiro possui conta no exterior, cujo valor encontra-se longe do alcance de penhoras judiciais, sobrando para os prejudicados a dura realidade de assistir quem lhes deve, viver como um rei, enquanto não têm dinheiro para comer.
ASSÉDIO JUDICIAL x LULA
Bem, a ficha corrida de Alexandre Kalil, como eu disse, está à disposição de qualquer um nas páginas do Google. Gostaria, portanto, agora, de voltar à questão suscitada no título desta coluna, que envolve diretamente o ex-presidente Lula da Silva.
Covarde, Kalil tem usado o judiciário brasileiro, de quem é frequentador corrente, para assediar e oprimir jornalistas que cobrem seus malfeitos. Outro dia, aliás, ao vivo e em cores, durante uma entrevista para uma rádio, ameaçou atirar o repórter pela janela.
Agora, o caloteiro (alô, prefeito: estou te chamando de caloteiro!!) está processando um jovem e promissor jornalista da Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, a maior de Minas e uma das maiores do Brasil, que simplesmente publicou um de seus enroscos.
Tanto a Rádio quanto o rapaz mantêm-se discretos e estritamente profissionais em relação ao assunto – e fazem muito bem. Já eu, que não suporto nem aceito calado este tipo de picareta e picaretagem, uso este privilegiado espaço e grito: e aí, Sr. Lula da Silva?
Cadê o grande democrata agora? O senhor concorda com assédio judicial? O senhor, que se diz vítima da Justiça, irá cerrar fileiras ao lado de quem usa o judiciário para oprimir jovens jornalistas? É isso que o senhor entende como democracia, Sr. Lula?
FINALIZANDO
A ação de Kalil, o devedor, contra um trabalhador – daqueles que costuma lesar – não tem a menor chance de êxito. A reportagem em questão não raspa nem de longe em ‘injúria’, motivo do processo criminal. Aliás, processo criminal é algo familiar ao ex-prefeito.
O máximo, forçando muito a barra, que o ‘parça de Lula’ poderia alegar, seria difamação, mas todos os fatos narrados na (excelente) reportagem estão amparados em documentação, e não é feito, inclusive, o mínimo juízo de valor. Basta ler aqui.
É muito mais do que óbvio o intuito intimidatório. E é covarde, é sórdido, é asqueroso! Kalil, dessa vez, deixou de lado a violência física e verbal e resolveu atacar por outras vias – se defender, que é bom, nada, né, prefeito? E pagar, então, nem pensar, certo?
Lula está ao lado de um frequentador das páginas do judiciário. Até aí, nada demais, já que também é. Mas aceitará se manter ao lado de quem atenta contra a liberdade de imprensa? Ok. Eu sei que sim, já que também é contra ela (liberdade de imprensa).
A pergunta que quero fazer, portanto, é: Lula concorda com a tentativa de impedir o livre exercício da profissão de um trabalhador simples? Porque, até então, nas palavras ao menos, sempre se disse e se mostrou contra esse tipo de coisa. E aí, pai do Ronaldinho dos Negócios, vai continuar sendo babá do Kalil?
Blog do Paixão