Arrependido
de ter apoiado o Golpe de 64, Guimarães foi um árduo opositor da Ditadura e
lutou pela redemocratização do país, sendo um dos principais pilares do Diretas
Já e do Impeachment de Collor
FABIO PREVIDELLI PUBLICADO EM 15/12/2020, ÀS 16H16
Ulysses Guimarães em plenário da Câmara - Wikimedia Commons
O |
dia 12 de outubro de 1992 marcou a política brasileira com um de seus
episódios mais trágicos e enigmáticos: o desaparecimento do deputado federal Ulysses
Silveira Guimarães, um político muito importante na história recente do
Brasil.
Na ocasião, ele viajava de
helicóptero de Angra dos Reis (RJ) para a capital paulista. Entretanto, a
aeronave acabou mergulhando no mar fluminense, em uma região próxima à Praia do
Sono. O acidente aconteceu minutos depois da decolagem.
Além de Ulysses,
outras quatro pessoas estavam no voo: sua esposa Mora; o
ex-senador Severo Gomes, que também estava acompanhado de sua
esposa, Maria Henriqueta; e o piloto Jorge Comemorato.
Ulysses Guimarães / Crédito: Wikimedia Commons
No dia seguinte, as buscas na
região foram capazes de identificar o corpo de quatro vítimas, no entanto, o
local de descanso do parlamentar jamais foi encontrado. O mistério sobre o
destino de seu corpo permanece uma incógnita até hoje, 28 anos após o
acidente.
Quem era Ulysses
Guimarães?
Filho de Ataliba
Silveira Guimarães e dona Amélia Correia Fontes, Ulysses
Silveira Guimarães nasceu na vila de Itaqueri da Serra, que
na época fazia parte do município de Rio Claro, no interior de São
Paulo.
Seu gosto pela política se
desenvolveu desde garoto, se tornando evidente quando ele participou do Centro
Acadêmico XI de Agosto - órgão representativo dos estudantes da Faculdade
de Direito da Universidade de São Paulo -, e exerceu a vice-presidência da
União Nacional dos Estudantes (UNE).
Ulysses segurando uma cópia da Constituição de 1988 / Crédito: Wikimedia Commons
Anos depois, se tornou
professor titular de Direito Internacional Público na Faculdade de Direito da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, o homem também lecionou na Faculdade de
Direito de Itu e na Instituição Toledo de Ensino em Bauru, onde também foi
diretor.
O início da vida
política
Torcedor fanático do Santos, Guimarães foi
nomeado diretor-presidente da subsede do clube, em São Paulo, em 1942 – cargo
que voltou a ocupar em 1945. Dois anos depois, foi eleito deputado
estadual por São Paulo pelo extinto Partido Social Democrático (PSD).
Desde então, nunca mais largou
a política. Além disso, foi ministro da Indústria e Comércio no gabinete
de Tancredo Neves, presidente interino em 1985 e candidato a
presidente em 1989.
Em 1964, apoiou o golpe contra João Goulart,
participando, inclusive, da Marcha da Família com Deus pela Liberdade em São
Paulo. Porém, logo se arrependeu e passou a fazer parte da oposição da
Ditadura, sendo o fundador do único partido contrário ao regime: o Movimento
Democrático Brasileiro (MDB), que mais tarde viria a ser o PMDB.
Cartaz da campanha presidencial de 1989 tendo Waldir Pires como vice / Crédito: Wikimedia Commons
À frente do partido,
participou de todas as campanhas pelo retorno da democracia, inclusive a luta
pela anistia nos anos 1980. Ao lado de nomes como Tancredo Neves, Orestes
Quércia, Mario Covas, Fernando Henrique Cardoso, Luis Inácio
Lula da Silva e Franco Montoro, Ulysses Guimarães liderou
campanhas pela redemocratização, como a das eleições diretas, o popular Diretas
Já. Com isso, acabou ficando conhecido como Senhor Diretas e Senhor
Democracia.
A busca pelo corpo
e suas teorias conspiratórias
Anos após a morte do político,
em 2001, um médico legista de Santa Catarina chegou a divulgar que pescadores
de Barra Sul, no litoral catarinense, teriam encontrado o homem em alto-mar,
porém, isso jamais foi confirmado.
Devido a seu protagonismo
político, muitos especulam que a morte de Guimarães possa ter
sido semelhante do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Segundo essa
teoria, os dois só teriam sofrido seus respectivos acidentes: seus veículos
foram sabotados.
A motivação para a morte de Ulysses é
a de que ele foi um dos principais artífices pelo impeachment contra Fernando
Collor de Mello, que foi destituído do cargo dois meses depois da morte do
parlamentar. Entretanto, as suspeitas nunca ganharam nenhuma prova
concreta.
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