'Que a
partida da Selena seja o início de uma nova revolução', diz, em carta, mãe de
menina que morreu em ataque a escolas em Aracruz
Mãe da estudante diz que filha "estava
se tornando uma mulher poderosa, alma livre, feminina".
Por g1 ES
Na foto, Selena Sagrillo aparece ao centro, entre pai e mãe — Foto: Thais Fanttini Sagrillo Zuccolotto/Arquivo pessoal
A |
mãe da menina Selena Sagrillo, morta no ataque
a escolas em Aracruz, no Espírito Santo, divulgou, na noite deste
sábado (26), uma carta em que compartilha o sofrimento pela perda da menina e
pede amor, piedade e segurança para crianças (leia na íntegra no final da reportagem).
"Clamo por piedade e por segurança para nossas crianças serem as milhões de pequenas revoluções que elas poderiam ser. Segurança nas escolas, ruas, casas."Thais Fanttini Sagrillo Zuccolotto, mãe de Selena, diz ter escrito a carta no computador que a filha usava no próprio quarto, em meio aos objetos pessoais da menina, onde a mãe relata ter encontrado um diário em que a menina escrevia sobre a vida.
"Sentada em meio ao pequeno caos criativo que era seu quarto, encontrei um texto que [...] dizia: 'Vai ter um dia em que o mundo inteiro vai estar do seu lado, e esse dia é hoje. Eu esperei minha vida inteira. E tudo está bem.' [...] Realmente o dia estava próximo para minha filha".
"Jamais verei do que ela seria capaz. Ela estava se tornando uma mulher poderosa, alma livre, feminina. A promessa de uma vida inteira foi desfeita. Todo um futuro interrompido. A custo do ódio, do desamor, do terror", diz a carta.
"Que a partida da Selena seja o início de uma nova revolução, assim como ela gostava, mas uma revolução baseada no amor e segurança para nossas crianças de todas as etnias, regionalidade, classe social e crença."
Outras
vítimas
Selena Sagrillo, Maria da Penha Banhos, Cybelle Bezerra e Flavia Amoss, vítimas do ataque a escolas em Aracruz — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Morreram nos
ataques a estudante Selena Sagrillo,
de 12 anos, e as professoras Maria da Penha Pereira de Melo
Banhos de 48 anos, conhecida como Peinha, Cybelle Passos
Bezerra, de 45 anos e Flavia Amoss Merçon Leonardo,
de 38 anos.
Os corpos de Selena e Maria da Penha foram enterrados no início da tarde de sábado. Já a família de Cybelle preferiu que o corpo dela fosse cremado e levado para Pernambuco, onde a família mora. A família de Flávia não divulgou informações sobre velório e sepultamento do corpo da professora.
O ataque
O ataque a duas escolas deixou quatro
mortos e outros 12 feridos em Aracruz, nesta sexta-feira (25). A investigação apontou que o
ataque foi planejado por dois anos e que o criminoso usou duas armas do pai, um policial
militar. O assassino tem 16 anos e
estudou até junho no colégio estadual atacado, segundo o governador do estado, Renato Casagrande (PSB).
Os
disparos aconteceram por volta das 9h30 na Escola Estadual Primo Bitti e em uma
escola particular que fica na mesma via, em Praia de Coqueiral, a 22 km do
centro do município. Aracruz, onde o ataque aconteceu, fica a 85 km ao norte da
capital.
Segundo
a Secretaria de Segurança Pública, o assassino invadiu a escola estadual com
uma pistola e fez vários disparos assim que entrou no estabelecimento de
ensino. Depois, foi até a sala dos professores e fez novos disparos. Na
unidade, duas professoras foram mortas.
Na
sequência, o atirador deixou o local em um carro e seguiu para a escola
particular Centro Educacional Praia de Coqueiral, que fica na região. Na
unidade, uma aluna foi morta. Após
o segundo ataque, o assassino fugiu em um carro. Ele foi apreendido ainda na
tarde de sexta.
Neste sábado, a Polícia Civil informou que o criminoso vai responder por ato infracional análogo a três homicídios e a 10 tentativas de homicídio qualificadas. Uma vítima, que estava internada desde o dia do ataque, morreu no sábado.
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