Segundo Roberto Lôbo, o homem disse que houve um acidente. Na saída do DHPP, ele afirmou que se defenderia na Justiça.
Por Katherine Coutinho, Pedro Alves e Mhatteus Sampaio, g1 PE e TV Globo
João Raimundo Vieira da Silva de Araújo foi preso suspeito pelo assassinato de Renata Alves — Foto: Mhatteus Sampaio/TV Globo
O namorado da administradora Renata Alves Costa, de 35 anos, suspeito do assassinato dela, confessou o crime durante depoimento e alegou que foi acidental, segundo o delegado Roberto Lôbo. O homem foi trazido para o Recife após ser preso em Natal, no Rio Grande do Norte, na terça (9).
Identificado por parentes da vítima como João Raimundo Vieira da Silva de Araújo, o suspeito prestou depoimento por cerca de três horas, nesta quarta-feira (10), na sede do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da capital.
O delegado Roberto Lôbo conversou com a imprensa, mas disse que não gravaria entrevista. Ele contou que João Raimundo "confessa parcialmente", mas disse que houve um acidente. O delegado não deu detalhes de como teria se dado esse acidente.
Ainda de acordo com o investigador, os advogados entregaram a arma que teria sido utilizada no crime, uma pistola ponto 40. Além dessa, a polícia já havia apreendido outra pistola do mesmo calibre no apartamento de Renata.
Roberto Lôbo disse que o homem confessou ter duas armas ilegais e apresentou, também, através dos advogados, a arma utilizada para matar Renata. As duas eram calibre .40.
Namorado suspeito de matar Renata Alves presta depoimento no Recife. VÍDEO AQUI!
João Raimundo chegou ao DHPP por volta das 4h desta quarta e seguiu para exames no Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro, na região central do Recife, por volta das 8h. Na saída do departamento, ele não respondeu a perguntas e disse para a imprensa que iria se defender na Justiça (veja vídeo acima).
O suspeito foi preso no aeroporto de Natal, em uma operação da polícia pernambucana que contou com apoio da Polícia Federal. Não foi divulgado para qual cidade João Raimundo estava indo, mas fontes policiais relataram que ele tentava embarcar para São Paulo.
Sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) fica no bairro do Cordeiro, no Recife — Foto: Mhatteus Sampaio/TV Globo
O crime aconteceu no sábado (6) dentro de um apartamento em Campo Grande, na Zona Norte do Recife. O corpo dela foi encontrado na tarde de domingo (7), com um tiro na testa. Desde então, a polícia passou informar que o namorado da vítima era o principal suspeito do crime.
O homem já tinha sido preso anteriormente por agredir a ex-esposa e balear dois funcionários de um hotel em Boa Viagem, na Zona Sul, em 2019, segundo parentes de Renata. O namorado da vítima, segundo informações da Justiça pernambucana, cumpria prisão domiciliar.
Vídeo mostra vítima de feminicídio e namorado em elevador, antes do crime, no Recife. VÍDEO AQUI!
João Raimundo, que foi filmado no elevador com a vítima antes do crime, usava tornozeleira eletrônica por causa desse crime, mas rompeu o equipamento no sábado (6), dia em que a polícia acredita ter ocorrido o crime (veja vídeo acima).
A informação sobre a tornozeleira eletrônica foi confirmada pela Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres).
A Polícia Civil foi questionada diversas vezes sobre o nome do namorado suspeito de matar Renata, mas não respondeu.
João Raimundo ficou preso entre dezembro de 2019, quando se entregou à polícia, e 30 de abril de 2020, quando a detenção foi transformada em prisão domiciliar.
O crime contra a ex-esposa, em 2019, aconteceu no Mar Hotel. Segundo a investigação da época, a arma que ele estava era da mãe, que teria somente posse do armamento e não poderia se deslocar com a pistola.
O delegado Roberto Lôbo afirmou que a arma apreendida nesta quarta-feira (10) é diferente da pistola utilizada em 2019
João Raimundo era concursado do Tribunal de Justiça daquele estado. Psicólogo, ele atuava no Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da cidade de Guarabira.
Foi demitido em abril deste ano, mas recebia salário mensalmente até esse mês, segundo informações do Portal da Transparência do Tribunal de Justiça da Paraíba.
Morte
Renata Alves, vítima de feminicídio no Recife, em foto de arquivo de amigos — Foto: Reprodução/TV Globo
A morte de Renata, apesar de ter ocorrido no sábado (6), só foi descoberta no domingo (7), depois de uma ligação anônima à polícia. O síndico do prédio contou que subiu até o 16º andar, onde Renata morava.
O cachorro latia muito e, ao ligar para o telefone da vítima, escutaram o toque do outro lado da porta. O síndico também contou que o suspeito saiu calmo do prédio, segundo as imagens das câmeras de segurança (veja vídeo abaixo).
Parentes, amigos e colegas de trabalho de Ranta Alves Costa contaram que ela era “excelente funcionária e vivias de alto astral”. No entanto, contaram que, depois de começar o relacionamento, com João Raimundo se afastou dos amigos.
Durante o velório, Alfredo Júnior, sócio da empresa em que Renata trabalhava, disse que ela “tinha sofrido um sequestro emocional antes de ser morta”.
Alfredo declarou, ainda, que todos receberam a notícia do feminicídio dela com muita surpresa e que Renata era uma mulher bastante "safa, sabida, esperta, inteligente, independente" e, por isso, ter sido vítima de feminicídio foi ainda mais chocante para as pessoas que conviviam com ela.
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